Companhia de Teatro da Juventude estreia "A Mão e a Farsa" na sexta, 15
Companhia de Teatro da Juventude da Rede Cuca inicia curta temporada do espetáculo "A Mão e a Farsa" nesta sexta-feira, 15A família Gaspareto vira o centro das atenções quando um trágico acidente aéreo muda a sua vida. Na aeronave, não houve sobreviventes, e isso incluiu um de seus parentes, que foi dado como morto. Dele restou apenas uma de suas mãos. A partir disso, começa a se desenvolver uma história que envolve ganância, fé, corrupção e, acima de tudo, demonstra forte lado crítico.
Essas são algumas das características que ajudam a apresentar o enredo de “A Mão e A Farsa”, espetáculo dirigido por Renato Severo e desenvolvido pela turma de 2021 da Companhia de Teatro da Juventude da Rede Cuca. A peça estreia nesta sexta-feira e fica em cartaz nos dias 22 e 29 de julho. As exibições serão no Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno (Tupa), às 19 horas. Os ingressos serão vendidos por R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) e poderão ser adquiridos no local.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
O espetáculo começa com a apresentação de “uma mão segurando uma caixa de fósforo”, sendo ela a única “sobrevivente” do acidente de avião. A partir disso, os personagens resolvem criar uma fundação para que as pessoas visitem a “Mão da Salvação” - slogan criado para o membro - e façam doações em seu nome.
“Eles trabalham a exploração da (boa) fé do público em geral, que faz romarias para visitar aquela mão”, confidencia o diretor Renato Severo. Ele aponta que a obra busca demonstrar “quão fácil é para as pessoas de má-índole encontrar algo para enganar o público e assim conseguir lucro próprio, tirando proveito da boa-fé”. “É como o milionário que banca a campanha de um político corrupto e, juntos, eles procuram ganhar mais dinheiro a partir da corrupção e do uso do dinheiro público”, enfatiza.
A peça é baseada no texto “A Mão Que Balança o Bolso”, do dramaturgo cearense Fernando Lira. Assim que terminou a leitura da obra, Renato Severo imaginou um cenário que fosse ligado à estética de filmes de “gângsteres” produzidos nas décadas de 1940 e 1950. Com isso, quis estabelecer paralelos do texto com situações encontradas no Brasil.
“O texto do Fernando Lira mostra as grandes tramoias brasileiras disfarçadas e cita vários escândalos, mas na verdade o que quer colocar é que a corrupção, no Brasil, ainda é vista e procurada”, destaca Renato. Esse conceito se associaria ao desenrolar da trama do espetáculo de Severo, pois tudo está relacionado ao que os personagens farão com a “mão”.
Não foram poucos os desafios enfrentados para que a peça fosse finalizada. De acordo com Renato Severo, os atores vinham “de várias partes da cidade” para os ensaios, que aconteciam em quatro dias da semana e por três horas diárias. Além disso, era necessário lidar com cuidados para evitar contaminação pelo coronavírus. Os empecilhos foram superados, e a partir desta sexta-feira, 15, será possível conferir o resultado.
O elenco da peça é formado pelos atores Alex Paulino, Anderson Nunes, Denise Costa, Hadassa Costa, Julius France, Karina Lopes, Kevyn Costa Wolf, Malu Maciel, Samires Costa e Marcos Medeiros. Este, com oito anos de bagagem na cena teatral, interpreta Francisconi Lazarágio Gaspareto, o patriarca da família, “rico empresário do ramo de pizzarias e que pensa ser o poderoso chefão, mas que no fundo é um ‘filhinho da mamãe’ e que faz tudo o que a esposa manda”.
Marcos ressalta que o espetáculo proporcionará à sua carreira “várias primeiras vezes”, como a primeira vez em que aparecerá em cartazes, terá ingressos com sua foto e apresentará uma peça fruto de um curso de formação. Além disso, aponta o trabalho como uma forma de valorizar a arte da juventude.
“Para mim, o maior significado é mostrar essa importância de investir na juventude, como ela pode fazer arte e chegar a lugares que nunca chegou antes, se comunicar com outras pessoas e dizer que elas também podem fazer parte da cultura da sua cidade”, comenta.
A Companhia de Teatro da Juventude participa do programa “Futuros”, da Rede Cuca, sendo uma iniciativa de seleção de jovens que tenham interesse em atuar em projetos em áreas como comunicação, educação e artes, possibilitando, assim, melhores possibilidades de inclusão no mercado de trabalho.
Renato Severo comenta sobre a importância do espetáculo para os jovens: “É importante para que eles possam, a partir dessa vivência, buscar e abrir seus espaços no mercado de trabalho do teatro - e da arte, em geral - em Fortaleza. É um programa que busca demonstrar que é possível, sim, viver de arte. Não é fácil, mas é possível. Então, é muito importante que esses jovens sejam vistos como espelho para outros jovens e outras camadas de juventudes, e que eles possam perceber que é possível ser artista e viver dignamente”.
Marcos Medeiros alega a “homenagem ao teatro cearense” promovida por “A Mão e a Farsa”, com o lado da “comédia cearense”, mas também da crítica e com uma mensagem “atual para o contexto sociopolítico” do Brasil. “Sem falar que são novos rostos, novos atores que estão buscando reconhecimento, de levar um pouco desse legado do fazer teatro no Ceará, sabendo dos grandes artistas que temos aqui e do talento deles para fazer rir, chorar e refletir. Fazer "A Mão e a Farsa" é valorizar o que temos de melhor na terra do sol, nossa cultura e história”, acrescenta.
A Mão e A Farsa
Quando: 15, 22 e 29 de julho, sempre às 19 horas
Onde: Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno (Av. da Universidade, 2210 – Benfica)
Quanto: R$10 (inteira) e R$5 (meia); vendas no local
Acompanhe: Instagram @amaoeafarsa
Podcast Vida&Arte
O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker. Confira o podcast clicando aqui.
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente