Jorge de Sá sobre diversidade na TV do Brasil: 'Tem que melhorar'

O ator, apresentador e empresário Jorge de Sá conversa com o Vida&Arte sobre sua trajetória artística e opiniões acerca da televisão brasileira

Natural do Rio de Janeiro e criado no meio artístico, Jorge de Sá, 38, é ator, apresentador e empresário. Já tendo atuado em novelas como "Malhação" (2003), "A Lua Me Disse" (2005), "Páginas da Vida" (2007), "Em Família" (2007) e "Tempo de Amar" (2018), o fluminense também ocupou espaço nas telinhas como comentarista de basquete no SporTV durante três anos. Juntando as paixões pelo esporte e pela arte, Jorge se aventurou no ramo empresarial e, em 2018, criou o Departamento de Conexões Esportivas Internacionais (DCEI), agência de intercâmbio para atletas brasileiros que já levou mais de 800 jovens para estudar fora do País.

“Minha mãe não tinha condições de realizar meu sonho de estudar fora. Ela estava nos desafios dela, de ter investido errado e enfim. Então, eu fui pra rua lavar carro, vendi revista na escola, virei assistente de palco da minha mãe aos 12 anos, e mandei fitas VHS para os Estados Unidos… Foi quando três escolas me responderam. Com isso eu percebi que dava pra sair do País sem gastar R$100 mil com uma agência de intercâmbio. E foi no SporTV, em 2015, que caiu a ficha do meu desejo de montar uma empresa que ajudasse os jovens a realizarem seus sonhos esportivos lá fora”, conta Jorge, que é filho da cantora Sandra de Sá e do compositor Tom Saga, em entrevista exclusiva ao Vida&Arte. 

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A ligação do artista com a arte sempre andou lado a lado com o esporte. Desde pequeno, Jorge gostava de imitar atores decorando falas. “Eu era apaixonado por dramaturgia e não sabia”, afirma. Após voltar dos estudos e dos jogos de basquete em São Petersburgo, na Flórida, o ator entrou para a oficina de atores do grupo Globo. Foi então que as portas para as novelas se abriram. Na época, ele também fazia parte da base do Clube de Regatas do Flamengo, onde jogou por 9 anos. Mas seu interesse pela atuação falou mais alto e foi o caminho que decidiu seguir em 2003.

“Eu fiquei extremamente dividido, sem saber o que fazer. Fui chamado para fazer 'Malhação' quando estava jogando pelo Flamengo, e naquele ano eu terminei sendo campeão juvenil do clube. Depois de 'Malhação', recebi outra proposta de novela e tive que me decidir. Larguei o trabalho como atleta e segui como ator por vários anos”, relembra.

Ao ser questionado sobre os planos para 2023 e qual será o foco da sua dedicação, Jorge traz à tona o amor pela comunicação e a vontade de voltar para as novelas. Após um longo período dedicado à agência e ao marketing, o ator sonha em apresentar um programa de esportes que lide com jovens de todo o mundo. “Quero criar asas de novo”. Confira abaixo trechos da entrevista feita por Live no Instagram do Vida&Arte com o empresário.

OP: Quais as principais diferenças que você consegue notar no ramo televisivo no Brasil, comparando com quando você começou para hoje?
Jorge: O acesso, principalmente dos negros. Querendo ou não, hoje, virou politicamente correto você dar mais espaço ao negro, mas ainda não tá bom. Ainda temos uma questão cultural que tem que ser diluída e desmistificada, que é a questão do galã, do cara bonitão da novela, da gata, ainda temos o estereótipo do magro, olho claro, verde, e que não é verdade. Foi algo colocado na cabeça das pessoas. Cara, quantos pretos bonitos pra caramba tem por aí? Assim como branco, mas é algo que vem mudando desde então. Aos pouquinhos vem acontecendo. A gente vem vendo preto fazendo papel de galã, e outros diversos papéis sem uma especificidade preconceituosa. Tem que melhorar, mas já tá começando.

OP: Em 2015 você se tornou comentarista de basquete no SporTV. Como foi a transição de ator para apresentador?
Jorge: Eu estava na novela "Em Família" quando a Globo assinou contrato com a NBA, no qual ia ter a transmissão dos jogos na Globo, principalmente no SporTV. Eu, maluco por basquete, acordei, vi meu celular e sabia que eu tinha que fazer parte disso. Foi incrível, eu vi a notícia e comecei a ligar pra todo mundo que conhecia da emissora. Foi quando recebi o convite pra ser convidado especial e comentar sobre a liga de basquete. E nisso, entra o que eu vivo falando, de estar preparado e pronto para o que pode acontecer. Muitas pessoas tem mania de reclamar de falta de oportunidade, mas aí quando algo importante chega, você estava tão ocupado reclamando que não se preparou para aquilo. Então na minha cabeça, eu ia fazer aquilo mais que bem feito, falar melhor que os comentaristas, dar uma aula sobre o assunto, e foi exatamente o que aconteceu. Fiquei por três anos e até hoje sou o único comentarista do grupo Globo que foi transmitir as finais de conferência da NBA in loco.

OP: Como foi iniciar no ramo empresarial? Quais foram as principais dificuldades?
Jorge: Eu iniciei em 2012 abrindo o Riso Bistrô, um misto de restaurante e galeria de arte em Ipanema. A ideia do restaurante foi simples; pode acontecer tudo, mas ninguém vai parar de comer. É um lugar incrível pra relacionamento, troca de ideia, para tudo. Eu e meus sócios conseguimos capital e nos reunimos pra fazer dar certo. Só que o empreendedor precisa de pessoas para segurar ele, precisa aprender sobre administração, finanças, que nunca foi meu forte. Infelizmente, tivemos uma ideia incrível que começou completamente errada, na parte de gestão. E quando fomos tentar ajeitar o operacional, era tarde demais. Eu tenho até hoje grandes clientes que sentem falta do lugar, ele marcou demais, mas financeiramente não deu certo, até hoje lido com as dívidas. Depois disso, veio a ideia da agência e as coisas fluíram melhor.

Confira entrevista completa por Live

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