Ciclografia Fortaleza: Estudante faz fotos da Capital enquanto pedala

Com fotos de diferentes bairros de Fortaleza, iniciativa do estudante de Publicidade Weslen Máximo ganhou perfil no Instagram e artista sonha que se torne exposição

15:08 | Nov. 21, 2022

Por: Giselly Correa Barata
Fotografias realizadas pelas ruas de Fortaleza (foto: Weslen Máximo/Divulgação)

No filme “Diário de uma motocicleta”, o então estudante de Medicina Ernesto Che Guevara viaja de motocicleta, do Brasil ao Peru, ao lado do amigo Alberto Granado. Em Fortaleza, o estudante de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Ceará Weslen Máximo desbrava a Cidade de bicicleta. O hobby que virou hábito deu vida ao projeto “Ciclografia Fortaleza”, que apresenta uma capital sob duas rodas, na disputa de espaço com carros e ônibus.

“No Ciclografia Fortaleza eu observo o ciclismo na cidade, os comportamentos de ciclistas e não ciclistas, tipos de bike e seus usos, as estruturas, as mudanças na Cidade ao longo dos anos. Afinal, até mesmo para se instalar uma ciclovia ou ciclofaixa são feitas obras e as paisagens mudam”, pontua Weslen.

Diariamente, ele se desloca para as aulas da graduação em Publicidade na Universidade Federal do Ceará, localizada no Campus do Pici. “Eu já gostava de fotografar o cotidiano, mas desde 2018, quando comecei a utilizar a bicicleta como meio de transporte, fiquei mais livre pra ir fotografando o que e onde quisesse”, conta Weslen.

Em 2021, ano de iniciar o Trabalho de Conclusão de Curso, o jovem percebeu já ter um acervo e viu como uma oportunidade de unir duas paixões: fotografar e pedalar.

“As pessoas costumam passar nas ruas e avenidas em seus carros, motos e até no ônibus, mas muitas vezes não observam as cenas cotidianas, as paisagens, as mudanças na cidade. Pedalar, além de exercício físico, é um exercício de observar, conhecer e habitar a cidade. Fotografando nos trajetos é como se guardasse um pedaço de Fortaleza comigo”, diz Weslen.

As fotos são dos anos de 2018 a 2022, com exceção de 2020, ano do isolamento social, o qual ele diminuiu os momentos de pedaladas. “2020 foi o único ano que quase não fotografei por conta da pandemia. Não tem lugar específico, acontecia assim: se eu tinha algo pra resolver em algum local, ia e aproveitava para fotografar alguma coisa. Se fosse passear, dar um rolê, também levava a câmera na mochila e fazia algum registro”, relembra.

Mais ciclistas na Cidade

Ele avalia que há “maior presença” dos ciclistas na rua após os períodos de isolamento social e atribui à alta no preço dos combustíveis. “Significa menos gente andando de carro e poluindo o planeta, mas acredito que as fotos também são uma maneira de interpretar, do meu jeito, o ciclismo em Fortaleza”, diz o estudante.

Tendo a bicicleta como principal veículo de transporte, Weslen passa cotidianamente em avenidas como Godofredo Maciel, José Bastos, Carneiro de Mendonça, Alberto Craveiro e Domingos Olímpio, onde faz seus cliques. Centro, Maraponga, Aeroporto, Bonsucesso, Mondubim, José Walter, São Gerardo e Mucuripe são alguns dos bairros que ele percorreu e registrou.

Weslen Máximo vê no projeto uma forma de estimular a mobilidade ativa, valorizar a cultura das bicicletas em Fortaleza e repensar as dinâmicas da cidade a partir dos seus modais. “Prefiro sempre as (ruas) que tem ciclovia ou ciclofaixa, aliás, isso sem dúvida foi um dos fatores que me deram confiança para pedalar pela Cidade. Fico muito feliz quando vejo que uma rua ou avenida ganha essas estruturas, pois pode ser mais um trajeto que vou percorrer ou que pode me fazer conhecer outro ponto ainda inédito”, declara.

Estruturas e desrespeito

Ele aponta a Avenida Beira Mar como um dos poucos pontos da Capital com estrutura adequada, mas lamenta o desrespeito aos ciclistas na região.

“Existe o calçadão, existem as faixas de pedestres, mas principalmente a sinalização e ainda assim as pessoas costumam caminhar, inclusive com cachorro, na ciclovia e para isso existe o calçadão. Mesmo evitando, vez ou outra vou lá pra reenergizar a vida vendo o mar”, relata Weslen.

Sobre o futuro do projeto, o estudante mantém os pés no chão. “Não sou muito ambicioso, mas se eu conseguir atrair mais gente a pedalar em Fortaleza, a trocar o carro, a moto e até mesmo o ônibus - como eu fiz- pela bike, fico muito feliz”, pondera. “Mas quem sabe o projeto sai do digital e vira uma exposição no futuro? Enquanto isso, sigo pedalando, fotografando e compartilhando meus trajetos, ciclografando Fortaleza”, encerra.

Projeto Ciclografia Fortaleza

Instagram: @ciclografiafortaleza

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