Entenda como Marilyn Monroe se tornou um ícone da cultura

Com a vida privada em destaque, a cinebiografia "Blonde" estreou na plataforma de streaming Netflix e entra para o rol de produções sobre a diva de Hollywood. Entenda como Marilyn Monroe se tornou um ícone para gerações

O que faz de uma pessoa comum um ícone? Na era da internet e da superexposição, é fácil pensar em milhões de seguidores e na influência digital como primeiros critérios. Mas, no século passado, antes desses recursos tecnológicos, ser um ícone já representava ter sua vida acompanhada de perto, conviver com a perseguição de paparazzis nas atividades mais triviais e a complexa relação entre ser amada e criticada pelo público.

Todas as delícias e malevolências da fama foram vividas intensamente pela atriz e musa de Hollywood, Marilyn Monroe. E, após 60 anos de sua morte, a figura da artista ainda é alvo de debates.

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Para Lílian Lopes, cineasta e mestranda em Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa, é impossível dissociar Hollywood de Marilyn Monroe. “Ela foi um símbolo da sua geração e se tornou um ícone atemporal. Marilyn veio em uma época de transformação do padrão de beleza da sociedade e muitas mulheres passaram a desejar ser como ela. Então sua imagem ultrapassou o cinema e permanece até hoje”, avalia.

Nos breves 12 anos de carreira, a atriz viveu o período de popularização da televisão nos Estados Unidos, fenômeno que gerou novos hábitos de consumo, além do fortalecimento da indústria cinematográfica. Com a expansão, não só a sociedade estadunidense, como os demais países do Ocidente foram influenciados. Por isso, ela se tornou um dos símbolos desse novo estilo de vida americano.

Marilyn Monroe continua um dos grandes ícones de Hollywood
Marilyn Monroe continua um dos grandes ícones de Hollywood (Foto: Reprodução)

“A indústria do entretenimento norte-americana sempre teve uma influência excessiva no resto do mundo. A imagem de Marilyn Monroe se tornou icônica e é inspiração em diversos segmentos, não só no cinema, como também na moda, por exemplo. Sua imagem de mulher sensual e confiante foi inspiração para mulheres de diversos países, de forma que será para sempre inesquecível e, principalmente, insubstituível”, diz Lílian.

Mudança dos costumes

Representante do chamado "New Look”, estilo criado por Christian Dior que valorizava silhuetas bem marcadas, a forma de se vestir de Marilyn era um dos pontos que chamava atenção dos fãs e da crítica.

A historiadora e professora de Pesquisa em Moda da Universidade Federal do Ceará, Francisca Mendes, comenta a sensualidade como traço marcante e as mudanças culturais que levaram a esse novo momento na moda.

“A década de 1950 já começa com esse retorno das mulheres para casa, especialmente para a cozinha. Aí temos o boom dos eletrodomésticos, por exemplo. Essa mulher passa a ser valorizada por estar cuidando da casa e da família, embora ela tenha que estar sempre arrumada, então é um paradoxo. A gente tem as estrelas hollywoodianas, como a Marilyn, que vão mostrar uma mulher fora da curva, uma mulher que se divorcia, posa nua, platina o cabelo. Mas também uma exigência social que essa mulher seja 'bela, recatada e do lar'”, contextualiza.

Estante de Marilyn Monroe tinha mais de 450 títulos
Estante de Marilyn Monroe tinha mais de 450 títulos (Foto: Divulgação)

Para ela, as críticas a Marilyn partiam de uma sociedade hipócrita. “Ao mesmo tempo em que é desejada por muitos homens e representa o sonho das mulheres por libertação, existe uma cobrança social muito grande por ela não se adequar aos padrões. Ela vai ser diferente das artistas porque vai representar o jeito americano de viver, com essa mulher sensual, mas ao tempo de voz suave. Então ela é essa figura cheia de contrastes, e, no contexto social, é uma briga do que é dito e o que é feito, porque a sociedade é um teatro", opina.

Limites e julgamentos

A historiadora analisa que a liberdade de Marilyn “tinha um limite” e uma contrapartida alta. Por isso, defende que, se a artista vivesse nos dias de hoje, os julgamentos não seriam tão diferentes dos que enfrentou há 60 anos.

“Claro que a gente tem outro contexto, em termos do que a mulher pode fazer, mas ela continua pagando um preço. Alguns avanços aconteceram em formas de leis, medidas de alguns governos de proteção às mulheres, mas a liberdade feminina ainda tem muitas questões a avançar. Um exemplo disso são as críticas à Anitta e à própria marcha das vadias. Então, acredito que ela seria tão criticada como foi na época”, avalia Francisca Mendes.

Filmes e séries sobre Marilyn Monroe

"Blonde" (2022)

Filme dirigido por Andrew Dominik foca na trajetória de Marilyn Monroe por trás das câmeras e do sucesso. A artista, que teve uma infância traumática, enfrentou problemas com amor, abuso de poder e dependência de drogas. Ana de Armas é a atriz que dá vida a um dos grandes ícones de Hollywood.

Onde assistir: Netflix

"O Mistério de Marilyn Monroe" (2022)

Marilyn Monroe faleceu devido a uma overdose em 5 de agosto de 1962, quando tinha apenas 36 anos. Nesta obra dirigida por Emma Cooper, os espectadores assistem a gravações e a depoimentos inéditos de pessoas de seu círculo íntimo. A partir de uma série de discussões, o documentário revela outros aspectos de sua morte.

Onde assistir: Netflix

"A Vida Secreta de Marilyn Monroe" (2015)

Biografia apresenta partes de Marilyn Monroe que não eram vistas pelo público. Nascida com o nome Norma Jeane Mortenson, ela teve uma vida solitária e uma mãe ausente. Mas ela se reinventou ao ponto de se tornar um dos grandes símbolos culturais dos Estados Unidos. O problema é que o mundo nunca entendeu quem era a verdadeira Marilyn Monroe.

Onde assistir: streaming HBO

"Com amor, Marilyn" (2012)

"Com amor, Marilyn", de Liz Garbus, revela cartas, diários e cadernos escritos pela atriz durante sua carreira. Com esse olhar íntimo, é possível conhecer suas angústias, seus problemas cotidianos e suas reflexões.

Onde assistir: disponível para aluguel em Apple iTunes e Google Play Movies

"Sete Dias com Marilyn" (2011)

Colin Clark era um assistente no set de filmagens de "O Príncipe Encantado", protagonizado por Marilyn Monroe. Na época, ela estava em lua de mel com o dramaturgo Arthur Miller. Mas, quando o marido dela deixou a Inglaterra por um curto período, Colin Clark passou uma semana ao lado da atriz com o objetivo de mostrar os prazeres da vida britânica. Os sete dias viraram uma espécie de fuga para Marilyn Monroe, que queria se distanciar da pressão dos holofotes.

Onde assistir: Amazon Prime Video

Podcast Vida&Arte

O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker. Confira o podcast clicando aqui.

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