Conheça cearense Karim Aïnouz, representante do Brasil em Cannes

Diretor de cinema premiado, o cineasta cearense Karim Aïnouz é o único brasileiro da competição do Festival de Cannes em 2023. Saiba mais sobre o artista e obra

13:48 | Mai. 15, 2023

Por: João Gabriel Tréz
Cineasta Karim Aïnouz faz estreia em inglês no longa que disputa a Palma de Ouro em 2023 (foto: FCO FONTENELE)

O nome pode soar estrangeiro, mas o cineasta Karim Aïnouz é nascido e criado no Ceará. Natural de Fortaleza, o diretor é filho de Iracema, uma cearense, e Majid, um argelino, que se conheceram nos Estados Unidos no início dos anos 1960. Criado pela mãe, tias e avós na capital cearense, ele acabou por se tornar um dos principais nomes do cinema brasileiro e, em 2023, é o único representante do Brasil na principal competição do Festival de Cannes.

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Apesar do DNA cearense do diretor, o filme que Karim leva ao evento francês marca a estreia dele em uma produção em inglês. "Firebrand" é um drama histórico estrelado por Alicia Vikander e Jude Law que acompanha a história do casamento da rainha Catarina Parr e do rei Henrique VIII.

A produção vem sendo apontada por diferentes publicações especializadas em cinema, como IndieWire e Collider, como uma das mais aguardadas do festival. A exibição do longa em Cannes ocorre no próximo domingo, 21 de maio.

Passagens por festivais

Essa não é a primeira vez, porém, de Karim no evento francês. A estreia dele como diretor de longas-metragens ocorreu em 2002, com "Madame Satã". A cinebiografia da personagem-título foi selecionada para a seção Un Certain Regard, segunda mais importante do festival.

O segundo longa de Karim foi "O Céu de Suely" (2006), gravado em Iguatu, que acompanha Hermila, uma jovem cearense que sonha em partir da cidade onde nasceu. A produção foi exibida no Festival de Veneza.

"O Abismo Prateado" (2011) marcou a segunda vez do diretor em Cannes, mas na mostra paralela Quinzena dos Realizadores. O longa seguinte, "Praia do Futuro" (2014) foi gravado em Fortaleza e Berlim, cidade na qual Karim se radicou.

A obra foi exibida no Festival de Berlim daquele ano. Ao evento alemão, Karim ainda levou os documentários "Aeroporto Central THF" (2018) e "Nardjes A." (2020). O maior destaque da carreira do cearense veio em 2019, quando ele participou novamente do Festival de Cannes, dessa vez com o longa "A Vida Invisível".

 

Vitória inédita em Cannes

Adaptado do romance ''A Vida Invisível de Eurídice Gusmão", de Martha Batalha, o filme foi o grande vencedor da mostra Un Certain Regard, marcando a primeira vitória de uma produção do Brasil na disputa.

"Foi uma recompensa não só pelo filme em si, mas pelo trabalho que eu venho fazendo. Eu comecei a fazer cinema em 1989, então tem 30 anos. (A premiação) foi na mesma sala onde eu passei meu primeiro filme, 'Madame Satã', foi no mesmo dia da semana que o filme passou", compartilhou Karim ao Vida&Arte em entrevista publicada em junho de 2019.

Após a vitória em Cannes, o filme circulou por outros festivais e teve a primeira exibição no Brasil em Fortaleza. A ocasião especial se deu dentro da programação do 29º Cine Ceará, no Cineteatro São Luiz, contando com participação do diretor e do elenco, incluindo a atriz Fernanda Montenegro.

"A Vida Invisível" foi, ainda, o longa brasileiro escolhido para representar o País no Oscar de 2020 na categoria de Melhor Filme Internacional. A indicação não veio, mas a campanha consolidou Karim no campo do audiovisual a nível nacional e global. 

O ano de 2021 marcou o retorno do diretor a Cannes, com uma sessão especial do documentário "O Marinheiro das Montanhas". O filme revisita as origens do cineasta a partir de um resgate da relação amorosa dos pais. Além da carreira como diretor, Karim ainda atuou como tutor do Laboratório de Cinema da Escola Porto Iracema das Artes.

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