Coluna Vanessa Passos: Uma escrita culpada: dividida entre o tempo para criar e para cuidar dos filhos

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Escrever sobre culpa é sempre um desafio para mim, porque durante muito tempo ela dominou minha vida e minha mente. É um fantasma que ronda à espreita, sempre em busca de espaço e retorno. Mas escrever sobre ela é também libertar-me e ajudar com que outras mulheres possam se libertar, trazendo à luz discussões que são negligenciadas.

Lembro-me de uma vez em que eu dava uma consultoria literária para uma aluna e ela me confessou que o que a bloqueava na escrita do romance é que ela se sentia culpada por ver que a escrita roubava justamente o tempo durante o qual ela poderia estar com a sua filha. Então eu disse: “Não há nada melhor para sua filha do que ter a mãe feliz”. Ela sorriu aliviada.

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Essa ideia de que a mãe precisa abrir mão de tudo e viver em função do filho ou do marido, que é necessário abandonar seus sonhos e projetos, é mais uma maneira de subjugar a mulher. Depois da minha tomada de consciência, busco ajudar outras mulheres a encontrarem seu potencial criativo e se permitirem um tempo para criar.

Foi bonito ver essa escritora (e mãe) ampliar a maternidade e também parir palavras, finalizar e publicar o seu romance. Mas a sociedade não nos perdoa, está sempre pronta a nos criticar, a pontar o dedo.

Tenho outra aluna que é mãe de três e, mesmo depois de passar por tantos partos, não deixou de se emocionar com o parto do filho-livro, um livro de contos bonito que se chama “Como as amizades acabam”, publicado de forma independente, do qual eu tive a alegria de escrever o texto da quarta capa.

Ao vê-la colocando seu livro no mundo, mesmo com inseguranças e medos, mas também feliz por alcançar leitores e ser lida em vida, tive a certeza de que nós, escritoras-mães, precisamos de espaço para criar. Nossas crias agradecem quando estamos realizadas e plenas. E se tem uma coisa que aprendi com a escritora Maya Angelou é que “Não há agonia maior do que ter uma história não contada dentro de você”.

Links:
Como as amizades acabam, de Fernanda Misumi

Leia Também | Confira a coluna anterior de Vanessa Passos: Homens, leiam mulheres! Antes tarde do que nunca

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