Parada pela Diversidade Sexual reúne celebração à vida e militância

A 21ª edição da Parada pela Diversidade Sexual do Ceará aconteceu no domingo, 7 de agosto, na avenida Beira-Mar e contou com momento de militância, leitura de manifesto e apresentações de música

Depois de dois anos com medidas de distanciamento causadas pela pandemia do coronavírus, milhares de pessoas se reuniram na Beira-Mar para se manifestar politicamente, celebrar suas existências e destacar que todos ali presentes permanecem vivos. A 21ª edição da Parada pela Diversidade Sexual do Ceará, que ocorreu sob o tema “Vivas e nas ruas: voto contra o fascismo e a LGBTIfobia”, lotou uma das grandes avenidas de Fortaleza e coloriu o cinza do asfalto com as cores vibrantes das bandeiras LGBTQIA+ no domingo, 7 de agosto.

O evento foi realizado pelo Grupo de Resistência Asa Branca (Grab) e teve apoio e patrocínio da Prefeitura de Fortaleza e do Governo do Estado do Ceará. Neste ano, a programação contou com um momento de militância de representações do movimento LGBTQIA+, um minuto de silêncio contra a LGBTIfobia e o LGBTIcídio e apresentações musicais de nomes conhecidos da Cidade. “A parada tem tom de evento, manifesto, festa e luta. Diferente de outros eventos da Cidade e de outras paradas pelo Brasil, ela se mantém apenas com recursos públicos. A gente sempre fala que, enquanto movimento, temos que acessar os espaços públicos. Isso é necessário para mobilizar nossa comunidade tendo em vista o contexto de violência e de vulnerabilidade em que nos encontramos”, afirma Dediane Souza, integrante da Grab.

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De acordo com ela, a temática desta edição foi escolhida com o objetivo de celebrar aqueles que estão vivos e de lembrar das pessoas que morreram por causa do preconceito ou do coronavírus. “A parada se coroa como evento de reivindicação política, como evento festivo, de mobilização. A gente tem uma parada linda, com as cores do arco-íris e com pessoas que celebram o amor, o orgulho e a resistência. Estamos vivas e nas ruas. Também estamos saudosas das que partiram pela LGBTIfobia ou pela covid-19”, afirma.

Durante o “Manifesto político em defesa dos Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Intersexos e outras identidades”, Dediane Souza expressou, em discurso para o público, o compromisso político do iniciativa: “Reagimos ao desmonte de muitas políticas sociais; ao desemprego, que afeta mais de 12 milhões de trabalhadoras e trabalhadores; às tentativas de acabar com a previdência pública; ao aumento dos níveis de pobreza extrema; ao Brasil voltando ao mapa da fome, enfim, às políticas regressivas em curso e capitaneadas por um Governo Federal declaradamente contra as minorias”.

O evento também reuniu várias atrações artísticas, como DJ Thigas, DJ Sol Duarte, Angel History, DJ Rayanna Rayovack e Luiza Nobel. E, no meio de tanta música (como Pabllo Vittar e Florence and The Machine), pessoas se vestiam com as cores de suas bandeiras e mostravam cartazes de apoio à comunidade LGBTQIA+. Uma dessas figuras era Pauler Modesto, da Igreja Apostólica Filhos da Luz, que segurava um papel com a frase: “Jesus cura a homofobia”. “Somos uma igreja inclusiva e pregamos o verdadeiro amor de Deus, independentemente da sexualidade. Deus é amor, é cura. Ele nos aceita como somos porque somos criação dele. Pregamos o amor de Deus para as pessoas, que Deus nos ama como somos. Sempre que tem parada, estamos aqui”, diz.

Na busca por se tornar um patrimônio imaterial de Fortaleza, a Parada Pela Diversidade Sexual é considerada a terceira maior do País. “É um evento da sociedade cearense muito importante. O tema é extremamente necessário diante do cenário atual do País com avanço do conservadorismo e da retirada de direitos. A população LGBTQIA+ luta pela cidadania e pela vida digna. Mas também é um momento festivo, de muita celebração do nosso orgulho, da nossa vida e da nossa diversidade. Queremos sempre uma parada com muito respeito, sem violência, com brilho, com nossas cores, com a celebração da vida e do nosso amor”, comenta Labelle Silva Rainbow, coordenadora executiva da Coordenadoria da Diversidade Sexual de Fortaleza.

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