Milton Gonçalves sonhava em ver presidente negro no Brasil
Milton Gonçalves, que morreu nesta segunda-feira, 30 de maio, por consequências de um AVC, dedicou sua vida ao movimento negro na política e nas artesO ator Milton Gonçalves morreu nesta segunda-feira, 30 de maio, por consequências de um AVC. Em suas décadas de carreira, deixou um legado nas artes cênicas e na televisão. Considerado dos grandes nomes da cultura brasileira, o artista faleceu aos 88 anos sem ver um de seus sonhos se tornar realidade.
Em entrevista ao Extra, em 2018, explicou: “Eu vou ficar feliz no dia em que nós elegermos um presidente negro no Brasil. No dia em que elegermos um negro para a presidência da Câmara Federal, ficarei feliz. No dia em que nós elegermos três senadores negros, ficarei feliz”.
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No ano seguinte, em conversa com o canal do Youtube “Sem Frescura”, ele voltou ao assunto. “O que eu vou ficar feliz vai ser no dia que acontecer o que aconteceu com os Estados Unidos. O presidente (Obama), com sua esposa e suas duas filhas negras ficaram duas jornadas como presidente e, quando aconteceu isso, muitas pessoas choraram, brancos e negros. Que tal se isso acontecesse no Brasil, um presidente negro?”, refletiu.
De acordo com ele, há a necessidade de incentivar o protagonismo negro em diversas áreas da sociedade. “A grande maioria dos negros não tem possibilidade de estudar, de fazer arte, de fazer uma série de coisas”, afirmou.
“Então quando um de nós (negros), eu e outros companheiros podemos, nós vamos lá incentivar. Não é pra tirar ninguém e botar outro, não é isso. É incentivar os 50% de brasileiros negros nesse país”, defendeu.
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Morte de Milton Gonçalves
Milton Gonçalves, um dos grandes nomes da televisão brasileira, morreu nesta segunda-feira, 30 de maio, aos 88 anos, no Rio de Janeiro. As informações foram confirmadas pela família para a Globo.
Ele morreu no início da tarde por consequências de um AVC que enfrentou em 2020. Na época, ele ficou três meses internado e precisou de aparelhos para auxiliar na respiração.
Ator, dublador, diretor e produtor, Milton Gonçalves começou sua carreira na década de 1950 com o grupo Teatro de Arena. O movimento, que aconteceu em São Paulo, buscava renovar as artes teatrais brasileiras a partir de uma perspectiva voltada para o País.
Ainda focado nas artes cênicas, ele escreveu quatro peças. Uma, inclusive, foi montada pelo Teatro Experimental do Negro, que tinha o objetivo de valorizar o negro na sociedade.
Na televisão, sua carreira também foi extensa. Fez algumas participações especiais em novelas da TV Globo, na década de 1960. Nos anos 1970, participou de telenovelas como “O Bem-Amado”, “O Espigão”, “Gabriela”, “Roque Santeiro”, “Escrava Isaura” e “Pecado Capital”.
Milton Gonçalves continuou a atuar até os últimos anos. Trabalhou, por exemplo, em produções televisivas recentes como “O Tempo Não Para”, “Lado a Lado” e “Além do Tempo”.
Ainda deixou sua marca no cinema. Participou de mais de 70 trabalhos audiovisuais, incluindo atuações, entrevistas e dublagens.
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