5 cidades históricas em Minas Gerais que você precisa conhecer
Viajar pelo Brasil também pode ser uma viagem no tempo. De Norte a Sul, é possível descobrir as riquezas do passado do país por meio de suas cidades históricas. São verdadeiras relíquias da época colonial e do período imperial, que abrigam resquícios da arquitetura, nas igrejas e museus, da cultura e até das tradições que representam a mistura de povos que resultou na nação.
É uma verdadeira oportunidade de explorar o passado e entender mais sobre a formação do nosso país, desde os primórdios de 1500 até hoje. E, pensando nisso, apresentamos a seguir 5 cidades históricas em Minas Gerais que você precisa conhecer!
É + que streaming. É arte, cultura e história.
1. Mariana
Vizinha de Ouro Preto, Mariana carrega o legado de ser a primeira vila, primeira capital e primeira cidade planejada de Minas Gerais. O município se desenvolveu devido à descoberta de ouro na região por bandeirantes paulistas, em 1696. Às margens do ribeirão, onde o metal foi encontrado, surgiu o arraial Nossa Senhora do Carmo, que logo se transformou na primeira vila e, posteriormente, em capital.
A vila evoluiu para cidade em 1745 e recebeu de Dom João V, rei de Portugal à época, o nome de Mariana, em homenagem à sua esposa, a rainha Maria Ana D’Austria.
Desde os primórdios, a cidade já carregava uma vocação religiosa e tornou-se sede do primeiro bispado mineiro. Com o crescimento de Mariana, foi necessário um planejamento urbano, que harmonizou as linhas da cidade em ruas retas e praças retangulares.
Atrativos históricos
Hoje, os maiores atrativos para os turistas são as construções coloniais. Arquitetura e história se mesclam e trazem um charme especial à cidade, que foi declarada Monumento Nacional em 1945 pelo então presidente Getúlio Vargas.
Nos últimos anos, Mariana chegou às notícias devido ao rompimento de uma barragem no subdistrito de Santa Rita Durão, o que causou um grande impacto ambiental. Apesar da tragédia, os pontos turísticos permanecem intactos.
Para quem está em uma visita rápida, vale a pena visitar a Praça Minas Gerais, repleta de atrativos. Ali se localizam duas igrejas com construções datadas do século XVIII: a de São Francisco de Assis e a de Nossa Senhora do Carmo, que representam todo o esplendor da arquitetura de época da região. Ambas são tombadas pelo IPHAN. Ali também se localiza a antiga Casa de Câmara e Cadeia, atual Câmara de Vereadores, um casarão colonial que abriga objetos antigos e de onde é possível avistar as duas igrejas em frente.
Pelourinho
O pelourinho, ali no centro da praça, é outro ponto em que os visitantes gostam de tirar fotos. Apesar da triste origem, já que era usado para castigar os infratores na época, o monumento original foi demolido em 1871 e o atual construído na década de 1970, com símbolos que representam as conquistas marítimas e a justiça, além de um brasão de Portugal.
Catedral da Sé e Museu Arquidiocesano de Arte Sacra
Na Praça da Sé, podemos visitar a Catedral da Sé (ou Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção), que, apesar da fachada modesta, possui um interior riquíssimo inspirado em diferentes estilos e um órgão alemão construído em 1701. Ali perto, o Museu Arquidiocesano de Arte Sacra (datado de 1770) guarda obras do período barroco, inclusive de Aleijadinho.
Experiência nas profundezas
Quem se aventurou pelas minas de Ouro Preto não pode perder a visitação à Mina da Passagem, uma das mais antigas do Brasil. Com 120 metros de profundidade, pode ser visitada com um carrinho que era utilizado pelos antigos mineiros. Guias contam a história do local e os visitantes se deslumbram quando avistam um belíssimo lago subterrâneo. O passeio dura cerca de 45 minutos. É possível também mergulhar em alguma das galerias alagadas. Para saber mais sobre esse passeio, é necessário acessar o site mariana.minasdapassagem.com.br/mergulho.
2. Tiradentes
Mais uma cidade que se desenvolveu devido ao ciclo do ouro, provando definitivamente o legado histórico que o estado de Minas tem para o país. Tiradentes foi fundada no início do século XVIII, com o arraial de Santo Antônio do Rio das Mortes, que posteriormente passou a ser chamado de Arraial Velho. Era comum na época que paulistas se deslocassem pelo interior mineiro em busca do metal precioso, que foi encontrado em abundância nessas terras, o que contribuiu para o surgimento de diversas cidades
Em homenagem ao príncipe D. José, o arraial se transformou na Vila São José em 1718. Apenas no final do século XIX, com a Proclamação da República, o nome passou a homenagear o herói da Inconfidência Mineira, Tiradentes.
Tombamento e arquitetura
Assim como construções de outros municípios da região, o conjunto arquitetônico da cidade foi tombado pelo então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) em 1938, o que contribuiu para sua conservação.
Dentre as igrejas e capelas, podemos destacar a Igreja Matriz de Santo Antônio, que é o principal cartão-postal da cidade. Foi reformada por Aleijadinho e possui uma rica decoração de encher os olhos. A Igreja da Santíssima Trindade recebeu o status de Santuário e abriga o Jubileu da Santíssima. Chama a atenção pelo estilo da fachada, pelas pinturas e pela Sala dos milagres.
Largo das Forras e pontos turísticos
Para quem vive no local ou visita Tiradentes, o Largo das Forras é o ponto de encontro, repleto de restaurantes e bares. Parada obrigatória para quem está na cidade. Ali perto ficam a prefeitura e o Centro de Atendimento ao Turista.
Para conhecer mais sobre o município, é necessário visitar algum dos museus locais, como o Museu de Sant’Ana, num prédio que antes abrigava a cadeia pública e hoje reúne mais de 300 imagens da santa, avó de Jesus. Já o Museu Casa Padre Toledo foi o local onde ocorreu a primeira reunião dos inconfidentes e guarda móveis, obras e objetos de época.
Para os católicos ou interessados nesta religião, é interessante fazer uma visita ao Museu da Liturgia. Além de uma linda vista, possui instalações modernas com mais de 400 peças sacras e realiza apresentações católicas.
Construído há mais de 270 anos, o Chafariz São José antigamente era responsável por fornecer água limpa proveniente de uma nascente para os moradores. Hoje, com seus elementos barrocos, atrai visitantes interessados na história.
Ecoturismo e passeio de trem
Para quem cansou de construções antigas, saiba que o ecoturismo também é forte na região, que possui diversas cachoeiras, como a famosa Cachoeira do Bom Despacho, localizada na vizinha Santa Cruz de minas, mas a apenas 10 minutos de carro de Tiradentes. Já a Cachoeira do Índio, cercada pela mata atlântica, forma poços rasos ideais para quem viaja com crianças.
Quem estiver em Tiradentes pode ainda fazer um divertido e agradável passeio de trem. A partir do município é possível ir para São João del Rei (outra cidade histórica) e apreciar a linda paisagem mineira pelo caminho. Mais informações podem ser acessadas no site vli-logistica.com.br/esg/social/trem-turistico.
3. Congonhas
Congonhas é conhecida por sua rica história e pelo conjunto arquitetônico de 12 esculturas em pedra sabão, conhecidas como os “Profetas de Aleijadinho”. Apesar de ter sido fundada no século XVIII, durante o ciclo do ouro em Minas Gerais, como freguesia, a cidade pertenceu a Ouro Preto até 1938, quando foi elevada a município.
Em princípio, Congonhas era um importante ponto de parada para os viajantes que se deslocavam entre Ouro Preto e São João del Rei. A cidade prosperou ao longo dos anos, graças à extração de ouro e diamantes na região.
Rebelião e declínio econômico
No final do século XVIII, Congonhas foi palco de importantes acontecimentos históricos. Em 1788, o padre José da Silva e Oliveira Rolim liderou uma rebelião contra a Coroa Portuguesa, conhecida como a “Inconfidência Mineira”. Rolim foi preso e condenado à morte, mas sua sentença foi comutada para prisão perpétua.
Legado de Aleijadinho
Em meados do século XIX, Congonhas passou por um período de declínio econômico, mas ainda assim manteve sua importância histórica e cultural. Foi nessa época que o escultor Aleijadinho, um dos mais importantes artistas do barroco brasileiro, foi contratado para esculpir as 12 estátuas dos profetas, que hoje são consideradas uma das principais obras da arte sacra no Brasil.
Conjunto Arquitetônico e Paisagístico do Santuário do Bom Jesus do Matosinhos
Atualmente, Congonhas é uma cidade turística, com diversos atrativos históricos e culturais, além de uma bela paisagem natural. A cidade recebe visitantes de todo o Brasil e do mundo, que vão conhecer seus monumentos históricos, suas festas populares e suas belezas naturais.
O roteiro histórico de Congonhas inclui alguns principais pontos turísticos, como o Conjunto Arquitetônico e Paisagístico do Santuário do Bom Jesus do Matosinhos, construído em várias etapas ao longo dos séculos XVIII e XIX. Em 1939, o Santuário foi tombado pelo Iphan e, em 1985, reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial.
Na construção do Conjunto trabalharam os artistas de maior destaque da arte colonial brasileira, reconhecidos nacionalmente até os dias atuais, como o escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (falecido em 1814), e o pintor Manoel da Costa Athaíde (1760-1830)
Ao lado do complexo está o Museu de Congonhas, onde o visitante consegue mergulhar ainda mais na história do barroco e do Santuário, além da arte sacra. É um grande espaço, com sala de exposições, instalações interativas, biblioteca, auditório, ateliê, espaço educativo, cafeteria e anfiteatro ao ar livre. Instalado em um antigo casarão colonial, o espaço conta a história da cidade por meio de exposições de arte sacra, objetos antigos, fotografias e documentos históricos.
Já a igreja de Nossa Senhora da Conceição, construída em 1735, também é um exemplo da arquitetura colonial em estilo barroco. Além desses pontos turísticos, o roteiro histórico pelo destino também inclui visitas a antigas fazendas, cachoeiras, trilhas ecológicas e outras atrações da região.
4. São João del Rei
São João del Rei garante um grande conhecimento dos tempos do Brasil Colônia. Fundada em 1704, a cidade teve uma grande importância no período colonial, sendo um importante centro comercial e cultural na região.
A cidade foi batizada em homenagem a São João Batista e, durante o ciclo do ouro em Minas Gerais, prosperou graças ao comércio de ouro, diamantes e pedras preciosas. A cidade se desenvolveu rapidamente, tornando-se um importante centro urbano e cultural, com a construção de diversas igrejas, capelas, casarões e edifícios públicos.
Acontecimentos históricos e econômicos
No século XVIII, São João del Rei foi palco de importantes acontecimentos históricos, incluindo a “Inconfidência Mineira”. No século XIX, a cidade enfrentou um período de declínio econômico, mas ainda assim manteve sua importância cultural e histórica. Na década de 1880, foi construída a Estrada de Ferro Oeste de Minas, que ligava São João del Rei a outras cidades da região. A ferrovia trouxe um novo impulso econômico para a cidade, que se tornou um importante centro ferroviário em Minas Gerais.
Tradições e personagens
A cidade é conhecida como a “Terra onde os sinos falam”, pois guarda uma curiosa tradição: pelo toque do sino, sabe-se onde, quando e por qual celebrante será realizada a solenidade, se haverá procissão e, no caso dos dobres fúnebres, até se a pessoa falecida era homem ou mulher.
Além dessa rica tradição, São João del Rei conserva belos patrimônios e foi berço de personagens importantes da história de Minas e do Brasil, como Tiradentes, D. Bárbara Heliodora Guimarães da Silveira e Tancredo Neves.
Lembranças do Brasil Colônia
E apesar da expansão, as histórias e as lembranças do Brasil Colônia continuam vivas no centro histórico. Por ali estão belos sobrados e casarões, como o Solar dos Neves, que ainda hoje pertence à família do ex-presidente Tancredo Neves; e a igreja de Nossa Senhora do Pilar, com talhas de ouro em profusão.
Já a igreja de São Francisco de Assis, que fica no meio de uma praça ornamentada com palmeiras imperiais, ainda conserva alguns altares dourados e uma exuberante porta em pedra-sabão.
Passeios para fazer
Como a maioria das cidades mineiras, São João del Rei possui muitos rios que cortam sua área urbana, sendo o Rio das Mortes o principal. Próximo à cidade, existem duas grandes formações rochosas conhecidas como Serra de São José e Serra do Lenheiro.
Além do tradicional passeio de Maria Fumaça, é interessante caminhar pelas ruazinhas da cidade, observando o casario antigo que abriga restaurantes e lojas que oferecem peças produzidas com estanho, outro metal nobre da região, utilizado na criação de joias e objetos de decoração.
Além disso, é possível visitar o Museu Ferroviário, que expõe uma parte da história ferroviária da região e do país, e o Museu da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que apresenta um acervo sobre as relíquias históricas sobre a participação do Brasil na II Guerra Mundial.
5. Diamantina
Diamantina é outro destino que chama a atenção por concentrar parte da rica história do Brasil. A cidade, fundada em 1831, recebeu o nome devido à abundância das pedras preciosas encontradas na região.
A história do lugar remonta ao século XVIII, quando a região era uma importante área de mineração de ouro. Com o esgotamento das jazidas de ouro, a região passou a ser explorada em busca de diamantes. E a descoberta da pedra preciosa na região de Diamantina em 1729 iniciou o Ciclo do Diamante em Minas Gerais, que durou até meados do século XIX.
Durante esse período, a cidade se tornou um importante centro de extração de diamantes, atraindo muitos trabalhadores e investidores, e também se destacou como um centro cultural e político, com a fundação da primeira escola pública da região.
Região guarda a história do Brasil
Diamantina foi ainda um importante centro de resistência durante a luta liderada por Tiradentes. Além disso, é conhecida por ser a terra natal de Chica da Silva, escrava alforriada que se casou com um dos homens mais ricos do país naquela época.
O destino é um verdadeiro tesouro para quem deseja conhecer a história do Brasil, desde o período colonial até a luta pela independência. Considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, atrai muitos turistas interessados em conhecer sua rica história e sua arquitetura colonial.
Características da cidade
A cidade é conhecida por suas igrejas, museus e ruas históricas, além de ser um importante centro universitário e cultural da região. O centro urbano do lugar apresenta uma configuração característica das cidades do período colonial, com um padrão irregular, com arruamentos transversais à encosta, marcados principalmente pelas ruas paralelas com pequenas variações de abertura ou desvio de alguns becos e ruas estreitas.
Monumentos significativos
No conjunto arquitetônico, a cidade conta com monumentos significativos para a história da arte e da arquitetura no Brasil dos séculos XVIII, XIX e XX, como as igrejas das Mercês, do Amparo, do Carmo, do Rosário, de São Francisco de Assis, do Senhor do Bonfim, bem como a Casa do Forro Pintado, o edifício do Fórum, o mercado municipal, o Museu do Diamante, a Biblioteca Antônio Torres, a Casa da Chica da Silva e os prédios projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer: Hotel Tijuco, Faculdade Federal de Odontologia de Diamantina, Escola Estadual Professora Júlia Kubitschek e Diamantina Tênis Clube.
A arquitetura civil da cidade também é uma referência especial, com ausência de casas térreas, ficando em destaque os conjuntos de sobrados. O centro histórico de Diamantina também é dotado de excepcional beleza por sua composição com a Serra dos Cristais, formando um dos conjuntos paisagísticos mais significativos de Minas.
Vesperata
Outra atração turística muito procurada em Diamantina é a Vesperata, um concerto noturno, realizado a céu aberto, composto por bandas de músicas que se apresentam na tradicional Rua da Quitanda, no centro histórico da cidade, agregada à cultura e gastronomia local.
Por Cláudia Costa e Elíria Buso – revista Qual Viagem
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