Festival Plantão estreia em Fortaleza com destaques do rap e trap

Edição de estreia reuniu grandes nomes do trap/rap brasileiro em uma noite que também contou com Marcelo D2 e Djonga no lineup

18:51 | Abr. 25, 2023

Por: Gustavo Queiroz
Matuê foi o responsável pela escolha dos convidados do Festival Plantão (foto: Divulgação)

“Queremos tirar os eventos de trap e rap da mão de grandes empresários e criar uma parada feita por nós, por gente que é do meio”, disse Matuê em um momento de interação com o público. Esta, sem dúvida, foi a frase que mais me marcou na noite da última quinta feira, 20, data da primeira edição do Festival Plantão, que aconteceu no Marina Park Hotel em Fortaleza.

O festival reuniu 19 mil pessoas, fora os outros mais de 70 mil brasileiros que assistiram, simultaneamente, aos shows de Arturzinho, Welisson, L7nnon, Major RD, Marcelo D2, Djonga, Teto, Wiu e Matuê pela transmissão do PodPah, um dos maiores podcasts do Brasil. Os apresentadores Igão e Mítico estiveram presentes em Fortaleza para fazer uma transmissão “à moda Multishow”, com entrevistas acontecendo ao vivo, seja antes ou após as apresentações dos artistas. O evento ainda teve participações surpresas do Doixton, West Reis, Omni Black e do humorista Diogo Defante fazendo a maior "zueira" entre a galera.

A escolha das atrações foi feita pelo próprio Matuê, o artista com maior evidência hoje no trap nacional, e isso reforça a frase que abre este texto. Pelo o que entendi, o trapper cearense quis realizar um evento que fugisse dos interesses de terceiros e que entregasse uma experiência verdadeira para os fãs, o que de fato aconteceu. Eu, que não sou do cenário e não conhecia absolutamente nenhuma música que foi tocada ali, entendi que há uma cena e que o festival entregou o que se propusera, de ser verdadeiro e de colocar a essência e a representativa acima dos interesses comerciais que toda cena musical está sujeita. Este foi o diferencial que tornou o Festival Plantão tão legal, leve, divertido e boa vibe.

Para não dizer que não conhecia ninguém, fui ansioso pelo Marcelo D2, o artista que mais se aproxima do meu radar de audição, mas lamento de ter chegado apenas para as últimas quatro músicas do seu repertório. Ainda consegui ouvir clássicos como “Qual é” e “Desabafo”, faixas que ouvi muito na TV nos anos 2000.

Na sequência, L7nnon subiu ao palco acompanhado de forte exaltação do público. O artista fez um show longo, mas divertido. Ressaltou as origens, a cor preta e o fortalecimento da cultura do rap, trap e hip-hop ao longo dos anos. Faixas como “Freio da Blazer”, “Ai Preto” e “Sem Dó” foram cantadas e acompanhadas pela multidão. Mas o que já havia sido apresentado com bastante qualidade, ficou ainda melhor com o show seguinte.

Matuê, Teto e Wiu subiram ao palco e revezaram momentos, ora coletivos, ora individuais, em um show que durou mais de duas horas. O momento ápice da noite foi durante a faixa “Kenny G”, onde L7nnon, Djonga, Mítico e Igão subiram ao palco com o trio. Este momento foi um reflexo de toda a proposta e atmosfera do festival, no qual consigo resumir em uma só palavra: união.

Como nem tudo é perfeito, preciso ressaltar apenas o meu desconforto em relação ao horário. Não acho interessante um artista subir ao palco por volta de 5 horas da manhã, que foi o caso do Djonga. Talvez o fato de ter ocorrido numa quinta feira tenha influenciado nos horários, mas o cansaço já estava falando alto e precisei voltar para casa antes da última atração subir ao palco.

No final, foi um excelente primeiro evento da 30Praum, empresa que produziu o festival e que deve tornar o Festival Plantão itinerante, ou seja, com edições também em outras localidades do nordeste. A produtora é do próprio Matuê e da empresária Clara Mendes, uma dupla que promete continuar incentivando e apoiando artistas independentes do estilo no Nordeste e ajudar a disseminar a cultura do trap e do rap por toda a nossa região.

Gustavo Queiroz escreve para o site Detector de Metal

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