Emanoel Araújo, fundador do Museu Afro Brasil, morre aos 81 anos
Gay e negro, Emanoel Araújo foi uma figura importante na cultura brasileira ao assumir a direção de museus relevantes no cenário nacional
16:25 | Set. 07, 2022
Nesta quarta-feira, 7 de setembro, morreu o artista plástico e fundador do Museu Afro Brasil, Emanoel Araújo. Aos 81 anos, ele foi encontrado morto por um funcionário do museu que foi até sua casa no bairro da Bela Vista, na capital paulista. O artista foi símbolo de representatividade na cultura brasileira por ser negro e homossexual, mas também teve uma vida marcada por polêmicas.
Nascido em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, Emanoel Araújo veio de uma família de ourives. A primeira exposição do artista aconteceu na sua cidade natal em 1959. Posteriormente, mudou-se para Salvador, onde estudou na Universidade Federal da Bahia (UFBA).
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Em 1981, realizou sua primeira exposição individual no Museu de Arte de São Paulo. Conquistou diversos prêmios ao longo da vida, como medalha de ouro na 3ª Bienal Gráfica de Florença (1972), prêmios de melhor gravador (1973) e de melhor escultor (1983) da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e Prêmio "Cicillo Matarazzo" pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), em 1998 e 2007.
Além de idealizar o Museu Afro Brasil, foi diretor do Museu de Arte da Bahia, de 1981 a 1983, e da Pinacoteca do Estado de São Paulo, nos anos de 1992 a 2002. "Quando fui nomeado diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 1992, as pessoas diziam: 'Como um negro, baiano?'. Eu dizia: 'Não só negro, mas homossexual também'", disse na edição 26 da ARTE!Brasileiros, em setembro de 2014. Em meio a tantos marcos na carreira, Emanoel Araújo também se envolveu em polêmicas.
Apesar de ter se declarado gay, era contra a adoção por casais homossexuais. "Se queria ser pai, por que não virou hétero, não pegou sua mulher e fez seu filho? Que é isso, gente? Sou homossexual, vou querer ter uma filhinha? Isso realmente é meio canalha", disse à Folha. O artista também foi acusado de assédio po ex-funcionário do Museu Afro, mas sempre negou as acusações.
Atualmente, Emanoel Araújo trabalhava em uma exposição temática sobre o bicentenário da independência do Brasil, que seria lançado no mês de novembro. O trabalho iria relacionar a data de 7 de setembro com o dia 2 de julho de 1823, data de efetivação do movimento da independência baiana que efetivou o processo de emancipação do Brasil.
O velório do artista será realizado nesta quinta-feira, 8, a partir das 9h, na sede do Museu Afro Brasil. O evento será aberto ao público e a entrada será feita pelo Portão 3 do Parque Ibirapuera. O sepultamento acontecerá às 16h, no Cemitério da Consolação.
Rodrigo Garcia (PSDB), governador de São Paulo, decretou luto oficial de três dias no estado. "Emanoel Araújo foi um ícone da cultura negra no Brasil. Artista, professor, pesquisador e gestor público de múltiplos talentos, Emanoel deu uma nova dinâmica à Pinacoteca de São Paulo, fundou o Museu AfroBrasil e trabalhou durante toda sua vida pela valorização da história da arte afrodescendente brasileira e da arte africana. São Paulo seguirá com seus ensinamentos”, declarou.
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