Evento "Rotas Brasileiras" promove encontro entre artes feitas pelo Brasil

Feira "Rotas Brasileiras", realizada pela SP-Arte, acontece até domingo, 28 de agosto, em São Paulo

O Brasil - País de tamanho continental e que reúne diferentes culturas e tradições em seus mais de 8,5 milhões de km² - tem uma produção artística múltipla. A depender da região, há diferentes visões e modos de produção relacionados à arte. Com o objetivo de promover encontros entre pessoas do mercado e incentivar o conhecimento do público geral, a primeira edição da feira "Rotas Brasileiras" acontece até domingo, 28 de agosto, em São Paulo.

O evento, realizado pela SP-Arte, é uma reformulação da já tradicional SP-Foto. Antes voltada apenas para a fotografia, a ação se estende para diversas linguagens artísticas. Em sua primeira edição, há a expectativa de que milhares de brasileiros visitem o espaço, que está localizado na Arca.

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"Há 12 anos, a gente vinha fazendo, sempre no mês de agosto, para abrir o calendário do mercado de arte do segundo semestre, uma feira focada em fotografia. Com as mudanças que a gente viveu e tem vivido com a pandemia, e terminada a fase aguda de pandemia, o mundo todo passou por algumas transformações, inclusive o mercado da arte", explica Tamara Brandt, diretora de Novos Negócios da SP-Arte.

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"A SP-Arte Rotas Brasileiras nada mais é do que uma ampliação da SP-Foto. É uma feira que já existia no calendário, mas que era bem focada em fotografia. A gente quis expandir isso para um olhar diverso. A produção nacional é tão rica e é, muitas vezes, difícil de ter acesso no Sudeste. A gente acaba vendo e conhecendo uma produção artística muito do Sudeste. E, ao mesmo tempo que o mercado de arte está muito forte em São Paulo, você tem um grande mercado de arte com grandes colecionadores em outras regiões. Fortaleza é um exemplo", cita a profissional. A partir de uma pesquisa sobre o interesse de quem trabalha no meio, os 70 expositores do evento se tornaram uma espécie de panorama da produção artística nacional.

Tamara Brandt ressalta que isso é uma tendência mundial. "Se até alguns anos atrás, o bacana era ser global, hoje se tem a consciência de que é muito importante saber de onde a gente vem e o que é muito próprio nosso. O que nos torna únicos e originais?", reflete. Por causa disso, nomes com reconhecimento internacional estão ao lado de artistas ainda pouco reconhecidos pelo mercado brasileiro. "A gente tentou trazer o máximo possível dessa riqueza, sempre com uma régua de qualidade muito alta. O Rotas Brasileira tem a possibilidade de fazer essa articulação", comenta.

Diversidade de projetos

Na feira, há galerias que já são recorrentes, como Almeida & Dale, Zipper, Verve, Choque Cultural, Millan e Galleria Continua. Outros estados também estão presentes, como Pernambuco, com Marco Zero; Bahia, com Paulo Darzé e Alban; Alagoas, com Karandash; e Paraná, com Zilda Fraletti.

Projetos fora do eixo Rio-São Paulo foram convidados. É o caso, por exemplo, do "Novos para Nós", idealizado por Renan Quevedo, pesquisador, curador e palestrante. A iniciativa, que mapeia e divulga a arte popular do Brasil, apresenta trabalhos de artistas do Vale do Jequitinhonha durante o evento.

Outro destaque é o "Preamar", rede de ações que busca incentivar a produção artística do Maranhão. O trabalho surgiu de uma ideia do artista Thiago Martins de Melo e do curador Germano Dushá para unir os espaços que atuam com arte no estado. "Hoje o Preamar tem apoio da universidade, de dois espaços independentes de arte, além da Lima Galeria, que faz essa conexão com o mercado", indica o curador Yuri Sampaio Logrado.

Com atividades iniciadas em 2022, a primeira etapa do Preamar aconteceu com duas exposições e residências artísticas entre abril e maio. "O Maranhão é muito rico em várias manifestações culturais. É um lugar de muita ancestralidade afroindígena. E tem esse lugar da arte contemporânea, que ficava um pouco apagado. O Preamar tem essa intenção de articular esses sujeitos e iniciativas e levar isso para fora, para o Brasil conhecer", diz Yuri.

Arte como diálogo

Para a diretora Tamara Brandt, um dos principais objetivos da "Rotas Brasileiras" é servir como uma catalisadora, criadora e fomentadora de uma comunidade. "Todo mundo que trabalha para a arte, com a arte e que ama a arte acaba formando uma comunidade. Acho que essa possibilidade de unir as pontas é muito importante. Isso é um compromisso e um desejo nosso. Tem vários artistas bons fazendo arte que precisa ser vista e conhecida e que, às vezes, não tem acesso a um sistema maior porque geograficamente não está em um centro onde as coisas acontecem", ressalta.

Ela explicita que, no momento sociopolítico que o Brasil enfrenta, a arte surge como uma forma de diálogo. "A gente é capaz de sair desse lugar comum e pensar em um projeto de diversidade e ter orgulho da diversidade. O que a gente tem de bom não é a gente ser igual, é a gente ser diferente. Acho que esse direcionamento para a valorização da diversidade é construtivo", avalia.

Repórter viajou a convite da SP-Arte.

Rotas Brasileiras

Quando: até 28 de agosto; de quarta-feira a sábado, das 12h às 20 horas: domingo, das 11h às 19 horas
Onde: Arca, em São Paulo (avenida Manuel Bandeira, 360 - Vila Leopoldina)
Quanto: R$25, a meia-entrada, e R$50, a inteira
Mais informações: no site e no Instagram 

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