James Akel, candidato à ABL, diz que gibis não são literatura
"Histórias em quadrinhos estão no campo do entretenimento, não da educação", disse James Akel, que concorre à Academia Brasileira de Letras contra Mauricio de SousaEm março, o cartunista Mauricio de Sousa, criador dos quadrinhos da “Turma da Mônica”, lançou candidatura para ocupar a cadeira número oito da Academia Brasileira de Letras, vaga anteriormente de Cleonice Berardinelli. Ele, porém, não é o único candidato. O jornalista James Akel também tentará ocupar a cadeira - e deu declarações polêmicas sobre o concorrente, sendo uma delas a de que histórias em quadrinhos não são literatura.
Akel defendeu essa posição durante entrevista publicada na última sexta-feira, 14, na revista Veja. Atualmente com 69 anos, ele alega, aliás, que sua candidatura à ABL foi motivada exatamente pela tentativa de Mauricio de Sousa de ingressar na Academia. “Em sua carta (de candidatura), ele diz que ‘quadrinhos são literatura pura’. Isso me deixou zangado e decidi me inscrever imediatamente”, disse o jornalista.
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No documento enviado por Maurício, ele destaca o interesse de se tornar um “imortal” da ABL ao incentivar a criação de novos leitores por meio dos quadrinhos. Para James Akel, porém, HQs “estão no campo do entretenimento e não da educação”, e por isso os quadrinhos “não são literatura”, em sua análise.
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“Na Justiça, a toga do juiz é parte da liturgia do cargo. Ninguém tira. Da mesma forma, a letra no papel é a liturgia da literatura. Histórias em quadrinhos estão no campo do entretenimento, não da educação, como ele defende. No dia em que acabarem os livros, acabou a literatura. A ABL não pode perder sua essência”, afirma.
Ele critica a ideia de que muitos brasileiros “se alfabetizaram com a ‘Turma da Mônica’”. O jornalista afirma ter lido os gibis criados por Mauricio de Sousa, “mas depois de já ter aprendido a ler e a escrever, com o uso dos livros de verdade”.
Experiente na televisão, James Akel é autor do livro "Marketing Hoteleiro com Experiências" (2001), no qual fala sobre a história da hotelaria em São Paulo e o marketing que influenciou o desenvolvimento do setor. Seu maior interesse, afirma, é tentar aproximar a ABL da população geral.
“Meu livro foi muito elogiado e adotado em vários cursos de turismo, inclusive na USP. Além dele, tenho três peças de teatro escritas. Já o Mauricio só publicou gibis. Tá quatro a um para mim. Mas esse não é o ponto principal. Mereço a cadeira por causa do meu projeto para a ABL. Se me derem três anos para concretizá-lo, posso até renunciar depois”, diz.
“A tentativa de revitalização da ABL, por meio de eleição de famosos, não funcionou. Nomes como Gilberto Gil e Fernanda Montenegro não aproximaram a academia do público, como pretendido. Ela segue estática, envelhecida, pregando apenas para convertidos. Proponho que se façam palestras e apresentações gratuitas em todo o país. Também quero organizar uma feira itinerante de livros. O povo tem toda competência para ler mais, mas falta acesso”, complementa.
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