Com homenagens a Gal e Erasmo, Bethânia emociona multidão em show

Cantora apresentou o show "Sucessos", que assina direção e roteiro, em seu retorno ao templo da música baiana

O publicitário Renato Cerqueira, 28, saiu corrido após a jornada de trabalho e orou por todo o caminho para que desse tempo de chegar ao destino. Não havia um minuto sequer a se perder. A professora Márcia Loureiro, 44, cancelou todas as aulas particulares que tinha nesta quarta-feira, 7, para sair às 16 horas de sua casa, em Lauro de Freitas, para o show que começaria 3 horas depois.

Maria Bethânia foi pontual. Entrou no palco da Concha Acústica do TCA precisamente às 18h59min e às 19 horas cantou o primeiro verso de "Gema", música que abriu o primeiro show da cantora baiana no espaço desde o início da pandemia do coronavírus, em março de 2020.

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De pés descalços, Bethânia vestia uma longa saia amarela e parecia estar em estado de poesia. O coração, no entanto, estava magoado. E ela não escondeu o estado de espírito quando, antes de cantar "Índio", segunda música da noite, pediu uma salva de palmas para sua amiga Gal Costa, que morreu em novembro.

A Concha lotada entrou em transe mesmo quando Bethânia fez uma sequência de músicas falando de saudade. Todo o mundo sabia que era para Gal: primeiro, perguntava "Onde Está Meu Amor", música que fez um medley com "Gostoso Demais": quem ali não estava com saudade do abraço gostoso da voz de Gal Costa? Foi a pergunta do jovem João Gabriel Santos, 21, chorando com a sequência. Eram os primeiros 15 minutos de show.

Dez minutos mais tarde, foi a hora de Erasmo Carlos ser o homenageado. Ele, que escreveu o clássico "Meu Nome é Gal", foi trazido ao palco numa grande imagem carregando Bethânia no colo. Logo na frente, ela cantava: "Pode Vir Quente Que eu Estou Fervendo". Tudo pareceu estar conectado quando ela emendou um pedido aos sonhos: buscar quem mora longe. Para onde vão as estrelas que morrem e como buscá-las? Talvez a voz da santo-amarense seja um canto de chamamento. Vai saber.

“A voz de Maria Bethânia é um abraço e empurrão ao mesmo tempo. Tem uma força gigantesca que eu não sei explicar. Esse show dela logo depois da morte de Gal é uma oportunidade da gente sofrer o luto da perda e ao mesmo tempo celebrar essas grandes vozes dessas grandes mulheres que saíram aqui da Bahia”, ponderou o estudante.

Público lotou a Concha Acústica do TCA para show de Maria Bethânia
Público lotou a Concha Acústica do TCA para show de Maria Bethânia (Foto: Nara Gentil/ Correio)

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Trilha pessoal

Afeto é a palavra que dá o tom ao show "Sucessos", que passeia entre canções marcantes de sua carreira e sucessos mais recentes. A direção artística e roteiro são assinados pela própria Abelha Rainha que, aos 76 anos, distribui vivacidade com sua voz e presença. Talvez por isso o show, baseado no roteiro das únicas duas lives que ela fez durante a pandemia, pareceu ser tão pessoal. O holofote de luz em cima dela dava a impressão, principalmente para quem estava em setores mais ao alto da Concha, de estar na presença de uma divindade.

Para executar o repertório, Maria Bethânia tem a companhia da banda formada por Romulo Gomes (contrabaixo), João Camarero (violão de 7 cordas), Lan Lahn (percussão), Paulo Dafilin (violão, viola e guitarra), Marcelo Costa (percussão) e Marcelo Calder (regência, piano e acordeom). Um grupo escolhido a dedo e que ajudava a dar todo sentido do show.

O show já passou pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Vitória da Conquista e também foi apresentado no Festival Coala, antes de chegar a Salvador e esgotar os ingressos. Quem teve a oportunidade de ir, viu a Concha cheia como quase nunca. Nem mesmo aqueles clássicos espacinhos na parte de cima da plateia, nos cantos, era possível de ver a olho nu e durante a hora de show. Não foi à toa que os ingressos esgotaram em pouco mais de 30 minutos nas duas sessões disponibilizadas para os fãs baianos. A segunda acontece hoje, dia do feriado de Nossa Senhora da Conceição da Praia, com a graça de sempre. (Vinícius Nascimento/ Correio)

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