De vaias a cancelamentos: o Rock in Rio através dos anos

Ao longo dos 37 anos de história, o festival acumula histórias de emoção, homenagens e diversão, mas também de violência e cancelamentos

Neste fim de semana, chega ao fim mais uma edição do Rock in Rio. Com 37 anos de história, o festival brasileiro se tornou um dos maiores do mundo. O Vida&Arte relembrou a primeira edição do evento (1985) em um especial publicado no último sábado, 3, e hoje traz os acontecimentos mais marcantes ao longo das edições que se seguiram.

A segunda edição veio seis anos depois. O festival foi realizado no estádio de futebol do Maracanã e atraiu 700 mil pessoas em 9 dias de evento. A-Ha, Prince, George Michael e Guns N' Roses foram algumas das atrações. Mas, assim como Erasmo Carlos sofreu na primeira edição do RiR, o roqueiro Lobão foi o "escolhido" da vez para sofrer com a fúria dos metaleiros.

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O artista tocou após o Sepultura e antes do Megadeth. Ao subir no palco, foi tão vaiado pelo público, que também atirou objetos no cantor, que abandonou o show na segunda música de seu repertório. Após a saída do artista, a escola de samba Mangueira, que iria fazer uma participação especial em seu show, acabou subindo no palco sem ele e enfrentou a fúria do público.

"Por Um Mundo Melhor"

Dez anos depois aconteceu a terceira edição do Rock in Rio. A edição tinha o lema "Por Um Mundo Melhor" e contou com um ato simbólico de três minutos de silêncio antes do início das apresentações no primeiro dia. Mas foi marcada por polêmicas, como o boicote das bandas brasileiras ao festival. Os músicos das bandas O Rappa, Cidade Negra, Raimundos, Charlie Brown Jr, Skank e Jota Quest exigiam melhores condições para as bandas nacionais, tanto em cachê quanto em estrutura.

Enquanto algumas bandas receberiam R$20 mil, a dupla Sandy e Junior ganharia R$100 mil, cinco vezes mais, o que não agradou os roqueiros. Além disso, o grupo O Rappa teve seu horário de apresentação antecipado, sem direito a passagem de som. Ao questionar se as bandas estrangeiras receberiam o mesmo tratamento, o grupo carioca foi convidado pelos organizadores a deixar o evento. Após esse episódio, outras bandas, como Cidade Negra, Raimundos, Charlie Brown Jr, Skank e Jota Quest, cancelaram suas apresentações em ato de apoio.

Outro episódio que marcou a edição foi o show de Carlinhos Brown. Durante a apresentação do cantor, o público atirou diversos objetos contra ele, vaiou e gritou "fora". "Pode jogar o que você quiser que eu sou da paz e nada me atinge", chegou a dizer na ocasião. "Vocês que gostam de rock, vocês têm muito que aprender na vida, aprender a respeitar o ser humano, dizer não a violência e dizer sim ao amor", completou.

Edições pelo mundo

Nos anos que se seguiram, o festival realizou três edições em Lisboa e uma na Espanha, até que em 2011 retornou ao Brasil. O evento, que antes focava mais em atrações de rock passou a incluir mais artistas do pop, como Katy Perry, Kesha e Rihanna. Mesmo já tendo incluído Britney Spears em 2001, a presença mais forte do pop nessa edição foi alvo de críticas.

Um dos momentos marcantes dessa edição foi um tributo ao grupo Legião Urbana, que contou com a presença de ex-integrantes da banda e outros artistas convidados. Músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira também participaram do momento.

Em 2012, ocorreram mais duas edições, em Lisboa e Madrid, e em 2013 o festival retornou ao Rio, esgotando os ingressos em poucas horas. Nesse ano, algumas das atrações foram Metallica, Iron Maiden, Justin Timberlake, Florence and the Machine, Sepultura, Nickelback, Bon Jovi, Avenged Sevenfold, John Mayer, Muse e até Beyoncé. Com blusa branca básica e short jeans, a cantora levou funk para o palco, dançando "Ah Lelek Lek".

10 anos de Rock in... Lisboa 

No ano seguinte, o festival foi para Lisboa celebrar seus dez anos em Portugal e em 2015 comemorou seus 30 anos com duas edições, uma em Las Vegas e outra no Rio de Janeiro. A edição carioca contou com Queen + Adam Lambert, Metallica, Elton John, Rod Stewart, Rihanna, Katy Perry, System of a Down, Slipknot, Mötley Crüe, Faith No More, Sam Smith, AlunaGeorge e A-Ha.

O show de Rihanna chegou a 7,5 milhões de telespectadores e ultrapassou a premiação de clipes MTV Video Music Awards, veiculada na mesma noite.

Em 2016, acontece mais uma edição em Lisboa e no ano seguinte mais uma edição carioca. As principais atrações foram: Maroon 5, Justin Timberlake, Red Hot Chili Peppers, Aerosmith e Bon Jovi. Shawn Mendes, 5 Seconds of Summer, Alicia Keys, Fall Out Boy, 30 Seconds to Mars e Walk the Moon também marcaram presença num evento que também teve audiência cativa pela TV. Jota Quest, Capital Inicial, Skank, Titãs e Ivete Sangalo foram algumas atrações nacionais. Mas o grande destaque ficou para o lendário The Who, banda em atividade desde o Woodstock (1969) que veio pela primeira vez ao Brasil.

Na ocasião, o idealizador do festival Roberto Medina chegou a declarar que poderia ser a última edição no Brasil. "Vou dizer uma coisa que nunca disse a ninguém: se nada mudar neste país, esse será meu último Rock in Rio. Não faz sentido ficar aqui. E não é para ir para Portugal, é para sair daqui. Não consigo conviver com tanta incompetência, tanta falta de cidadania. Às vezes me sinto sozinho. O que a gente tem de fazer, todos nós, é reivindicar mudanças, ajudar e resolver a questão de segurança pública pra valer. É difícil, mas temos que tentar", disse em entrevista a revista Veja. Mas como se sabe, isso não aconteceu.

Cancelamentos e proibições

Em 2018, o festival aconteceu novamente em Lisboa, mas no ano seguinte já retornou ao Brasil. A edição passou por alguns perrengues, como o cancelamento do show de Cardi B por "motivos pessoais", que foi substituída por Ellie Goulding, e o cancelamento do Megadeth após o vocalista ser diagnostica com câncer.

Apesar disso, o evento reuniu importantes atrações, como Drake, Bebe Rexha, Alok, Foo Fighters, Bon Jovi, Ivete Sangalo, Anitta, Red Hot Chili Peppers, Panic! at the Disco, Iron Maiden, Scorpions, Sepultura, The Black Eyed Peas, Muse, Pink e Imagine Dragons. Aliás, nessa edição aconteceu a polêmica proibição de transmissão do show de Drake. O artista chegou a afirmar que o motivo pelo qual cancelou a transmissão foi a chuva. Com isso, a Multishow decidiu reprisar o show de Rihanna, ex-namorada dele, no horário da apresentação do rapper.

O festival retornou agora em 2022, após ser adiado em 2021 por conta da pandemia de Covid-19. Resta agora esperar o fim dessa edição para saber quais histórias teremos para contar desse intenso e marcante evento.

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