Toni Garrido apresenta show 'Baile Free' no Cumbuco nesta sexta, 22
Toni Garrido apresenta "Baile Free" em show na praia de Cumbuco nesta sexta-feira, 22; músico e vocalista do Cidade Negra conversou com o Vida&Arte. ConfiraUm dos principais nomes do reggae nacional, Toni Garrido desembarca no Ceará nesta sexta-feira, 22, para show na praia de Cumbuco, em Caucaia. A apresentação do vocalista do Cidade Negra terá início às 23h30min. No espaço Arena, a entrada é válida a partir da doação de 2kg de alimento não-perecível. Já para o frontstage, os ingressos estão à venda no site Efolia e custam a partir de R$ 100.
O show do músico faz parte da programação do K4tO Musik, festival promovido pelo movimento Winds For Future, que traz para a Região Metropolitana de Fortaleza ações esportivas, atividades culturais e gastronômicas, além de debates e rodas de conversa sobre temas relacionados ao meio-ambiente e sustentabilidade.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Seguindo na programação musical, no sábado, 23, o cantor jamaicano Andrew Tosh fará um show a partir das 23h30min. Os ingressos para o show do músico estão à venda no site do Efolia com valor a partir de R$50. Já no domingo, 24, encerrando o evento, a banda cearense Selvagens à Procura de Lei se apresenta gratuitamente às 19 horas.
Apresentando seu mais novo lançamento “Baile Free”, primeiro álbum “pessoal”, como Toni Garrido mesmo descreve, o músico segue na luta antirracista, na liberdade e na democratização da cultura. Em entrevista ao Vida & Arte, Toni Garrido também relembra a trajetória com o Cidade Negra e sua participação como jurado do The Voice Kids e The Voice+, programas musicais da Rede Globo. Confira:
O POVO - Em 2022 você lançou o "Baile Free", seu primeiro disco solo. O álbum tem uma pegada mais black music, soul, que difere do seu trabalho com o Cidade Negra. Como foi trilhar esse novo caminho na música, tanto ao iniciar uma nova fase, como testar novos ritmos?
Toni Garrido - O “Baile Free” vem com um desafio, uma alternativa. Todas as vezes que eu vou fazer alguma coisa pessoal eu não associo a Cidade Negra. Musicalmente falando, o Cidade Negra tem um recorte reggae e eu não faço reggae com mais ninguém, né? Só faço reggae ali, então eu deixo todo o pensamento reggae que eu tenho eu dedico ali, coloco junto com a minha banda. Eles são a minha banda de vida, de história.
No momento em que o Cidade Negra estava de férias – e essas férias foram prolongadas depois, na realidade – eu, na alternativa de levar um som e de continuar trabalhando, eu pensei nas alternativas do que fazer e foi quando eu criei esse projeto que é o “Baile Free”. Que na realidade é um é um grande baile. E o “free” tem o duplo sentido, o primeiro seria a minha execução de cidadania, de cidadão, numa luta que eu acho que tem que ser feita, que é a luta contra os preconceitos. Que, para mim, o preconceito é quando você não tem a sagacidade de entender que a tua liberdade termina onde a liberdade da outra pessoa começa. Então, não é só o preconceito racial, mas quando é contra a roupa que a você veste, contra a pessoa que você ama, com quem você dorme, a religião que você frequenta.. E isso me incomoda muito, é um atraso para o mundo.
E eu queria de alguma forma botar isso e aproveitar cada vez que eu faço um show, quando eu encontro muitas pessoas, e queria aproveitar para colaborar com isso de uma forma musical e artística. Nesse momento vem o “Baile Free”, que é um manifesto contra os os preconceitos, ao mesmo tempo que é um “Baile Free” pois é um bailão no qual eu toco de tudo que eu gosto: black music e um pouco de house e de música eletrônica, nesse contexto da música preta. E o “Baile Free” é isso, é um grito contra o preconceito ao mesmo tempo que é um grito pela liberdade musical e de tocar as coisas que eu gosto.
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O POVO - E como foram sentidas essas mudanças, não só enquanto artista, mas também no pessoal?
Toni Garrido - Está sendo muito legal, porque pela primeira vez, na real, depois de 40 anos de carreira, pela primeira vez eu me lanço no trabalho pessoal. As pessoas chamam de trabalho “solo”, o que eu discordo porque tem tanta gente no palco, tanta gente por trás dele, que não trabalho solo, mas é um trabalho pessoal guiado pelas minhas vontades e pelos meus desejos artísticos musicais. E tá sendo super legal.
Eu tô conhecendo esse novo mundo de ter e ser responsável pela minha guia. Antes eu era responsável pela minha banda, agora eu sou responsável pela minha vida. Então, isso está sendo muito interessante, estou conhecendo um público diferente, um público que também já foi do Cidade Negra – que ainda é do Cidade –, mas também um público diferente desses e eu estou bem feliz.
O POVO - Você chegou a ser jurado do The Voice+ e do The Voice Kids. Acredito que estar na posição de jurado não deve ser fácil em qualquer circunstância, mas se tratando de crianças e de pessoas com mais idade deve ser ainda mais desafiador. Como foi essa experiência? De qual forma essa experiência, de lidar com pessoas que ainda estão na fase de crescimento e com aqueles que já vivenciaram muitos momentos, pode acrescentar no seu lado artístico?
Toni Garrido - Muito boa pergunta, olha, esse projeto eu agradeço muito todas as conspirações que me consideravam a permissão de estar nesse momento e fazer parte desse time. É um programa muito bonito, com a melhor intenção possível. Para você ter uma ideia, o briefing que a gente tinha era: “Olha, vocês não estão aqui para ver os defeitos das pessoas. Estão aqui para sublinhar as qualidades delas e ver o que vocês acham de bom”. É maravilhoso entrar no programa assim. Outra linha que tinha lá era ter o máximo respeito das pessoas que estão aqui, os mais velhos e as crianças. As crianças têm um futuro pela frente e a gente pode interferir nisso. Nem criar traumas neles, nem ser indelicado, a gente tem que oferecer o melhor mundo para elas.
E aos senhores idosos que já viveram tudo, que sabem de tudo… A música existe por causa deles! Eles mantêm a música viva até hoje. E esse era o nosso briefing. No nosso coração, nas nossas opiniões, o programa era sincero e sem armação, sem combinação, nem nada, era a coisa mais linda do mundo. Tenho muita felicidade de ter participado e me faz muito bem ter tido a oportunidade de ter participado dele. Ainda me deu uma camada mais como apresentador e como artista, estando do lado do julgado, do lado do observador, do lado do meu gosto e, ao mesmo tempo, trabalhando o respeito absoluto com as pessoas.
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O POVO - Você passou mais de 20 anos como vocalista do Cidade Negra. Podemos dizer que a banda popularizou o reggae nacionalmente. Por mais que as músicas do Cidade tenham uma pegada mais para o pop, ainda assim é considerado reggae. Como você encara isso? Ter sido, junto com os outros membros do Cidade Negra, um artista que contribuiu, não só na popularização, mas na aceitação do reggae e também no fortalecimento do gênero no Brasil?
Toni Garrido - Passei, na realidade, quase 30 anos, né, que agora está fazendo o Cidade Negra. Por mais que as músicas tenham uma pegada mais para o pop, é isso, somos artistas populares e contemporâneos, acredito que isso seja sinônimo para música pop. Ou seja, que é um conglomerado de artistas populares e contemporâneos. Eu continuo trabalhando para isso, para estar num grupo de artistas contemporâneos e populares e para isso eu trabalho todo dia compondo, pensando em música, viajando, fazendo shows, me comunicando com os fãs, ouvindo novos artistas e os artistas que eu sempre gostei.
Enfim, eu sou mais um. Eu me considero mais um profissional sério que ama música. Eu amo que eu faço. Só 25% ou 30% da população mundial consegue dizer que é feliz na escolha profissional e isso gera angústia, gera depressão, gera um montão de coisa no mundo inteiro. Então, um dos motivos do mundo estar tão angustiado é que as pessoas não são felizes com os seus trabalhos. E eu sou 100% feliz com a minha escolha, isso aí me joga pra frente, é o que me mantém afim, mas eu me considero mais um dentre muitos que trabalha com força, com raça, com verdade. Tanto pra música, respeitando a profissão que que escolhi, quanto para o meu caso que é a busca de uma democratização da minha cultura, da minha raça, de tudo.
O POVO - Quais são os seus planos para o futuro enquanto músico? Está previsto algum novo álbum?
Toni Garrido - Eu tenho mais uns oito, 10 anos aí lutando e lutando… Eu tenho 56 anos de idade e tem 40 anos que comecei a fazer o que eu faço, então já tá na hora de começar a me divertir um pouco mais e usar mais o tempo e o ócio a favor, né?
Mas é previsto sim um novo álbum. Eu tô fazendo agora o “Baile Free” e daqui a pouco eu vou lançar mais seis músicas em um EP. Depois eu lanço mais três. E aí eu acabo o “Baile Free”. Já tô com um projeto para o próximo álbum e no ano que vem vocês vão saber!
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