Brasileiro é aprovado em concurso internacional de quadrinhos
Bruno Abdias é o primeiro brasileiro aprovado no programa de caça talentos da editora norte-americana Top CowO paraense, radicado no Ceará, Bruno Abdias, 41, é um dos aprovados no programa de caça talentos da editora norte-americana Top Cow, responsável por títulos como "Cyberforce", "The Walking Dead", "The Darkness" e "Witchblade". No processo seletivo concorreram mais de 4 mil artistas de todo o mundo, apenas o ilustrador brasileiro e o escritor William 'Billy' Muggleberg III foram aprovados.
“Desde criança sempre tive o sonho de trabalhar com quadrinhos. Infelizmente, as oportunidades são poucas no Brasil e trabalhar no mercado americano parecia um sonho distante. Quando descobri que o ‘Talent Hunt 2022’ seria com o Cyberforce, sabia que era minha chance de vencer. Estou extremamente honrado por ter sido escolhido e animado para trabalhar com o Top Cow”, conta Bruno.
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O processo de seleção fornece um roteiro de sete páginas ao artista que tem o prazo de um ano para desenhar e entregar no formato padrão do mercado norte-americano. O responsável pela escolha do artista é Marc Silvestri, presidente da Top Cow e fundador da Image Comics. Os vencedores deste ano receberão em torno de R$ 5 mil cada, além de trabalhos publicados pagos garantidos com a empresa posteriormente.
O brasileiro passou pelas quatro últimas edições do concurso e na 5ª tentativa entendeu como atrair o olhar norte-americano. “Eu me preparei muito para isso, são muitos anos tentando e estudando para melhorar. Eu sou um grande fã dos personagens da Top Cow. Então, essa proximidade com os personagens me permitiu passar pras páginas todo o dinamismo e visual atraente, que eu acredito que seja o que eles buscam. Os brasileiros hoje estão muito bem representados no mercado de quadrinhos americanos. Geraldo Borges e Netho Diaz são bons exemplos disso”, relata o ilustrador.
De bancário a ilustrador
Com formação em Design Gráfico, Bruno deixou a carreira de bancário para ser ilustrador após 18 anos na profissão. Quando decidiu viver exclusivamente da ilustração, ele diz ter sofrido resistência até dos mais próximos, mas seguiu com o sonho após receber um convite da agência Glass House Graphics para fazer testes como desenhista.
“É muito difícil você sair de um emprego estável, como o que eu tinha pra apostar num sonho. Comecei a conciliar o trabalho no banco pela manhã e desenhista nas madrugadas. Fiz isso por 1 ano e juntei todo o dinheiro que recebia. Em 2021, eu comecei a trabalhar exclusivamente com quadrinhos e o dinheiro que eu tinha guardado dava pra aguentar por seis meses, caso tudo desse errado. Mas, graças a Deus, deu tudo certo”, revela.
Histórias sem preconceitos
“Gosto de contar histórias sem preconceitos”, assim define seu trabalho. Para Bruno não há estigma que o impeça de ilustrar uma boa história. Responsável por dar vida a personagens como Fusion Man, um super-herói gay que vive aventuras na França, o ilustrador demonstra a diversidade e liberdade de seus trabalhos.
“Meu papel é transmitir em imagens as ideias dos editores e escritores. Eu gosto de pensar no meu trabalho como uma direção de cinema onde você atrai e guia o olhar do expectador para contar a história da maneira mais atraente possível. Gosto de contar todos os tipos de histórias. O mercado de quadrinhos é mais conhecido pelas histórias de super-heróis, mas meus trabalhos incluem diversos temas, religião, sexualidade, preconceito, guerras, ficção científica, terror e até super-heróis”, comenta. Além de “Fusion Man”, Bruno ilustrou “El Poder de la Educación” e “Digital Disciple: Carlo Acutis and the Eucharist”.
Sobre a Top Cow Productions:
A Top Cow promove, a cada dois anos, uma busca mundial por novos talentos e oferece aos aspirantes e criadores a chance de mostrar seu talento e dar um novo passo em uma carreira mundial nos quadrinhos.
“É muito importante investir em novos talentos. Eles são o coração da arte sequencial. Estamos entusiasmados por ser a editora que traz talentos como Billy e Bruno para o palco principal. E pessoalmente, nada é melhor do que ser um aspirante a artista e escritor, lutando para ser descoberto, para estar em posição de pagar adiante", afirma Marc Silvestri, fundador da Top Cow e criador da Cyberforce.
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