Coluna Vanessa Passos: Treinados para não errar ou Como encarar o fracasso na escrita
Nosso cérebro aprendeu a ver erros como sinônimo de fracasso. Sendo assim, eu posso dar a desculpa para mim mesma de que não escrevi ou não publiquei porque sou perfeccionista
10:00 | Mar. 01, 2023
Fomos treinados desde a infância para não errar. Quando derrubamos o copo de suco, nossa mãe briga com a gente. Na escola, se você não for bem na prova, leva nota vermelha e advertência. E por aí vai. Nossa mentalidade é treinada para não falhar, não decepcionar os outros.
E isso pode prejudicar nossa trajetória literária mais do que imaginamos. Porque ficamos com pânico de errar. Com pavor de macular a ideia perfeita do livro que está na nossa cabeça. Procrastinamos a ação, porque colocar no papel a história que queremos contar é ter que estar face a face com os nossos erros.
Nosso cérebro aprendeu a ver erros como sinônimo de fracasso. Sendo assim, eu posso dar a desculpa para mim mesma de que não escrevi ou não publiquei porque sou perfeccionista - e ser perfeccionista é chique, pois é ser mais cuidadoso, e merece aplausos. Elisabeth Gilbert fala sobre isso no seu livro "Grande magia: vida criativa sem medo".
Mas se tem algo que aprendi na minha trajetória literária é que há descobertas que fazemos apenas no campo de batalha, enquanto escrevemos e diante dos nossos erros. Eles, os erros, nos ensinam mais do que qualquer professor. E quem dera passássemos a ver os erros como a escritora Marguerite Duras. No seu livro "Escrever", publicado pela Relicário Edições, ela diz:
"Os erros bem-sucedidos são muito estimulantes, são magníficos, e mesmo os outros, os mais fáceis, como os relativos à infância, são com frequência maravilhosos".
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