Coluna Vanessa Passos: Homens, leiam mulheres! Antes tarde do que nunca

Num mercado literário dominado por escritores homens, é preciso rever o papel do leitor nesse cenário. Uma pergunta aos leitores homens: quantos livros escritos por mulheres você já leu?

Não é novidade que a maioria dos homens não lê mulheres. Não é novidade porque, inclusive, durante muito tempo, a referência para as próprias mulheres eram apenas os homens. Eu mesma, nos tempos de escola, só tive como referência Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles e Cecília Meireles, todas espremidas na imensidão de escritores. Talvez por isso, pra mim, a possibilidade de me imaginar escritora só veio a partir da graduação em Letras, mesmo que eu já escrevesse desde o ensino fundamental, quando, tímida, me escondia na biblioteca.

Tenho muitas amigas escritoras e o relato é o mesmo: 90% ou mais dos meus leitores são mulheres, os homens não me leem, é raro. Carla Guerson, autora do livro de contos "O som do tapa", publicado pela Editora Patuá, que traz as mais diversas personagens femininas, fez uma campanha interessante nas suas redes sociais. "Dê de presente do dia dos pais um livro escrito por uma mulher" e também falou sobre a importância de homens lerem mais mulheres. Afinal, a literatura é lugar da alteridade, de se colocar no lugar do outro.

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E a partir disso, comecei a refletir sobre um movimento interessante. Quando publiquei "A filha primitiva", inicialmente, tirando os poucos homens que me seguiam ou já me conheciam e acompanhavam o meu trabalho, foram as mulheres que, massivamente, leram, indicaram e avaliaram o romance. Fizeram com que o livro chegasse ao 1° lugar de mais vendidos, alcançasse mais de 120 mil páginas lidas e ultrapasse 1.000 avaliações na Amazon. As leitoras me deram um voto de confiança desde o início, apostaram na minha literatura, antes mesmo do romance se tornar vencedor do 6° Prêmio Kindle de Literatura.

O curioso é que depois do prêmio, tenho percebido que a quantidade de leitores homens tem aumentado. Como se eles esperassem uma validação externa para dizer: "É, acho que este livro pode ser bom". Não me entendam mal. Fico de fato muito feliz com os leitores e que eles aumentem a cada dia. Mas isso é para mostrar que esse movimento é geral, acontece com Carla Guerson, com Vanessa Passos e com diversas autoras. É preciso conversar, dialogar e refletir. Aprendi que o silêncio só reproduz violências, das mais sutis às mais cruéis. Esta coluna também tem esse papel de romper com o silêncio. Prometi para mim mesma que não ficaria em silêncio. Não mais.

Finalizo dizendo que esta coluna não é uma afronta para os homens, mas um chamamento: "Homens, leiam mulheres! Antes tarde do que nunca".

Links de livros:

- O som do tapa (clique aqui)

- A filha primitiva (clique aqui)

Leia Também | Confira a coluna anterior de Vanessa Passos: Não estou sem criatividade, só estou exausta

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