Economia criativa teve participação de 3,11% no PIB nacional em 2020
Valor divulgado em pesquisa da Fundação Itaú Cultural é maior do que o do setor automotivo no mesmo ano e reforça impacto econômico do segmento no BrasilO setor da cultura e das indústrias criativas no Brasil correspondeu a 3,11% do Produto Interno Bruto nacional de 2020 — ou mais de R$ 230 bilhões em números brutos. O valor supera o do setor automotivo naquele ano — que foi de 2,1% — e se aproxima do da construção civil — que correspondeu a 4,06%.
Os dados são da plataforma de mensuração do chamado PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas (Ecic) no País, iniciativa do Observatório Itaú Cultural, da Fundação Itaú. A pesquisa toma como base os mais recentes dados consolidados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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O impacto econômico do segmento é, ainda, observado no número de quase 7,5 milhões de trabalhadores da economia criativa, correspondendo a 7% do total de trabalhadores do País. Estes dados tomam como base o quarto trimestre de 2022. Apenas no ano passado, mais de 308 mil novos postos de trabalho nas áreas da cultura e da economia criativa foram criados no Brasil.
O Observatório Itaú Cultural trabalhou com uma série histórica que levantou os dados do PIB da Ecic de 2012 até 2020. Neste período, o segmento da cultura e das indústrias criativas cresceu 78% em números absolutos. No percentual, o PIB da Ecic correspondia a 2,72% em 2012 e chegou e 3,11% em 2020, com potencial de ainda mais crescimento.
Constam no escopo de atividades da cultura e das indústrias criativas áreas diversas como atividades artesanais, moda, cinema, música, arquitetura, desenvolvimento de software e jogos digitais, design, artes cênicas, artes visuais, museus e patrimônio, entre outras.
A plataforma lançada nesta segunda-feira, 10, em evento para jornalistas na sede do Itaú Cultural, em São Paulo, teve metodologia desenvolvida por grupo de pesquisadores liderado pelo professor e pesquisador gaúcho Leandro Valiati. Além dele, Eduardo Saron, presidente do Itaú Cultural, também esteve presente na ocasião.
Na fala de apresentação, o pesquisador ressaltou que a pesquisa buscou mensurar "o impacto e contexto econômico da economia da cultura e indústrias criativas" no País como forma de guiar o que classificou como "políticas públicas baseadas em evidências, o que garante permanência". "É a visualização do setor como estratégico para um novo ciclo de desenvolvimento pós-pandemia", definiu.
Na avaliação do pesquisador, o horizonte de crescimento do PIB da Ecic em 2021 e 2022 deve ser positivo. Os valores serão aferidos uma vez que o banco de dados do IBGE for atualizado.
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"A estatística está sempre um passo atrás da realidade. O número de 2020 apontando crescimento ainda não pega muitas empresas que fecharam (durante a pandemia) por conta da falta de suporte público, da diminuição do incentivo federal à cultura", afirmou Leandro.
No entanto, a recuperação do setor pós-pandemia, além do impacto posterior das leis e auxílios emergenciais, aponta para um provável aumento da contribuição da cultura no PIB nacional.
A plataforma será constantemente atualizada, sendo uma fonte de dados para gestões, pesquisadores, produtores e artistas pelo País. Os princípios metodológicos e o escopo geral dos dados estão disponíveis publicamente na página on-line do Observatório Itaú Cultural.
*Repórter viajou a São Paulo a convite do Itaú Cultural
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