Velório de Rita Lee reúne centenas de fãs no Ibirapuera, em SP
Centenas de fãs, além de familiares e amigos, se despediram de Rita Lee. Velório da Rainha do Rock aconteceu nesta quarta-feira, 10, no Ibirapuera, em São Paulo
11:05 | Mai. 11, 2023
Centenas de fãs se despediram, nesta quarta-feira, 10, de Rita Lee. O corpo da cantora e compositora foi velado no planetário do Parque Ibirapuera, em São Paulo. Rita morreu aos 75 anos de idade na noite da última segunda-feira, 8, em sua residência na capital paulista.
O velório teve início às 10 horas e, desde o início da manhã, uma fila era formada em frente ao prédio localizado na zona sul de São Paulo. A escolha do Parque do Ibirapuera para a cerimônia de despedida se deu por ser um local afetivo à Rita Lee.
Sob o teto circular do planetário, centenas de pessoas andaram até o caixão para dar seu último adeus à Rainha do Rock, que quebrou paradigmas durante toda a sua carreira. No teto do local, foi projetado o céu do dia em que Rita Lee nasceu, em 31 de dezembro de 1947.
Alguns se despediram em silêncio e chorando; outros, cantando algumas de suas músicas. Várias pessoas levaram cartazes e retratos para homenagear aquela que foi uma pioneira na música.
"Conheci a Rita em 1991 e minha vida se transformou. Tinha esse dom de transformar a vida das pessoas para melhor; fazia pontes entre as pessoas", disse à AFP, Luís Augusto, um chef de 51 anos que assistiu ao velório.
A cantora “representa o maior símbolo feminino do rock nacional; foi uma mulher à frente de seu tempo, gênia", relatou Barbarhat Sueyassu, influenciadora que esperava do lado de fora do planetário.
Fãs, familiares e amigos da cantora passaram pelo local. A cantora Paula Lima disse, ao sair, que sua primeira lembrança de Rita é com a música “Ovelha Negra”, quando ela ainda era criança. "Aquilo me despertou a vontade de ser como ela. Eu só vi aquela mulher colorida, doida e falei 'quem é essa mulher, porque ela é assim?'. Ela simplesmente talvez nem seja desse planeta, mas ela deu esse presente para nós de celebrarmos essa existência tão linda. Agora temos que celebrar esse legado tão lindo", afirmou.
João Lee, um dos três filhos de Rita, afirmou que estar vivo no mesmo momento em que ela foi um privilégio, principalmente pela sua construção de uma história e um universo tão gigantesco que não se limita à música.
"Ela foi uma conjuntura de fatores tão difíceis de ter. Canta bem, escreve música, compõe, desenha cenografia, faz a roupa, escreve livros. Ela sempre foi muito única e uma força de vontade de realizar tudo isso. É muito difícil imaginar na época que isso tudo começou a acontecer, com ditadura, com tudo, mas ela sempre teve essa força.", disso o filho.
Nascida em São Paulo, Rita Lee foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021, e, desde então, vinha fazendo tratamento contra a doença. O velório seguiu até às 17 horas, em seguida, o corpo da artista foi cremado em uma cerimônia íntima, conforme pedido da própria. (Com agências)
Rita Lee: relembre a carreira da cantora
Nascida em 31 de dezembro de 1947, Rita Lee começou a trajetória artística ainda nos anos 1960. A primeira experiência da artista foi com o grupo musical feminino Teenage Singers, em 1963. O grupo, formado com amigas, se juntou ao trio masculino Wooden Faces.
A junção dos grupos foi a gênese da banda Os Mutantes, formada por Rita, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, que marcou o início do renome da artista. O grupo marcou a música brasileira com canções como "A Minha Menina" e "Ando Meio Desligado", essa última composta por Rita e os parceiros. J
á nos anos 1970, ao lado da banda Tutti Frutti, a artista lançou algumas das principais canções da carreira, como "Agora só Falta Você" e "Fruto Proibido".
O período ficou marcado pelo início da relação amorosa entre Rita e Roberto de Carvalho, além de problemas enfrentados por ela em meio à ditadura militar. A artista chegou a ser presa por porte de maconha na época, o que afetou a carreira musical.
Ainda nos anos 1970, retorna à música em turnê com Gilberto Gil, intitulada "Refestança", e lança com a Tutti Frutti o álbum "Babilônia". Da vertente do rock e da experimentação, Rita foi se aproximando de uma linguagem mais pop, inaugurada pelo álbum "Rita Lee" (1979), também conhecido como "Mania de Você".
Rita Lee: Fase pop
O início da exploração de uma nova sonoridade veio a partir do início de outra parceria, a musical com o marido Roberto de Carvalho. O disco de 1979 que marca essa "estreia" traz sucessos reconhecidos até hoje, como "Mania de Você", "Chega Mais" e "Doce Vampiro".
Os anos 1980 seguiram marcados por músicas populares na carreira da artista, incluindo hits como "Lança Perfume", "Baila Comigo", "Mutante", "Desculpe o Auê" "Flagra"e "Flerte Fatal". Já nos anos 1990, a artista teve série de canções em novelas da TV Globo. "Vítima" foi tema de abertura de "A Próxima Vítima" (1995), enquanto "Dona Doida" foi usada em "Zazá" (1997).
Ainda no final dos anos 1990, foi lançado o "Acústico MTV - Rita Lee" (1998), que traz participações de Milton Nascimento, Titãs, Paula Toller e Cássia Eller. Já no começo dos anos 2000, o álbum "3001" (2000) ficou marcado pelos singles "Erva Venenosa" e "Pagu". Outro sucesso da época foi "Amor e Sexo", do disco "Balacobaco" (2003).
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O último disco de Rita Lee foi "Reza", lançado em 2012, reconhecido pela música-título. Na época, a cantora anunciou que se aposentaria dos palcos, "mas da música nunca", por questões físicas. Já a última canção da artista foi "Change", lançada em 2021.
Rita Lee: Outras linguagens
Além da música, Rita Lee também se destacou ao longo da carreira por obras de outras linguagens, além de participações na TV. A partir de 2002, por exemplo, a artista passou a ser parte do elenco de debatedoras do programa "Saia Justa", da GNT, com a escritora Fernanda Young, a atriz Marisa Orth e a jornalista Mônica Waldvogel. Vídeos da época circulam ainda hoje nas redes sociais.
Além disso, o próprio Twitter da artista seguiu sendo referenciado na internet, muito a partir do humor e dos comentários sinceros que Rita fazia na conta pessoal.
Em 2016, a artista lançou "Rita Lee: uma autobiografia", obra que se tornou um sucesso de público. Na publicação, ela compartilha série de memórias da vida e carreira.
Há dois meses, em março de 2023, foi anunciado o lançamento de "Rita Lee: outra autobiografia". Com lançamento previsto para 22 de maio, a obra narra detalhes do tratamento dela contra o câncer de pulmão.
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