Gratuito: Levi Banida denuncia violência de gênero em exposições
A artista não-binária Levi Banida transita em várias linguagens da arte com o intuito de reverberar a denúncia contra estigmas e violênciasCom uma risada acolhedora e empolgação que ecoa pela voz, é assim que Levi Banida recebe a ligação do Vida&Arte. Ao fundo, várias vozes se confundem, é o som típico de uma escola no horário da manhã. É ali que Levi Banida repassa, para nove turmas de alunos entre 14 e 20 anos, seus múltiplos saberes artísticos.
Levi Banida é uma artista não-binária, não-monogâmica cearense que atua como docente da rede pública de ensino. Além de professora, Banida é curadora, produtora cultural, desenhista, pintora e sobretudo artista, transitando sempre por várias linguagens, buscando a multiplicidade da expressão.
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Ela está com duas exposições em que atuou na curadoria: "Barracuda" e "Intradérmica". Banida fala que é a primeira vez que está totalmente imersa na curadoria e produção, ao mesmo tempo que é uma das artistas.
"Barracuda" e "Intradérmica"
As duas exposições de curadoria da professora estarão abertas ao público a partir deste sábado, 29. A exposição “Barracuda” será exibida no Porto Dragão e a "Intradérmica" no o Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural Dragão do Mar. “É legal pensar nessas duas exposições como um percurso. porque elas abrem no mesmo dia, têm uma temática que consegue dialogar", aponta.
Em "Barracuda", o público é levado a refletir sobre a degradação dos mares e das espécies marinhas ao mesmo passo que fala da violência e extermínio sofrida por corpos trans. Também fazem parte da exposição os artistas Mateus Falcão e Arrudas Maria.
Já em "Intradérmica", a artista, em parceria com Bruna Acioly, reflete sobre a violência violências de gênero em corpos femininos e de pessoas não-binárias. A ideia é pensar por meio de várias linguagens formas de perceber e combater a violência a esses corpos.
Levi Banida: A arte como refúgio
Após formação no mundo da arte, incluindo uma graduação em teatro, hoje ela está totalmente imersa nesse universo. Ao refletir sobre quando a primeira linguagem artística entrou em sua vida, a cearense afirma que não imagina um momento da "vida onde a arte não esteve presente de alguma maneira". Ela fala que "a arte se tornou tão próxima e vital" que não há exatamente um passado em que ela não exista.
"Desde muito cedo. Comecei a fazer teatro, né?", relembra que viu na arte o seu refúgio. Quando era criança, foi duro o processo de se sentir deslocada no ambiente escolar pelos preconceitos que incidem sobre seu corpo. "Criar arte também é criar metodologia de existir, né?", reflete.
"Eu me lembro enquanto criança, enquanto bicha, uma das maneiras que eu criei para me manter viva foi fazer parte do grupo do teatro da escola. Aquilo ajudou com que eu me compreendesse enquanto artista, enquanto bicha, ao mesmo tempo", afirma. Segundo ela, o grupo de teatro era uma espécie de refúgio dos preconceitos, pois era ali que se reuniam as pessoas consideradas "estranhas" pelos outros alunos.
Na adolescência, a artista entrou para um grupo de teatro profissional onde passou a se sustentar com a arte. A adolescência também trouxe a descoberta de novos talentos, o gosto por novas artes. Ela relembra que, no ensino médio, passava boa parte do tempo desenhando.
Levi Banida: "Ela é o Carnaval"
Com carinho, Banida fala sobre os estranhamentos e afetos que recebe na rua com suas performances. Um dia, ela estava realizando um trabalho, toda montada e colorida, quando uma menina se aproximou e com um olhar curioso acompanhou tudo. Tirou fotos, ajudou na iluminação. Quando perguntaram à menina o que Banida era, ela falou que a artista era o "Carnaval".
"Eu achei isso tão forte, foge da noção 'ela é homem, ela é mulher'. ‘Ela é o carnaval’. Eu acho que é forte porque a arte me permite ser para além do que a linguagem ou a sociedade me permitiu", aponta.
A artista transita entre diversas linguagens o tempo todo, mas tem algumas que a acompanham sempre. "É muito doido, porque eu sou uma pessoa muito obstinada, quando eu entro em alguma coisa, sou muito imersa. Então, a cada... Sei lá... Seis meses eu descubro uma nova linguagem que eu fico muito imersa e eu fico produzindo muito, né? E algumas me acompanham sempre", apontando desenho e performance entre elas.
Banida se define como uma artista “dissidente”, que vai contra o conservadorismo e a degradação da natureza. Com a arte, defende suas bandeiras fazendo críticas a uma sociedade que mata e agride os corpos dissidentes.
"Eu luto muito por políticas públicas e privadas de incentivo à arte dissidente. Eu acho que a gente tem que estar sempre lutando tanto com a temática dissidente, quanto estética, com a linguagem. Grande parte das pessoas no Ceará está produzindo dentro da contra-norma, sobre negritude, questões indígenas, questões LGBTQIA+", acrescenta.
"Barracuda" e "Intradérmica"
As duas exposições de curadoria da professora estarão abertas ao público a partir deste sábado, 29. A exposição “Barracuda” será exibida no Porto Dragão e a exposição "Intradérmica" será exibida no o Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural Dragão do Mar. “É legal pensar nessas duas exposições como um percurso. Porque elas abrem no mesmo dia, têm uma temática que consegue dialogar", aponta.
Em "Barracuda", o público é levado a refletir sobre a degradação dos mares e das espécies marinhas ao mesmo passo que fala da violência e extermínio sofrida por corpos trans. Também fazem parte da exposição os artistas Mateus Falcão e Arrudas Maria.
Já em "Intradérmica", a artista, em parceria com Bruna Acioly, reflete sobre a violência violências de gênero em corpos femininos e de pessoas não-binárias. A ideia é pensar por meio de várias linguagens formas de perceber e combater a violência a esses corpos.
Exposição "Barracuda"
- O quê: esculturas, objetos-arte, pinturas, videoperformances, desenhos e outras obras de Levi Banida, Mateus Falcão e Arrudas Maria. Curadoria de Levi Banida
- Quando: abertura no sábado, 29, às 15 horas. Até 15 de maio
- Onde: Porto Dragão (R. Bóris, 90 - Centro)
- Gratuito
Exposição "Intradérmica"
- O quê: pesquisa multiplataforma em artes visuais com Bruna Acioly e Levi Banida. Curadoria de Levi Banida
- Quando: abertura sábado, 29, às 17 horas
- Onde: Museu de Arte Contemporânea (Rua Dragão do Mar 81 - Praia de Iracema)
- Gratuito
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