Brasileiros ouvem mais podcasts e vão menos a bibliotecas, diz pesquisa
Levantamento abordou hábitos culturais dos brasileiros no último ano, gasto média com cultura e relação de consumo cultural e saúde mental
14:52 | Ago. 25, 2022
Com a pandemia de Covid-19, as atividades culturais tiveram que ser adaptadas ao formato online e, mesmo diante do avanço da vacinação, parte das mudanças permanecem. É o que mostra a pesquisa sobre hábitos culturais realizada pelo Itaú Cultural e DataFolha. Entre os destaques está o aumento no número de pessoas que escutam podcasts e diminuição dos frequentadores de salas de cinema e bibliotecas.
Os resultados apontaram que 38% dos entrevistados afirmaram não frequentar salas de cinema há mais de um ano, 36% disse nunca ter ido ao cinema e apenas 26% assistiu a filmes presencialmente nos últimos 12 meses. Em pesquisas realizadas antes da pandemia, 59% declaravam frequentar o cinema.
Já as bibliotecas, apenas 11% diz ter ido alguma vez no último ano, enquanto 41% foi há mais de 12 meses e 48% nunca frequentou bibliotecas.
Em contrapartida, os podcasts antes escutados por 32% dos entrevistados, foram ouvidos por 42%. A alta é de 10 pontos percentuais no número de ouvintes do início da pandemia, em 2020, até este ano.
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Atividades Culturais e Saúde Mental
A relação entre consumo cultural e saúde mental foi outro ponto presente na pesquisa. Nos últimos 12 meses, 49% dos entrevistados conviviam com alguém com problemas de ordem mental na família. Destes, 68% dizem que procuraram tratamento.
Diminuir o estresse, combater a ansiedade e a solidão foram alguns dos benefícios citados pelos que responderam a pesquisa. 48% dos respondentes consideram que as atividades culturais online contribuíram para melhorar a qualidade de vida, aumento de 4% em relação a 2021.
Pesquisa auxilia tomada de decisões
Para Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, a pesquisa representa um passo rumo à qualificação das ações decisórias no campo cultural. “Essas evidências permitem que o sistema cultural brasileiro como um todo tome melhores decisões”, afirma.
Saron chama a atenção para o momento atual, “as pessoas querem fazer coisas presenciais, mas o retorno ainda não se deu por completo”, alerta.
O levantamento entrevistou 2.240 pessoas em todas as regiões do País, entre homens e mulheres, com idade entre 16 e 65 anos, de todas as classes econômicas. Na região Nordeste, foram entrevistadas 400 pessoas.
Gasto médio com cultura
A região Sul é a que mais gasta com atividades culturais presenciais. Os sulistas desembolsam, em média, R$189,06 por mês com cultura. Em seguida, estão as regiões Sudeste (R$183,43), Norte e Centro-oeste (R$179,11) e, por último, a Nordeste com cerca de R$160,48 mensais.
Já para serviços culturais onlines, o Norte e o Centro-Oeste dividem a liderança, com um gasto de R$159,18. Logo depois vem a região Sudeste (R$132,86), Sul (R$122,74) e o Nordeste, com gasto de R$102,93.
Híbrido, online ou presencial?
Os shows presenciais ainda são preferência de 72% dos entrevistados. Somente 19% têm preferência pelo formato online. A mesma tendência ao presencial aparece em espetáculos de circo, teatro e dança, com 73%. A principal razão apontada é o contato com outras pessoas, motivo de 30% dos respondentes, que apresentou queda de 7% em relação a 2021.
O novo cenário requer esforços por experiências que possam surpreender o público, defende o gestor do Itaú Cultural. “Agora a gente precisa oferecer a experiência virtual mais qualificada, porque se no período mais intenso da pandemia as pessoas tinham mais tolerância com som e imagem comprometido, hoje naturalmente o público exige que a gente aumente essa régua”, diz Saron.
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