Artistas ressaltam legados e memórias do diretor B. de Paiva

Diretor, dramaturgo e professor central para o teatro do Brasil, o cearense B. de Paiva faleceu aos 90 anos nesta terça-feira, 31

Nome central para a construção de bases importantes para o teatro e a cultura nacionais, o cearense B. de Paiva faleceu aos 90 anos nesta terça-feira, 31. Nascido José Maria Bezerra de Paiva, o diretor, dramaturgo, professor e gestor deixa legados reconhecidos por artistas, amigos e instituições de todo o País. O velório do artista acontece a partir de meio-dia na Funerária Fortplano (av. João Pessoa, 4584) e o sepultamento, previsto para às 16 horas, será no Cemitério São João Batista.

Um dos filhos de B. de Paiva, o professor Carlos Bittencourt compartilhou ao Vida&Arte memórias de uma “visão muito particular” do artista. “Eu era aquele filho que estava sempre grudado, então me lembro muito da trajetória dele no curso de teatro no Rio de Janeiro, de alguns espetáculos que ele dirigiu, de grandes figuras e pessoas que tive a oportunidade de conhecer e ver ao lado do meu pai”, elenca.

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O ator e diretor carioca Jitman Vibranovski dividiu nas redes sociais uma memória de 1971, quando o cearense era diretor do Conservatório Nacional de Teatro, instituição formativa da linguagem. “Na época, a ditadura obrigava as escolas a terem uma disciplina chamada Moral e Cívica. B. reivindicou para si ser o professor desta matéria. Nunca deu uma aula sequer. Era a maneira dele burlar a ditadura”, rememorou.

Também nas redes sociais, o ator e diretor cearense Paulo Ess compartilhou diferentes memórias com B. de Paiva, incluindo uma de uma carta escrita por ele para defender a criação da primeira graduação em teatro no Ceará. “Uma carta belíssima e rica, falando dessa importância. Mais uma vez, aí, o nosso B. contribuía com a educação teatral. São tantas contribuições desse cearense para o teatro nacional. Muito obrigado por tudo”, escreveu.

O produtor da TVC Deugiolino Lucas ressaltou que a trajetória e o legado de B. de Paiva ficarão “para a história do Brasil e do mundo pois ele foi um mundo de conhecimento, de ética e estética”. “Brilhante como ator, diretor, dramaturgo, enfim são tantas realizações, pois sua contribuição na história do teatro cearense é sem dúvida grandiosa e impagável. Hoje o teatro no Ceará e no Brasil está de luto”, afirmou.

A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, onde B. de Paiva morou por décadas, também emitiu condolências. Na nota publicada, a instituição ressaltou a importância do artista “para a modernização do teatro brasileiro e a formação teatral em Brasília”. O texto também destaca o cearense como “peça chave” na fundação do Ministério da Cultura e em órgãos como a Fundação Nacional de Artes (Funarte), a Fundação Brasileira de Teatro (FBT) e a Universidade de Brasília (UnB).

A FBT também fez um post em homenagem à memória do cearense. “Entre o final dos anos 1980 e meados dos anos 1990, esteve à frente da Fundação Brasileira de Teatro, em Brasília, promovendo ações que contribuiram significamente para a trajetória da FBT. A este homem de teatro, nosso mais sincero respeito e agradecimento”, afirma o texto.

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