Caio Castelo lança novo disco em show gratuito no CCBNB

Caio Castelo faz show gratuito neste sábado, 30, para marcar lançamento do novo disco, "Passo", e celebrar 10 anos do álbum de estreia

10:00 | Set. 30, 2023

Por: João Gabriel Tréz
'Passo', novo disco do cantor e compositor Caio Castelo, ganha show de lançamento (foto: Allan Diniz / Divulgação)

"Trazer tempos diferentes para conviverem num único lugar por algum momento". É assim que o cantor e compositor cearense Caio Castelo define a intenção do novo show da carreira, que une a celebração de 10 anos do disco de estreia, "Silêncio em Movimento", com o mais novo trabalho, "Passo", lançado no último dia 22. A apresentação gratuita acontece neste sábado, 30, às 19 horas, no Centro Cultural Banco do Nordeste.

A reflexão sobre tempo não vem por acaso: é este elemento tão abstrato quanto implacável que inspira "Passo". Antes de se lançar artista solo, há 10 anos, ele tocava na banda Comparsas da Vivenda, na qual era músico e compositor. "Comecei a compor outras coisas que não cabiam na proposta. Queria botar isso para fora e também me arriscar mais como cantor", relembra.

Iniciante, ele gravou "bem homeopaticamente" as canções do disco de estreia, que rendeu uma turnê que viajou pelo Ceará, Nordeste, Brasil e até por Cabo Verde. "Até hoje a galera fala (sobre o álbum), é muito fresco na memória das pessoas. Acho muito curioso, às vezes nem é tão fresco assim na minha (risos), mas para a galera é como se o disco tivesse saído ontem", compartilha.

Após a estreia, Caio lançou "Dois Olhos" em 2016. "Passo", portanto, é o primeiro álbum em sete anos. Não que o cearense tenha passado esse período parado: dos EPs do projeto "Pontes de Vidro", lançados entre 2018 e 2020, às parcerias como produtor, músico e diretor musical de outros artistas, o cearense acumulou diferentes experiências que desembocam no atual trabalho.

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"'Passo' é como se fosse o meu 'segundo primeiro álbum'. Ele vem depois desse período mais longo que passei sem lançar um projeto solo e em que eu também estava participando de várias outras coisas", explica, citando os trabalhos com Silvero Pereira, Mulher Barbada e Thiago Araripe, entre outros.

Apesar de focado nas parcerias, Caio seguiu criando canções próprias até perceber ligações entre elas. "Olhei para as músicas e falei: 'Cara, tem um álbum'. Percebi que ele existia e fui gravar as coisas que faltavam, chamar músicos para lapidar tudo. Juntei o conceito, percebi que estava falando muito sobre tempo. Não foi tanto um processo de criação de um álbum, foi mais de descoberta dele", define.

O nome do trabalho foi escolhido a partir da multiplicidade semântica possível da palavra. "Um passo pode ser curto, pode ser largo, pode ser verbo", afirma o artista na faixa-título. A ideia da transitoriedade é guia das composições, sendo abordada de diferentes formas.

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"É um lance que tento intencionalmente fazer na minha escrita: partir do cotidiano, de pequenos detalhes, do particular, de uma forma que atinja uma universalidade, para que outras pessoas possam conectá-lo com seus universos particulares", explica.

Caio reconhece em "Passo", ainda, o que chama de "ecos" dos trabalhos paralelos à carreira. "Cada experiência vai te construindo e estruturando de alguma forma. Vejo um pedacinho delas tanto na parte de produção musical como na poética e na forma de ver as coisas, de me colocar", afirma

Ouça 'Passo', novo álbum de Caio Castelo

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"Com o tempo, fui entendendo que todas as experiências que tenho com outros artistas vão me formando e me deformando, e isso é o maior barato. Sempre tem uma coisa nova para inspirar, para mover", segue o artista. Um exemplo é a própria presença de palco dele. Sem fazer shows solo desde uma experiência pontual em 2021, Caio se vê como "outro cantor".

"Isso vem da influência dos shows que tenho feito com outros artistas. Para mim, é sempre um desafio estar na frente, manter as pessoas atentas, sendo que ao longo desse tempo tenho encontrado lugares onde consigo me colocar. Esse show é um reflexo dessa segurança maior", atesta.

Tal confiança se expressa, também, na autenticidade e autoralidade que marcam a arte de Caio. "A gente está sujeito a plataformas e algoritmos, que vão mudando num ritmo mais acelerado do que se consegue processar. A resposta mais massa que a gente pode dar a isso é simples: fazer o que você tá buscando, aquela coisa que realmente é autêntica para você", aposta.

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"Nesse contexto, ter uma arte que fale da gente, do nosso particular, e encontre uma universalidade nisso, é essencial. Vejo muito esse potencial da arte em se contrapor a essa e qualquer outra lógica que venha a se tornar dominante. Todo esse contexto é relevante para a gente olhar para ele, entender até onde vai a nossa obediência e a partir de que ponto começam os nossos processos de desobediência, de recusa", reflete.

Show de lançamento do álbum "Passo", de Caio Castelo

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