Matuto Invokado: livro regionalista será lançado em Senador Pompeu

Com quase 60 crônicas, a obra tem lançamento marcado para amanhã, às 20h, na Praça Cristina Pessoa

13:25 | Jul. 08, 2022

Por: Giselly Correa Barata
Obra conta com quase 60 crônicas (foto: Foto / Divulgação)

“Matuto somos todos aqueles, que de maneira afirmativa se reconhecem como legítimo sertanejo, e se orgulham por tal origem e condição”, afirma Deodato Aquino, autor de Matuto Invokado. Com quase 60 crônicas, a obra tem lançamento marcado para amanhã, 9, às 20h, na Praça Cristina Pessoa, em Senador Pompeu. Além de literatura, o evento conta com apresentações culturais da comunidade quilombola Estrela D’Alva e tributo a Belchior, além de convidados especiais. A obra pode ser adquirida pelo público geral por R$ 20 e por estudantes por dois quilos de alimento.

Gratuito e aberto ao público, o evento acontece na Praça Cristina Pessoa, no centro da cidade, e a programação terá como convidados o professor Dr. João Alfredo, escritor Saraiva Junior e o palestrante e editor, Jociandre Barbosa. Sobre a escolha do espaço, Deodato diz ser uma praça marcante para a comunidade senadorense.

“Traz um imenso significado para quem é de Senador Pompeu pois leva o nome de uma educadora, é como se fosse nossa Ágora na atualidade”, aponta. Os valores arrecadados com as vendas do livro serão destinados a ações beneficentes para a população em vulnerabilidade social do município.

O matuto-doutor

Foi no doutorado, em 2014, quando estava em São Paulo, que Deodato sentiu na pele o que é ser nordestino em uma cidade grande do Sudeste. Dividido entre se sentir deslocado e o prazer da descoberta, não esquece a cena que o levou a escrever.

Em frente ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), na cidade de São José dos Campos, quando viu uma pessoa, que se acorrentava propositalmente no local, para supostamente compreender melhor o universo. Diante da cena inusitada, o instinto cronista não falhou: é preciso entender e explicar o que é maior do que se percebe na rotina frenética.

Deste encontro até o fechamento do livro se passaram seis anos. “Traz esse olhar do sertanejo, de um matuto, buscando traduzir sentimentos para o papel, para que fique tanto para nossa contemporaneidade, em uma sociedade que pouco conhece o Brasil rural”, aponta Deodato.

Além de ser orgulhosamente matuto, é um estudioso na área agronômica, acumulando títulos de especialista, mestre e doutor. A bagagem acadêmica, somada à experiência na roça, soma-se à convivência com povos originários como indígenas, incas, quilombolas, ribeirinhos e pescadores.


E por que Matuto Invokado?

Constantemente utilizado de forma pejorativa, Deodato assume para si o termo: “Sou matuto, nasci e me criei na roça, até os dez anos de idade”. Segundo ele, a relação também é possível com o momento de criação no “cantar do galo”.

“Meu momento de criação de crônicas e contos sempre são em períodos de sossego da madrugada”, compartilha.

O nome composto também carrega o termo “invokado”, com “K” de Karolina. Segundo o autor, “uma acomodação em crítica a neocolonização, manifestado por um matuto duvidador, cabreiro, desconfiado e cismado”. De forma complementar, o verbo invocar faz referência à ancestralidade matuta, cigana, dos caboclos e povos tradicionais.

Senador Pompeu, berço de arte e cultura

A pouco mais de 227 quilômetros de Fortaleza, no Sertão Central, está localizada a cidade de Senador Pompeu. Na história do Ceará, é conhecida pelo famoso campo de concentração para retirantes da seca. Mas mais do que a triste memória registrada pelos livros de história, é terra de vasta produção artística.

“Senador Pompeu é uma região em que se tem uma grande quantidade de artistas, escritores e poetas”, ressalta o autor de "Matuto Invokado". No mês de junho, Deodato Aquino ganhou uma cadeira na recém fundada Academia de Letras de Senador Pompeu, a ACLESP. 

Para adquirir o livro, acesse o site da editora UNISV aqui ou na Livraria Lamarca, em Fortaleza. 

Endereço Lamarca: Av. da Universidade, 2475 - Benfica

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