Rita Lee: cantora foi detida por desacato em show de despedida
Artista foi levada à delegacia após protestar contra ações policiais na última apresentação realizada em SergipeAos 64 anos, a cantora Rita Lee anunciou que faria o último show da carreira em Sergipe no dia 29 de janeiro de 2012. A despedida dos palcos aconteceria, então, no Projeto Verão, promovido no município da Barra dos Coqueiros - apesar de a artista ainda ter realizado apresentações posteriores em São Paulo e no Distrito Federal -.
Os fãs puderam escutar grandes sucessos, mas não imaginavam o que aconteceria logo após o evento. A artista protestou contra ações de policiais, que reprimiram com violência espectadores que estariam usando maconha, e foi detida por ser acusada de desacato a autoridade e apologia ao crime pelos agentes.
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Segundo nota da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe, o episódio aconteceu quando o show já estava se aproximando do fim. "Se a polícia bater eu vou dedar para o Brasil inteiro. Denuncio e processo. Isso é força brutal. Vocês não têm direito de usar a força na meninada, que não tá fazendo nada", argumentou.
Com a conhecida postura firme e defensora dos próprios ideais, Rita interrompeu o show. "Seus cachorros! Coitados dos cachorros. Cafajestes! Vocês estão fazendo de propósito. Eu sou do tempo da ditadura, se pensa que eu tenho medo, p...! Venha aqui! Eu sou mulher. Mulher, queridos!", esbravejou. Ela foi detida ao lado do marido, o multi-instrumentista e compositor Roberto de Carvalho, para ser ouvida, sendo liberada logo em seguida.
A intérprete de "Ovelha Negra" disse à polícia que a ação foi gerada pelo "calor das emoções" e ainda se defendeu em seu perfil no Twitter. "Polícia dando trabalho para mim. Quer me prender. Embasamento legal não há. Não retiro uma palavra do que disse, o show era meu!", escreveu. Depois do episódio, a artista enfrentou processos movidos por policiais militares e críticas repercutidas pelos internautas.
“Reza”, seu último álbum de estúdio, foi lançado em 2012. Os outros lançamentos foram alguns livros infantis e o volume “Rita Lee: Uma Autobiografia”, de 2016. O segundo título autobiográfico, intitulado "Outra Autobiografia", será lançado no dia 22 de maio.
Rita Lee: relembre a carreira da cantora
Nascida em 31 de dezembro de 1947, Rita Lee começou a trajetória artística ainda nos anos 1960. A primeira experiência da artista foi com o grupo musical feminino Teenage Singers, em 1963. O grupo, formado com amigas, se juntou ao trio masculino Wooden Faces. A junção dos grupos foi a gênese da banda Os Mutantes, formada por Rita, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, que marcou o início do renome da artista.
O grupo marcou a música brasileira com canções como "A Minha Menina" e "Ando Meio Desligado", essa última composta por Rita e os parceiros. Já nos anos 1970, ao lado da banda Tutti Frutti, a artista lançou algumas das principais canções da carreira, como "Agora só Falta Você" e "Fruto Proibido".
O período ficou marcado pelo início da relação amorosa entre Rita e Roberto de Carvalho, além de problemas enfrentados por ela em meio à ditadura militar. A artista chegou a ser presa por porte de maconha na época, o que afetou a carreira musical.
Ainda nos anos 1970, retorna à música em turnê com Gilberto Gil, intitulada "Refestança", e lança com a Tutti Frutti o álbum "Babilônia". Da vertente do rock e da experimentação, Rita foi se aproximando de uma linguagem mais pop, inaugurada pelo álbum "Rita Lee" (1979), também conhecido como "Mania de Você".
Rita Lee: Fase pop
O início da exploração de uma nova sonoridade veio a partir do início de outra parceria, a musical com o marido Roberto de Carvalho. O disco de 1979 que marca essa "estreia" traz sucessos reconhecidos até hoje, como "Mania de Você", "Chega Mais" e "Doce Vampiro".
Os anos 1980 seguiram marcados por músicas populares na carreira da artista, incluindo hits como "Lança Perfume", "Baila Comigo", "Mutante", "Desculpe o Auê" "Flagra"e "Flerte Fatal". Já nos anos 1990, a artista teve série de canções em novelas da TV Globo. "Vítima" foi tema de abertura de "A Próxima Vítima" (1995), enquanto "Dona Doida" foi usada em "Zazá" (1997).
Ainda no final dos anos 1990, foi lançado o "Acústico MTV - Rita Lee" (1998), que traz participações de Milton Nascimento, Titãs, Paula Toller e Cássia Eller. Já no começo dos anos 2000, o álbum "3001" (2000) ficou marcado pelos singles "Erva Venenosa" e "Pagu". Outro sucesso da época foi "Amor e Sexo", do disco "Balacobaco" (2003).
O último disco de Rita Lee foi "Reza", lançado em 2012, reconhecido pela música-título. Na época, a cantora anunciou que se aposentaria dos palcos, "mas da música nunca", por questões físicas. Já a última canção da artista foi "Change", lançada em 2021.
Rita Lee: Outras linguagens
Além da música, Rita Lee também se destacou ao longo da carreira por obras de outras linguagens, além de participações na TV. A partir de 2002, por exemplo, a artista passou a ser parte do elenco de debatedoras do programa "Saia Justa", da GNT, com a escritora Fernanda Young, a atriz Marisa Orth e a jornalista Mônica Waldvogel. Vídeos da época circulam ainda hoje nas redes sociais.
Além disso, o próprio Twitter da artista seguiu sendo referenciado na internet, muito a partir do humor e dos comentários sinceros que Rita fazia na conta pessoal.
Em 2016, a artista lançou "Rita Lee: uma autobiografia", obra que se tornou um sucesso de público. Na publicação, ela compartilha série de memórias da vida e carreira. Há dois meses, em março de 2023, foi anunciado o lançamento de "Rita Lee: outra autobiografia". Com lançamento previsto para 22 de maio, a obra narra detalhes do tratamento dela contra o câncer de pulmão.
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