Artistas cearenses comentam o nome de Margareth Menezes no Minc

Artistas cearenses Patrícia Adjokè Matos, Lorena Nunes e Lorena Lyse repercutem aceite de Margareth Menezes, indicada como Ministra da Cultura do governo Lula (PT)

Após quatro anos de incertezas para a gestão cultural federal, um novo marco: o País terá, pela primeira vez, uma mulher negra como ministra da Cultura. No fim da manhã da terça-feira, 13, a cantora Margareth Menezes confirmou que aceitou o convite do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e irá assumir a pasta - reduzida à Secretaria Especial de Cultura durante o governo de Jair Bolsonaro.

Em um momento de retomada, a volta do Ministério da Cultura (MinC) surge com desafios novos e urgentes tempos para a Cultura. Margareth assume diante de dificuldades complexas (do orçamento às leis de incentivo), mas com a bagagem de quem vive a cena cultural do País desde os anos 1980.

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Coordenadora de Acessibilidade, Cidadania e Diversidade Cultural da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), Lorena Lyse entende a indicação como positiva. “Dentre todos os nomes cotados, quando vi o nome da Margareth, aquilo teve em mim um impacto grande, porque entre os outros nomes cotados não veria tanta representatividade. Mas, para além disso, fiquei muito tocada por ser alguém que pensa a política pública”, define Lyse.

Além de cantora, Margareth Menezes é criadora e presidente da Associação Fábrica Cultural, entidade privada sem fins lucrativos na Bahia. Fundada oficialmente em 29 de março de 2004, a instituição tem ações de qualificação profissional para jovens em áreas como costura, design gráfico, estamparia, artesanato, literatura e educação.

Representatividade e impulso econômico

Professora, escritora e pesquisadora do Núcleo das Africanidades Cearenses da Universidade Federal do Ceará, Patrícia Adjokè Matos reforça a simbologia dessa indicação. ”Falar de ter Margareth Menezes como ministra da cultura é pensar e sentir todo legado que ela tem construído no Brasil. Um legado de uma África diaspórica nas Américas, uma mulher negra com seu corpo, porque o corpo e a cor são importantes, por todo legado que ela representa no auge dos seus 60 anos. Então, ela é um ícone para nós que somos da cultura negra, da cultura brasileira”, reforça.

Lorena Nunes, artista e empreendedora cultural, ressalta o papel da economia criativa e da construção colaborativa no novo momento. “Margareth já se apresenta pedindo ajuda de toda classe artística, articuladores e gestores culturais para construir uma gestão coletiva e fico bem contente com essa postura, porque acredito que esse é o único caminho possível: gestão pública lado a lado com a sociedade civil organizada”, ressalta.

“Acredito que teremos uma ministra que entende também o potencial da cultura como alavanca para a economia brasileira. Confio que celebraremos importantes vitórias nessa retomada do MinC”, completa Lorena Nunes.

Em seu primeiro pronunciamento após a confirmação da indicação, Margareth falou de desafios. “Foi uma conversa muito animadora para a gente que é da cultura, da área da da cultura e eu aceitei a missão. Recebo como uma missão, porque foi uma surpresa para mim também, o meu processo entendendo o lugar dessa representação e entendendo também a necessidade de a gente fazer uma força-tarefa para levantar o Ministério da Cultura”, pontuou.

A fala da artista antecipou a consciência sobre o tamanho do desafio. Desde que foi extinta, a pasta cultural ocupou espaços de subalternidade no Governo Federal. Durante o mandato de Jair Bolsonaro, a secretaria foi ocupada por nomes como Roberto Alvim, Regina Duarte, Mário Frias, Helio Ferraz e André Porciuncula.

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Perfil da nova ministra

Margareth Menezes da Purificação nasceu em 13 de outubro de 1962, filha de uma doceira e um motorista, sendo a mais velha entre seis filhos. A paixão musical surgiu por conta dos pais, que ouviam artistas como Jackson do Pandeiro, Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Angela Maria e Martinho da Vila. Também fez parte do coral de Boa Viagem na infância.

Ganhou o primeiro violão quando era adolescente, época em que frequentava grupos teatrais fazendo peças como “Ser Ou Não Ser Gente” (1980), “Máscaras” (1982) e “O Inspetor Geral” (1982). Em 1983, participou do Gran Circo Troca de Segredos, espaço cultural inspirado no Circo Voador, do Rio de Janeiro.

Ao Grammy, foi indicada em 1993 na categoria de melhor álbum de World Music em 1993 e 2007, além de indicações ao Grammy Latino em 2006 (melhor álbum de pop brasileiro) e 2020 (melhor álbum de música de raízes em língua portuguesa).

Em 2019, lançou “Autêntica”, seu álbum mais recente, mas seus planos de turnê foram interrompidos por conta da pandemia de covid-19. Durante o período, atuou na série “Casa da Vó”, da Wolo TV. Em 26 de novembro de 2022, estreou seu novo show, “Elevante”, em apresentação no festival Afropunk Bahia.

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