Exposição "Multiverso" celebra as cores no Espaço Cegás de Cultura
Valorizando cores vibrantes e diversidade de formatos, exposição "Multiverso" tem início hoje, 6, e segue aberta para visitação até 14 de dezembro em FortalezaQuatro artistas com estilos distintos que fazem uso de diferentes suportes, mas conectados por cores vibrantes e pela dedicação ao fazer artístico. Essa é a proposta da exposição "Multiverso", que inicia nesta quinta-feira, 6, no Espaço Cegás de Cultura. A ideia de expor coletivamente surgiu dentro do Kraft Ateliê e reúne obras de Cardoso Júnior, Carlus Campos, Ana Débora Pessoa e Marcos Oriá, propondo um mergulho no universo de cada artista, sem deixar de lado a coletividade.
Mais do que referenciar os avanços tecnológicos como o metaverso, a exposição "Multiverso" explora a subjetividade de cada integrante. "No Ateliê Kraft, a gente conversa, cada qual com seu ponto de vista, sobre a arte e sobre a arte no contexto que a gente vive. Tudo que o artista vivencia acaba sendo colocado propositadamente e muitas vezes não na tela, mas no suporte da tábua de engomar, no papel, na madeira, no MDF. Então, essa troca de experiências, esse contato com o universo do outro, é que muitas vezes faz a coisa acontecer", define o artista visual Marcos Oriá.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Para Marcos, que também é ilustrador e autor de livros infantis, voltar a expor em galerias de arte após dois anos de pandemia é motivo de inspiração. A experiência pós-pandêmica, segundo ele, tem influenciado na prática artística.
"Agora é um momento de retomada da vida supostamente normal. Nós passamos por uma pandemia muito complicada e todo ser humano que vive nessa época experimentou ou está experimentando as consequências", analisa.
Durante um período de residência artística na cidade de Lisboa, o artista observou a presença de tábuas de engomar roupa e passou a refletir sobre a presença desse item.
"Comecei a observar os lisboetas que colocavam muitas tábuas de engomar no meio da rua, porque as tábuas ficaram velhas ou por trocarem por outras. Eu ficava observando e imaginando como aquele utensílio faz parte da vida das pessoas", conta Marcos.
Longe de casa e sem ter tábuas para engomar a própria roupa, analisou o objeto como algo que atravessa gerações e acompanha os principais eventos da vida das pessoas: dos felizes como festas, casamentos, batizados e formaturas aos hospitais e velórios. Dessa forma, passou a personalizá-las, dando origem à série "Tábuas". Além dela, também expõe o quadro "Alive" e "Desabstrações", pinturas feitas de tinta acrílica sobre o papel para celebrar as sobrevivências em meio a períodos turbulentos.
"O projeto fala de sobrevivência, não só sobre as pandemias, mas sobre a sobrevivência da arte em si. Eu considero todo artista um sobrevivente, trabalhar com arte é tão belo quanto difícil", completa.
Entre fotografia, desenho, pintura, aquarela e gravura, o artista visual Carlus Campos já passeou por diversas técnicas e também tem obras expostas no "Multiverso". "A minha produção é muito diversificada e até meio caótica, eu diria. No momento estou retornando a pintura com mais força e fazendo experimentos com fotografia. A gravura, que é uma paixão, está esperando algum momento para explodir novamente", diz o artista, que é também ilustrador do O POVO.
No "Multiverso", ele apresenta produções do ano de 2020. O criador diz estar feliz pela união dos artistas e também pelo que define como "maior interesse pelas artes visuais". "Tem um lance bacana entre nós que estamos participando da exposição que é a sincronia das cores, trabalhamos com formas diferentes, mas a cor nos aproxima", explica Carlus. Sobre o atual momento da linguagem no Estado, comenta suas percepções. "A cena das artes visuais no Ceará está em construção, não existe um mercado aquecido de arte, mas vejo um aumento de interesse e observo com otimismo a abertura de alguns espaços", encerra.