Obras de arte destruídas são difíceis de recuperar, diz Planalto

Extremistas entraram em prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal nesto domingo, 8, e destruíram patrimônio público incluindo obras de arte

A invasão de grupos de bolsonaristas a prédios públicos de Brasília neste domingo, 8, teve consequências também no acervo artístico. Mobílias centenárias, obras de arte originais e um vitral foram alvos de vandalismo. Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal foram os principais alvos dos extremistas. 

Em nota, o diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, admitiu ser “muito difícil” a recuperação dos bens. "O valor do que foi destruído é incalculável por conta da história que ele representa. O conjunto do acervo é a representação de todos os presidentes que representaram o povo brasileiro durante este longo período que começa com JK. É este o seu valor histórico", declara Carvalho.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

"Do ponto de vista artístico, o Planalto certamente reúne um dos mais importantes acervos do País, especialmente do Modernismo Brasileiro”, completa Carvalho. 

Segundo anunciado pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, o Instituto Nacional do Patrimônio Histórico (Iphan) será encarregado de realizar “a avaliação e informação da destruição cometida nos prédios do Palácio do Planalto, Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e demais espaços tombados”.

Para Antônio Vieira, artista plástico e professor de restauro na Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho, os danos atentam contra a pluralidade do povo brasileiro.

Obras destruídas por bolsonaristas passarão por restauro

Entre as obras de arte vandalizadas estava a tela "Mulatas", do pintor modernista brasileiro Di Cavalcanti
Entre as obras de arte vandalizadas estava a tela "Mulatas", do pintor modernista brasileiro Di Cavalcanti (Foto: Reprodução)

“As obras expostas nos espaços de circulação do Planalto foram criadas por seus artistas para serem apreciadas de forma coletiva. O ato provocado por parte dos ‘bárbaros bolsonaristas’ demonstra a falta de educação, respeito e civilidade para com a história, memória e o patrimônio do nosso país”, critica Vieira.

O professor diz que o processo de restauro, quando possível, será minucioso, em especial da obra "As Mulatas" (1962). "Serão necessários procedimentos técnicos, aparentemente de reentelamento fio a fio para recompor as tramas do tecido”, explica. De acordo com ele, as obras agora passarão por avaliações para depois seguir para o processo de intervenção restaurativa.

“O maior legado de um artista é a sua obra, pois através dela ele se reconecta com o tempo e materializa o seu processo imagético no espaço. As obras vandalizadas nunca mais serão as mesmas, são como a figura dos traumas que carregamos na vida! Dessa forma observo como precisamos cuidar melhor e sermos mais atentos aos nossos artistas, bem como as suas produções, seja de qualquer lugar ou parte do País”, lamenta Antônio.

Famosos reagem a atos de terrorismo em Brasilia: ‘Sem anistia’

Podcast Vida&Arte

O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker. Confira o podcast clicando aqui

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Patrimônio Cultural Brasileiro Cultura MINISTÉRIO DA CULTURA

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar