Ferramentas de inteligência artificial produzem textos sem sentimentos

George Jetson, a esposa Jane e os filhos Elroy e Judy protagonizaram, entre os anos de 1960 e 1970, um desenho animado de sucesso na televisão chamado Os Jetsons. Assisti aos Jetsons na minha infância. Adorava, em especial, Rosey, a robô que cozinhava e limpava a casa. Lembrei-me desse desenho enquanto pensava sobre o tema deste texto.

Visão sobre o futuro

Assisti a alguns episódios dos Jetsons e ri sozinha ao perceber que o olhar do futuro, na década de 1960, não chegou perto do que vivemos hoje. Aliás, a relação entre eles reflete a cultura e a sociedade daquele tempo. Jane, a esposa, não trabalha. Vai às compras e leva notas em dinheiro. George vai para o trabalho com uma maleta, todos os dias. Tem uma mesa só dele. Elementos que não combinam com o que presenciamos agora. Não há superpopulação, pobreza, sujeira.

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É uma visão romantizada? É. Mas gosto dela. Prefiro isso aos filmes catastróficos como Mad Max e tantos outros que preveem um futuro apocalíptico, ou aqueles em que as máquinas são dotadas de uma inteligência superior à nossa. Talvez, por isso, tenha dificuldade em acompanhar as recentes reportagens relacionadas à inteligência artificial (IA). Palavras como Midjourney e ChatGPT entraram para a rotina. Resumidamente são dois tipos de IA.

A IA produz textos apenas baseados em técnicas (Imagem: deagreez | Shutterstock)

Ignorei o quanto pude

A primeira, Midjourney, é relacionada à imagem e a segunda, ChatGPT, à escrita. Ignorei o quanto pude. Até dar de cara com a notícia de que uma editora de livros daqui tinha acabado de lançar o primeiro exemplar feito integralmente com IA.

A partir daí, bastava fazer uma busca no computador e encontrar pessoas entusiasmadas com o novo recurso. Me dei conta, então, que “a novidade” estava insistentemente batendo na minha porta – e eu a ignorei o quanto pude. Até decidir ler sobre, me informar, conversar com quem entende e, principalmente, escrever.

Escrever é amar por meio das palavras

Quando escrevo, me coloco de peito aberto no mundo. É minha alma que exponho. Um robô ainda não consegue trabalhar com esse dado, o da alma – mas já há pesquisas nessa direção. De quebra, me sinto em um mundo esquisito, em que pessoas produzem textos baseados apenas na técnica, deixando coração e alma de lado. E máquinas querendo escrever com mais emoção. Inversão dura de testemunhar.

Quero o futuro dos Jetsons e seus carros voadores. Não me importo em carregar notas na carteira. Tampouco em me deslocar até o trabalho. Mas não me tirem a capacidade de viver, sonhar, amar por meio das palavras.

Por Ana Holanda – revista Vida Simples

Tem organizado debates online gratuitos sobre a presença da IA na escrita.

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