Valesca faz show em Fortaleza e relembra desafios: ‘Levei vaia’

A cantora Valesca Popozuda, que se apresenta na capital cearense neste fim de semana, reflete sobre mudanças no funk brasileiro

“Levei latada, levei vaia, mas comecei a ver cada vez mais as mulheres indo para a frente do palco, então percebi que isso valeria a pena e assumi todo risco. Hoje agradeço por nunca ter desistido”, sustenta Valesca Popozuda, em entrevista ao O POVO. Uma das precursoras do funk carioca, a cantora faz show em Fortaleza neste sábado, 1º, a partir das 22 horas, no Gandaia Club.

Ex-membro da Gaiola das Popozudas, Valesca começou sua carreira nos anos 2000 em cenário composto predominantemente por homens. Àquela época, o funk começava a ser reconhecido como um símbolo nacional, ganhando uma popularidade que só cresce de lá para cá. “Antigamente o funk era 100% um ritmo para as favelas, fazíamos músicas para tocar nos bailes de comunidade. Com o tempo, isso começou a mudar, o funk cresceu, rompeu barreiras e hoje é consumido pelos mais diferentes públicos, até em outros países”, celebra a funkeira.

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Apesar de até hoje seguir com composições consideradas machistas, o ritmo agrega hoje outras narrativas, com mulheres cantando abertamente sobre a liberdade sexual feminina. Valesca, que é dona de hits como “Beijinho no ombro” e “Agora eu sou solteira”, afirma que sempre buscou cantar sobre aquilo que era “verdade” para ela. “Fico feliz e lisonjeada por ser uma das referências que ajudou a abrir essa porta para que outras mulheres pudessem fazer o mesmo”, completa.

Hoje, o funk possui nomes que furam a bolha nacional, como Anitta e MC Zaac, que possuem participações em músicas internacionais. Dentro do território brasileiro, outros nomes ganham cada vez mais força como MC Cabelinho e MC Pipokinha. Apesar de eventuais polêmicas dentro do meio, a cantora destaca que acha “incrível” quando novos artistas surgem, pois para ela “o funk só tem a ganhar com isso, todo o movimento, acredito que tem espaço para todos”.

Do início dos anos 2000 para cá, o mercado fonográfico mudou radicalmente, sendo hoje marcado pela força dos serviços de streaming musical e pela busca dos artistas por uma presença digital nas redes sociais. “Hoje os artistas podem mostrar seu talento e terem a oportunidade de serem descobertos, sem depender de gravadoras como antigamente”, avalia Valesca.

Por outro lado, ela pontua que a demanda por novidade é enorme. “Não tem jeito, a gente tem que se atualizar. Tô até fazendo dancinha pro TikTok já, não é fácil pra mim, mas eu tento”, brinca.

Com mais de 20 anos de carreira, a artista reforça que não mudaria nenhum de seus passos que levaram ao seu destaque e sucesso no cenário do funk. “Diria para a Valesca do começo não ter medo de se impor, se posicionar mais. Não faria nada diferente, porque tudo que eu vivi, até mesmo os erros, me fizeram ser a Valesca de hoje e eu sou grata a isso”, se orgulha.

No show que chega a Fortaleza nesta semana, o público poderá conferir faixas como “Eu sou a diva que você quer copiar”, de 2014, e o lançamento “Proibidona”, parceria da artista com Anitta e Gloria Groove.

Show da Valesca Popozuda 

Quando: Sábado, 1º de abril, a partir das 22 horas

Onde: Gandaia Club (Rua Dragão do Mar, 72 - Centro, Fortaleza)

Quanto: a partir de R$ 30

(Colaborou Lillian Santos) 

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