Coluna Vanessa Passos: Que eu nunca perca a essência de autora independente

A maioria dos autores sonha em ser publicado por uma grande editora. Sonha em ter assessoria de imprensa, espaço na mídia, divulgação.

Minha trajetória começou como autora independente. Sempre fiz tudo sozinha. Planejar. Escrever. Revisar. Divulgar. Vender meu livro. Até então eu era minha própria assessora de imprensa. Fazia contatos, enviava release.

Por que então agora que estou numa grande editora eu deveria deitar na rede e descansar? Achar que apenas os outros precisam fazer tudo por mim?

Eu sei, eu sei. Pode ser o meu lado workaholic falando, querendo trabalhar mais e mais e sempre. Eu me questionei sobre isso. Mas me dei conta de que não era. A verdade é que eu me questionava: como posso entregar complementarmente a responsabilidade para outras pessoas de algo que é tão importante pra mim?

É claro que quero e desejo que toda autora e autor tenha apoio no processo de edição, publicação e divulgação do seu livro. Mas sempre acreditei que eu precisava ser a pessoa que mais acreditava no meu trabalho, antes de todo mundo.

Nesta Bienal, passei o primeiro dia inteiro autografando o meu livro em pé no stand do Grupo Editorial Record. Participei de 3 mesas literárias e ainda substituí uma autora que faltou numa outra mesa na programação. Entreguei meu livro para influenciadores que encontrei ao longo dos dias. Fiz comboio de leitores que não conseguiram pegar autógrafos e os levei até o stand para adquirir o livro autografado. Além de dar várias entrevistas nos intervalos.

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Fui comprar uma caneta e uma pessoa na fila me perguntou se eu era escritora, qual era o meu livro e minhas redes sociais. Dentro da Bienal, a internet nem sempre está boa. Mas rapidamente tirei da bolsa um marca página com minhas redes sociais. Estou sempre pronta para trabalhar… sem perder a essência de autora independente, mesmo agora em uma das maiores casas editoriais da América Latina.

Resultado: o livro está no ranking dos livros mais vendidos do stand do Grupo Editorial Record na 26° Bienal Internacional de São Paulo.

Quando vejo a colheita hoje. Consigo lembrar lá detrás. Do tempo de plantio. Do tempo de colocar as mãos na terra. Cavar. Cavar. Cavar. As mãos sujas de terra. Abrindo espaços. Colocar as sementes. Regar. Esperar. Esperar. Esperar. Continuar esperando até quase desistir. Mas continuar firme.

Estou aqui.

Vanessa Passos é escritora, professora de escrita criativa e vencedora do Prêmio Kindle com o livro "A filha primitiva"

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