Livro traz Pedro Américo para além do quadro "Independência ou Morte"
"A Extraordinária Vida de Pedro Américo - E Suas Incríveis Facetas", de Thélio Queiroz Farias, traz informações inéditas e ressalta habilidades menos conhecidas do artistas, que foi escritor e deputado federal
16:23 | Set. 26, 2022
A arte é capaz de construir imaginários que atravessam os séculos. Um imponente Dom Pedro I nas margens do Rio Ipiranga é a imagem que vem na cabeça dos brasileiros ao pensar em 7 de setembro, embora o episódio tenha sido bem diferente.
A narrativa vitoriosa é, em grande parte, resultado do trabalho sagaz de Pedro Américo, um pintor que sabia que as imagens "não são nada inocentes" - como gosta de ressaltar a professora Lilia Schwarcz Moritz.
Notoriedade, plágio e fome
Muito lembrado pelo "Independência ou Morte!" (1888), feito a pedido de Dom Pedro II, Pedro Américo teve uma daquelas histórias de vida fascinantes do final do século 19. Não por acaso o novo livro sobre sua vida leva o título de "A Extraordinária Vida de Pedro Américo - E Suas Incríveis Facetas", uma coedição da Cepe Editora e da Editora A União.
Escrito pelo advogado Thélio Queiroz Farias, a publicação aproveita as efemérides do Bicentenário da Independência e dos 179 anos do nascimento do artista. É uma biografia altamente ilustrada, com informações inéditas e prefácio de Ricardo Ramos Filho, neto de Graciliano Ramos, e textos do pernambucano João Câmara e de João Cândido Portinari, presidente da Fundação Portinari.
Natural do Sertão paraibano, Pedro Américo foi descoberto por acaso, em 1853, pelo naturalista francês Jean Brunet. Aos 11 anos, se tornou aluno interno do Colégio Pedro II, no Rio, e aos 12 ingressou na Academia Imperial de Belas Artes. Aos 16, fez sua primeira viagem de estudos à Europa, contando com o apoio do imperador Dom Pedro II.
Foi um respeitado pela elite intelectual, admirado pelo povo, ganhou notoriedade internacional ao reunir milhares de pessoas em exposições na Europa. Apesar disso, também sofreu críticas, foi acusado de plágio e chegou a passar por situações de fome e dificuldades.
História de Pedro Américo está no mundo
A trajetória de Pedro Américo começa em Areia (PB), mas passa por Recife, Fortaleza, Rio de Janeiro, Petrópolis, São Paulo, Florença, Paris, Bruxelas e Lisboa - todas as cidades que o autor visitou numa pesquisa que durou cinco anos.
“Com essa pesquisa, descobri que Pedro Américo naufragou na orla da Grã-Bretanha, perdeu-se no Norte da África e quase foi devorado por um leão. Também relato a prisão de Pedro Américo em Paris, por engano, e as dificuldades que o mesmo passou, inclusive fome”, diz Farias.
"Investiguei os arquivos públicos e vários arquivos particulares, podendo trazer novidades da vida e, o que é interessante, até mesmo da morte de Pedro Américo, tendo em vista que, com auxílio de um médico e com base nos sintomas que relatava em cartas, descobrimos a causa morte do autor do famoso quadro do Grito do Ipiranga”.
Escritor e deputado federal
A obra também ressalta as múltiplas faces do artista: além de pintor, foi romancista, poeta, ensaísta, cientista, filósofo, deputado federal e professor. “Esses múltiplos talentos de Pedro Américo impressionam quem se aprofunda na sua história. A faceta de escritor, com a publicação de quatro romances, merece um destaque”, comenta.
“Talvez, sua fama internacional de pintor, tenha ofuscado os seus outros talentos. Merece ser realçado sua atuação como deputado federal na primeira legislação da República, quando propôs a criação de universidades, a defesa da educação, inclusive com criação do ensino integral, a criação de museus, enfim, foi um parlamentar muito à frente do seu tempo”.
Independência e "herói brasileiro"
O autor Thélio Queiroz Farias considera Pedro Américo um “herói nacional”. “Todos os brasileiros, ao pensar na cena da Independência, lembram do quadro de Pedro Américo. Foi Pedro Américo quem “civilizou” a Independência, dando glamour a uma cena que era simples e até grotesca, com o príncipe com “dores estomacais”.
Além da tela da Independência, também retratou cenas da história brasileira como “Batalha de Campo Grande”, a “Batalha do Avaí” e várias cenas do Império.
Nesse sentido, o Senador da República Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB) apresentou no Congresso Nacional projeto de lei para inscrever o nome de Pedro Américo de Figueiredo e Melo como Herói da Pátria, para fins de constar seu nome no livro de aço que se encontra no Panteão da Pátria Tancredo Neves, em Brasília. O projeto aguarda aprovação no Legislativo. (Emannuel Bento/ Jornal do Commercio)
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