Invasão Secreta: Série da Marvel encerra de modo irregular

Após um quinto episódio contraditório, "Invasão Secreta" traz último episódio apressado, que tenta resgatar profundidade, mas não consegue

14:43 | Jul. 28, 2023

Com Emilia Clarke ("Game of Thrones"), série "Invasão Secreta" encerra de modo irregular e apressada (foto: Gareth Gatrell/Divulgação)

Após seis episódios, “Invasão Secreta” chega ao fim. Apesar de uma segunda metade de temporada mais fraca, a série deixa bons momentos, mas não consegue marcar o Universo Cinematográfico da Marvel (UCM).

O texto a seguir contém spoilers sobre os acontecimentos da série como um todo, caso não tenha assistido os episódios ainda, recomendo que pause essa leitura e volte logo após assistir a série. Ou leia por sua conta e risco.

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O sexto episódio não tenta perder tempo em solucionar seus conflitos. Logo de cara vemos Fury (Samuel L. Jackson) indo de encontro a Gravik (Kingsley Ben-Adir). Enquanto isso, no hospital o skrull que está disfarçado de Rhodes (Don Cheadle) tenta, quase que desesperadamente, convencer o presidente dos Estados Unidos a atacar a Rússia.

Neste episódio, a série tenta abordar um dilema, porém de maneira fraca, ao mostrar os Estados Unidos considerando atacar a Rússia diretamente, o que levaria a uma guerra imediata.

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O roteiro utiliza figurantes "sem nome" para informar o presidente sobre a negação veemente do presidente Russo quanto aos ataques, enquanto o personagem "Rhodes" apresenta argumentos superficiais em favor do ataque preventivo.

Isso contradiz o início da série, onde Skrulls disfarçados de americanos realizaram um grande atentado terrorista na Rússia, mas a Rússia não respondeu imediatamente com um ataque aos EUA, apesar das evidências.

Essa incoerência demonstra como a série se perdeu, uma vez que anteriormente mantinha coerência em suas tramas, mesmo ao lidar com elementos de fantasia e ficção científica. Agora, os temas tratados são abordados de forma superficial e preguiçosa, perdendo a seriedade que antes os caracterizava.

Ao mesmo tempo, que isso acontece, Fury está em seu embate contra Gravik. Aqui a faz uma montagem dos dois momentos, tentando trazer urgência, mas acaba parecendo que isso tudo é feito para preencher espaço de filmagem no episódio. Episódio esse que é um dos mais curtos da série, e ainda “se dá ao luxo” de trazer momentos como esse que não acrescentam narrativamente.

Apesar das ótimas atuações de Samuel L. Jackson e Kingsley Ben-Adir, o embate dos personagens não traz nenhuma emoção. E a pouca profundidade que a cena possui se perde ao descobrimos que Fury, é na verdade G'iah (Emilia Clarke), que se aliou a Fury para derrotar Gravik.

Após conseguir equiparar os poderes de G'iah aos de Gravik, a série inicia uma luta, que também, não traz nenhuma emoção para quem está assistindo. Recheada de clichês, diálogos rasos e um desfecho totalmente previsível, a série que trazia no início um enredo ambíguo e cheio de mistério, agora apela para cenas de luta.

Como não foi Fury quem foi ao embate com Gravik, fica óbvio que ele se encontra no hospital e que irá resolver o dilema que o falso Rhodes está trazendo ao presidente. O que, mais uma vez, mostra a contradição na construção dos personagens.

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Antes Fury batia incessantemente no discurso de que ele deveria resolver as questões com Gravik, e que estava cansado de depender de outros seres e seus poderes. Mas é exatamente isso que ele faz ao deixar G'iah enfrentar Gravik enquanto está ali.

A cena tenta trazer um certo suspense sobre a aparição de Fury ali, e também tenta construir certa tensão na revelação de que Rhodes é um Skrull para o presidente. Mas é algo tão óbvio que chega a ser desinteressante.

O maior vilão da série já foi derrotado, aquele personagem já foi exposto para o público episódios atrás. E pior, o que impediu Fury de expor ele, no episódio anterior, como acaba expondo agora? São muitos questionamentos e a série não responde absolutamente nenhum deles.

Após o desenrolar dos embates principais, a série tenta trazer consequências para os eventos que aconteceram ali, mas faz isso de forma tão caricata , que o pouco do que é apresentado em tela sobre essas consequências não é minimamente sentido.

“Invasão Secreta” encerra sua história de forma oposta à que começou. Após abandonar completamente o clima de espionagem antes apresentado, traz textos previsíveis e clichês. Abandona a construção de seus personagens e transforma o grandioso em medíocre e esquecível.

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