Salão de Abril: Artistas apontam problemas na organização do evento

Alguns dos pontos criticados são cronograma "incongruente e apresentado tardiamente" aos participantes, montagem errada de trabalhos e desrespeito a nomes sociais de artistas

A 73ª edição do Salão de Abril foi aberta para visitação de público geral nesta quinta-feira, 8, no Centro Cultural Casa do Barão de Camocim. Com entrada gratuita, o tradicional evento de artes visuais reúne trabalhos de 33 profissionais, sendo a maior parte deles formada por pessoas que residem no Ceará. A atual edição do evento, entretanto, tem sido marcada por erros de execução e descontentamento de artistas participantes.

Alguns dos pontos criticados são o cronograma "incongruente e apresentado tardiamente", que teria prejudicado a montagem e o trabalho da curadoria; a burocracia no processo de inscrição; manipulação e montagem errada de trabalhos e a divulgação de dez nomes "mortos", desrespeitando o nome social de artistas participantes.

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O produtor e gestor cultural Gyl Giffony - e outros participantes desta edição do evento - publicou no Instagram uma carta coletiva de repúdio contra a forma como o Salão de Abril - realizado pela Secultfor e pelo Instituto Cultural Iracema (ICI) - tem sido produzido.

 

Os artistas relatam problemas com o cronograma disponibilizado pelo evento para a montagem da exposição, que chegou a atrapalhar também o trabalho feito pela curadoria. Além disso, pedem “diminuição da burocracia” durante o processo de inscrição de proponentes.

A carta também cita “transfobia institucional” diante da divulgação de nomes “mortos” na lista de participantes, desrespeitando os nomes sociais de artistas selecionados para expor obras no Salão de Abril. As reclamações também apontam erros como “manipulação e montagem errada dos trabalhos” até a “não constância de obras” durante o evento de lançamento do Salão de Abril, realizado na última segunda-feira, 5.

Os artistas também cobram a garantia de oferta devida dos equipamentos e condições de expografia apontados para cada obra na ficha de inscrição, transparência do orçamento e melhorias em infraestrutura e mão de obra.

Gyl Giffony leva ao Salão de Abril, junto com a Inquieta Cia, uma performance coreografada "Construção Civil", resultado de um filme em colaboração com Lua Alencar e Thereza Rocha. Essa será a primeira participação do grupo no Salão. O que estava consolidado como "uma grande expectativa" para essa estreia acabou se tornando uma frustração. "Essa expectativa é um retrato de algo que todo dia nós passamos como artistas no Ceará. Parece que temos que estar o tempo todo nos afirmando como profissionais diante de gestões que não trabalham no mesmo nível da nossa entrega como artista", afirma.

Conselheira Estadual de Cultura na área de Performance e artista, Aires Furtado também pontuou erros que têm ocorrido. "Acredito que esses inúmeros problemas de produção e de gestão impedem que o Salão tenha de fato a potencialidade que ele poderia ter. Eles acabam colocando situações completamente desconfortáveis para artistas, para a curadoria e para diversas pessoas que estão envolvidas tentando fazer que o evento dê certo", afirma.

O que a Secultfor diz

Questionada sobre quais ações foram realizadas diante da divulgação de nomes "mortos", a Secultfor afirma que assumiu o "erro" publicamente e fez "a retificação devida" assim que foi identificada a situação. A secretaria também diz que foram contratadas pessoas LGBTQIA para "compor o quadro de preceptores/educadores que farão o acompanhamento de visitas guiadas à exposição".

Além disso, ao ser perguntada sobre quais medidas estão previstas em próximos editais para maior inclusão da comunidade LGBTQIA+ em eventos da Prefeitura, a secretaria afirmou que neste mês haverá a VII Conferência Municipal de Cultura para construir, junto a artistas, produtores culturais, pesquisadores e gestores, “as diretrizes para uma política pública cultural integrada”.

Por meio de nota, a Secretaria afirmou que está apurando os pontos criticados e convidou os artistas selecionados no 73º Salão de Abril para uma conversa a ser realizada no Teatro Antonieta Noronha, na próxima segunda-feira, 12, às 14 horas.

"A Prefeitura de Fortaleza compreende o Salão de Abril como um relevante espaço de debates, proposições e vanguarda, que dialoga com a produção cultural do Ceará e do Brasil há mais de sete décadas. Não sem precisar se desconstruir, não sem precisar recuar e se refazer", diz na nota. "Algumas medidas já estão sendo encaminhadas pela Secultfor e o ICI como forma de alinhar cada vez mais o Salão de Abril com as provocações que permeiam as perspectivas sobre a cultura e estão entrelaçadas com aspectos sociais e políticos", complementa.

 

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