Conheça os serviços que acolhem pessoas LGBTQIAPN+ no Ceará

Em 2022, Centro de Referência LGBT Janaína Dutra contabilizou 496 atendimentos psicossociais e jurídicos gratuitos à comunidade; confira mais informações sobre o serviço

No Ceará, ao todo, existem atualmente quatro instituições que se voltam para o acolhimento e atendimento de pessoas LGBTQIAPN+. Dentre elas, três são iniciativas independentes e apenas uma é serviço institucional.

Diante da não conformidade de gênero e sexualidade numa sociedade com padrões fundamentalmente normativos, a população LGBTQIAPN+ segue marginalizada e carece de acesso pleno aos direitos.

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O número de violações dos direitos humanos contra pessoas da comunidade cresceu em mais de 147% quando comparado ao mesmo período do ano passado, no primeiro semestre de 2022. Foram registrados 57 casos apenas em 2023, segundo dados do Observatório de Indicadores Sociais e de Direitos Humanos e da Secretaria dos Direitos Humanos do Ceará.

Em meio à constante vulnerabilidade social na qual a comunidade se encontra, as casas comunitárias se tornam uma esperança alternativa para aqueles que precisam do aparato socioeconômico e psicológico.

A partir de tal contexto, a busca por atendimentos especializados no Estado se concretiza no encontro de iniciativas sociais por parte da própria comunidade e em serviços institucionais que viabilizam diminuir os danos causados pela violência.

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Confira abaixo mais informações colhidas pelo O POVO sobre como o Ceará vem cuidando das vítimas de LGBTQIAPNfobia:

Casa da Diversidade Cristiane Lima no Juazeiro do Norte

A parceria entre a Associação Beneficente Madre Maria Villac (Abemavi) e a Associação Caririense de Luta contra Aids resultou na primeira casa de acolhimento LGBTQIAPN+ do Interior do Ceará. A Casa da Diversidade Cristiane Lima foi inaugurada em abril de 2021.

Na época, Cristiane Lima, mulher trans juazeirense homenageada com o nome da instituição, havia morrido de Covid-19 há oito meses. A casa tem o objetivo de ofertar a integração da população LGBTQIAPN+ a direitos essenciais; bem como saúde, educação e lazer para a efetivação do exercício da cidadania em relação à comunidade.

Em entrevista, Brendha Vlazack, coordenadora da casa, destaca que uma das maiores dificuldades enfrentadas no atendimento municipal é a falta de conhecimento por parte de agentes do governo ao lidarem com pessoas da comunidade:

"Há falta de formação e capacitação sobre diversidade e gênero, isso implica num mau atendimento. Por isso, muitas de nós, mulheres trans e travestis, não acessamos as Unidades Básicas de Saúde

"

Brendha Vlazack, coordenadora da Casa da Diversidade Cristiane Lima

Brendha comenta ainda que existe um medo de não ser bem atendida nem acolhida: “Quando acessamos, é só em extrema urgência; quando estamos extremamente debilitadas, fragilizadas e acometidas por patologias”.

A casa funciona de segunda a sexta-feira, das 14h30 às 19h. A programação da casa inclui assessoria jurídica, serviço social, enfermagem, psicologia e massoterapia. Além da oferta de oficinas, cursos, palestras, rodas de conversa e outras atividades em parcerias com outras cidades.

O atendimento de enfermagem é aberto para todos os públicos, com testes gratuitos.

O processo de atendimento é por meio do agendamento, ligando para a Casa da Diversidade. Dessa maneira, os voluntários do serviço social fazem prontuários para que a iniciativa consiga delimitar o cenário socioeconômico da população LGBTQIAPN+: moradia, saúde e documentação.

SERVIÇO

Casa da Diversidade Cristiane Lima

Contato: (88) 2131-3118

Horário de Funcionamento: 14h30 às 19h

Endereço: R. Princesa Isabel, 1615 - São Miguel, Juazeiro do Norte - CE, 63010-495

Fortaleza: iniciativas que atendem e acolhem a população LGBTQIAPN+

Em Fortaleza, existem duas casas de acolhimento LGBTQIAPN+ e um serviço municipal de atendimento voltado para a comunidade. Confira mais informações abaixo:

Centro de Referência LGBT Janaína Dutra

Em referência a primeira travesti do país a exercer a advocacia como membro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o serviço funciona como um espaço de escuta, de orientação técnica e de articulação da Rede de Proteção de Direitos e de Promoção da Cidadania LGBT. O Centro de Referência Janaína Dutra é um serviço municipal e atende a todos os territórios de Fortaleza.

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Além do suporte às vítimas, o Centro de Referência oferece ainda suporte a pesquisas e o assessoramento técnico em direitos de LGBTQIAPN+ para profissionais das políticas públicas municipais.

Ano passado, o serviço contabilizou 462 atendimentos psicossociais e jurídicos gratuitos. De acordo com o Relatório Anual do Centro de Referência, o perfil socioeconômico das pessoas assistidas é predominantemente composto por jovens, negros, com pouco acesso à renda e em situação de vulnerabilidade social.

Em média, a idade dos atendidos é de 30 anos, 57% se declararam de raça parda e/ou negra; 25% não dispunham de nenhuma fonte renda individual e 15% das pessoas assistidas informaram que benefícios socioassistenciais e programas de transferência de renda eram o seu único meio de subsistência.

Pessoas trans (travestis, homens transexuais, mulheres transexuais e pessoas não binárias) seguem como as principais demandantes dos serviços do Centro, perfazendo 72% do total de atendimentos de 2022.

SERVIÇO

Centro de Referência LGBT Janaína Dutra

Contato: (85) 98970-4621

Horário de Funcionamento: segunda à sexta-feira, das 8h às 17h

Endereço: R. Guilherme Rocha, 1469 - Centro, Fortaleza - CE, 60030-141

Casa Transformar

Fundada por Nik Hot, a Casa Transformar atua de maneira totalmente independente como um lar temporário para pessoas LGBTQIAPN+ em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Mesmo sem o aparato do Estado, a iniciativa conta hoje com atendimento psicológico todas as semanas, além de atendimento jurídico.

 

 

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Mensalmente, a casa possui um fluxo de 15 pessoas acolhidas, sendo em sua maioria pessoas transgêneros. Com quatro moradores fixos, a casa também assiste àqueles que já passaram por lá ou que estejam precisando de um apoio jurídico ou psicológico.

Diante de iniciativas independentes, aparelhos governamentais e políticas públicas para a comunidade LGBTQIAPN+ são colocados como precários por quem está na linha de frente da luta por direitos na rotina do cotidiano.

Em resposta ao O POVO, Nik comenta que seria essencial trazer profissionalização e um maior apoio financeiro para dentro da ONG. No entanto, a Casa Transformar segue funcionando atualmente por doações de roupas, insumos e dinheiro.

Aberta para visitação de segunda à sexta, a casa recebe todo tipo de doação. Os recursos obtidos a partir das doações são destinados para os custos da casa, como aluguel, contas fixas, alimentação, materiais de limpeza e de higiene pessoal. As doações podem ser feitas pelo link.

SERVIÇO

Casa Transformar

Contato: @casatransformar (Instagram);

Horário de Funcionamento: segunda à sexta-feira, das 14h30 às 19h;

Endereço: R. José Maurício, 527 - Siqueira, Fortaleza - CE, 60736-140.

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Outra Casa Coletiva

Fundada por Ari Areia em 2020, a Outra Casa Coletiva é uma república de acolhimento e cultura com equipe voluntária e multidisciplinar que oferece apoio psicossocial, atendimento jurídico e suporte à inclusão no mercado de trabalho, com orientação curricular e indicações de formações profissionais.

A Outra Casa possui parcerias com a Secretaria da Saúde, com o curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e com a Faculdade de Medicina da Universidade de Fortaleza (Unifor) para a realização de exames de clínica geral, exames laboratoriais e hemogramas.

A casa acolhe ao todo seis pessoas e conta com vagas livres para situações de emergência.

SERVIÇO

Outra Casa Coletiva

Contato: (85) 99722-7640 e @outracasacoletiva (Instagram)

Endereço: R. Instituto do Ceará, 164 - Benfica, Fortaleza - CE, 60015-300

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