Cláudia Celeste, primeira travesti a atuar em novelas, é homenageada pelo Google
Atriz carioca Cláudia Celeste foi homenageada pelo Google sendo destaque da página inicial do site da empresa. A artista foi a primeira travesti a ter papel fixo em uma novela no Brasil
11:17 | Ago. 22, 2022
Em 22 de agosto de 1988, há 34 anos, estreava na Rede Manchete a novela "Olho por Olho". A trama ficou marcada na história do Brasil por ter sido a primeira vez em que uma travesti atuou do início ao fim em uma novela: a atriz carioca Cláudia Celeste, que ganhou homenagem do Google nesta segunda-feira, 22.
Nascida em 1952 no Rio de Janeiro, a atriz interpretava na novela a prostituta Dinorá, que era amiga de Paula (vivida por Beth Goulart) e se envolvia com Máximo (Mário Gomes). Cláudia compunha o elenco de apoio, mas a presença da artista na trama foi o suficiente para causar repercussão e marcar a história da TV brasileira.
O Doodle do Google, imagem que aparece na página inicial do site, traz ilustração de Cláudia com destaque para as cores da bandeira trans. Além de atriz, ela também era cantora, dançarina, produtora e diretora.
Antes do papel em "Olho por Olho", nos anos 1970, Cláudia fazia parte de espetáculos em casas de shows famosas do Rio de Janeiro em parceria com outras atrizes trans e travestis. Ela ainda competia em concurso de beleza, tendo ganhado títulos como o Miss Brasil Trans.
A primeira oportunidade de Cláudia aparecer na TV se deu mais de uma década antes de "Olho por Olho". Em 1977, ela foi convidada pelo diretor Daniel Filho para participação na novela "Espelho Mágico", da Globo, contracenando com Sônia Braga.
O convite veio após o diretor ver uma performance de canto e dança de Cláudia no teatro. Nem ele, nem a equipe sabiam que a atriz era travesti. Cenas foram gravadas, mas a informação ganhou as manchetes e atraiu as atenções. Por medo da censura militar, a participação da artista não foi ao ar.
Antes disso, porém, a artista já tinha atuado em cinema, nos filmes "Beijo na Boca" (1982), de Paulo Sérgio de Almeida, e "Punks, Os Filhos da Noite", de Levi Salgado. Cláudia ainda apostou na música, criando com o marido Wagner Borges a banda Coisa que Incomoda.
Com o passar dos anos, seguiu atuando como performer de espetáculos de canto e dança com o grupo Golden Divas, além de ganhar homenagens em eventos da comunidade LGBTQ+. Em 13 de maio de 2018, Cláudia faleceu no Rio de Janeiro após infecção pulmonar causada por pneumonia.
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