Os Anéis de Poder: O que esperar da nova série da Amazon Prime?
O Vida&Arte assistiu aos primeiros episódios de "O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder" e conta sua opinião. A série estreia nesta sexta-feira, 2, no Amazon Prime
12:00 | Ago. 31, 2022
Quando o mundo parece viver em paz, a Terra-Média é assombrada pelo ressurgimento de Sauron. Após 21 anos do lançamento de “O Senhor dos Anéis” nos cinemas, o universo criado por J. R. R. Tolkien ganha uma nova adaptação audiovisual com a série “O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder”, que estreia no Amazon Prime Video nesta sexta-feira, 2, data em que completa 49 anos da morte de Tolkien.
Agora que o público já conhece as histórias de Frodo e até mesmo de Bilbo Bolseiro, que ganhou sua própria adaptação cinematográfica a partir de 2012 com o lançamento de “O Hobbit”, chegou a hora de mergulhar nos eventos que envolvem a origem de todas essas aventuras, a criação dos anéis, que até então havia sido resumida em um prólogo.
Com diferentes arcos, a história se passa milhares de anos antes de “O Senhor dos Anéis”. Apesar de ser baseado no universo de Tolkien, os criadores se deram a liberdade de criar novos personagens e novas histórias. Para uns isso foi motivo de empolgação, já para outros foi motivo de ofensa.
Mas “Os Anéis de Poder” não é qualquer produção. De acordo com a Variety, a primeira temporada custou cerca de US$465 milhões e se tornou a série mais cara de todos os tempos. Será que o orçamento milionário foi capaz de produzir uma adaptação à altura do universo de Tolkien? O Vida&Arte assistiu aos dois primeiros episódios e traz a você uma análise desses primeiros momentos.
Alerta de Spoilers | O que esperar de "Os Anéis de Poder"
Como Bilbo Bolseiro já avisou em “A Sociedade do Anel”, a Terra-Média é coberta por incontáveis criaturas e “Os Anéis de Poder” se propõe a mostrar essa vastidão. Mas o primeiro episódio se inicia com uma criatura já bem conhecida: a elfa Galadriel.
A sequência de cenas inicial foca em um diálogo entre a elfa, em sua infância, e seu irmão. Aliás, as conversas realizadas ao longo do episódio costumam ser profundas e provocam reflexões no telespectador. O elfo instiga a irmã a aprender a discernir a verdade, porque nem sempre o terá presente para guiá-la. E o conselho se cumpre.
Quando o tirano Morgoth surge e destrói Valindor, o lar de Galadriel e sua família, uma legião de elfos vai à guerra na Terra-Média. A batalha dura séculos e os orques desse Grande Inimigo se espalham sob o comando de seu servo, Sauron. O irmão de Galadriel jura destruir o cruel feiticeiro, mas acaba sendo morto por ele. A partir disso, a elfa toma para si o juramento do irmão.
Por séculos, Galadriel caça Sauron, mas não consegue encontrá-lo. O sumiço do feiticeiro fez com que os elfos acreditem que já não há mais ameaça, porém, tomada pelo sentimento de vingança, a elfa se mantém firme de que ainda irá encontrá-lo. Até que, após anos de buscas, ela retorna à Lindon, a capital dos altos-elfos, e recebe a honraria de ir para as Terras Imortais de Valinor. Mas não é esse seu desejo.
Galadriel quer continuar sua procura por Sauron. Ela pensa em recusar a oferta do rei, mas seu amigo Elrond a alerta de que ninguém jamais negou essa dádiva e caso ela recuse, pode nunca mais receber a oferta novamente. Com isso, a elfa precisará escolher entre ir para o destino oferecido ou seguir seu coração.
A partir dessa jornada, a série apresenta uma protagonista forte e corajosa. É a primeira vez que a Terra-Média ganha uma personagem feminina no centro de sua trama e isso precisa ser destacado. Galadriel se mostra destemida a cada decisão e também tem a prepotência necessária para enfrentar obstáculos, resta saber se isso culminará em uma possível arrogância da personagem.
Enquanto isso, outros locais começam a receber os primeiros sinais do ressurgimento do mal. Nas terras do sul, onde habitam os homens, animais começam a apresentar sinais de envenenamento. Arondir, é um dos elfos que está na região a serviço do Alto-Rei, mas com a crença de que já não há mais ameaças, o líder supremo dos elfos declara o fechamento dos postos avançados e Arondir deve deixar o local. Mas antes disso, o elfo decide ir até o leste para descobrir a causa do envenenamento dos animais.
Os pés-peludos, que são os ancestrais dos hobbits, também passam a presenciar uma série de eventos misteriosos. Aqui vemos a harmonia do Condado e a alegria de viver em bando, mas nem todos se contentam com isso. Enquanto seu povo vive em segredo numa sociedade pastoril, a jovem Nori tem interesse em explorar e sair de vez em quando da rota de sua comunidade. Com isso, ela acaba encontrando um ser desconhecido que parece ter ligação com eventos estranhos que afetam os pés-peludos.
As críticas por trás da série
Antes de sua estreia, “Os Anéis de Poder” já enfrenta seus haters. Uma busca rápida na internet, seja nos comentários do trailer ou em depoimentos de fãs publicados nas redes sociais, mostra que parte dos admiradores da obra de J. R. R. Tolkien não está satisfeita com algumas posturas da adaptação, como a busca por diversidade e a liberdade de criação. Para alguns deles, é inconcebível utilizar o universo de Tolkien para criar algo novo.
Falando de diversidade, a série traz pela primeira vez nesse universo um elfo negro, chamado Arondir, o que não agradou parte dos fãs. Entre os argumentos utilizados, alguns afirmam que Tolkien baseou sua obra na mitologia nórdica, por isso não faria sentido incluir personagens negros já que a mitologia teve origem nos países escandinavos. Mas será que falando de uma obra de fantasia e ficção, onde há elfos, hobbits e orques é tão absurdo assim incluir personagens negros?
Outro motivo de crítica foi a liberdade de criação. Enquanto as trilogias “O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit” foram baseadas em livros completos, “Os Anéis de Poder” é inspirado em notas no prólogo, notas de apêndice e frases isoladas. Ou seja, terão coisas na série que não pertencem à criação original de Tolkien.
As críticas ficaram ainda mais fortes quando Peter Jackson, diretor das trilogias “O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit”, revelou que não teve participação na série. Ele afirmou em entrevista que chegou a ser procurado e pediu para ler os roteiros, mas depois disso os produtores da Amazon Studios nunca mais teriam entrado em contato com ele. Porém, nos créditos da série consta que Simon Tolkien, neto do autor dos livros, prestou consultoria à produção.
Apesar das críticas, “O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder” consegue entregar uma produção audiovisual esteticamente agradável, o que já é esperado, tanto pela riqueza de imagens mostradas nos trailers como pelo orçamento milionário. Quanto melhor a qualidade e maior a tela em que você for assistir, melhor será a experiência.
Já os cenários, figurinos e caracterização se destacam pelo cuidado aos detalhes, como na trilogia original. Mas há algumas mudanças. Os elfos, por exemplo, perdem a aura quase divina que os acompanhavam e passa a parecer mais como humanos, mas claro, não perdem suas orelhas pontudas.
A série também possui diálogos bem construídos e dá pra imaginar facilmente as frases viralizando em cortes nas redes sociais. A trilha sonora é calorosa, especialmente nas cenas que envolvem os pés-peludos e remete suavemente às cenas no Condado dos hobbits da trilogia original.
Além disso, os diferentes arcos apresentados nos primeiros episódios estão bem conectados com a trama geral. Resta saber se nos próximos episódios será possível manter essa harmonia, tendo em vista que os criadores afirmaram haver múltiplas linhas de história.
Podcast Vida&Arte
O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker. Escute o podcast clicando aqui.