Um mês após serem cancelados, shows no MIS seguem sem data definida
Dois dos três shows da anunciada "semana de programação especial" foram cancelados após "incômodo" da vizinhança, que conta com hospitais e residências
19:30 | Mai. 08, 2022
Após o cancelamento das apresentações musicais de Mateus Fazeno Rock e da banda Vacilant, no Museu da Imagem e do Som, há exatamente um mês, o equipamento ainda não definiu as novas datas de realização dos shows. Aberto oficialmente ao público em 1º de abril, o MIS — conforme informa a assessoria da Secretaria da Cultura do Ceará, a qual o Museu é vinculado — pretende divulgar nova previsão "em breve" e busca criar "ambiente apropriado para receber apresentações musicais e performances artísticas" na sala imersiva do prédio anexo. Além dos shows, os artistas devem, ainda, participar de rodas de conversa no Museu.
Tendo inicialmente anunciado shows de Fernando Catatau, Mateus Fazeno Rock e Vacilant para, respectivamente, os dias 7, 8 e 9 de abril na Praça do MIS, área externa do Museu, o equipamento acabou recebendo somente o primeiro deles. Na sexta, 8 de abril, uma nota no Instagram informou sobre o cancelamento dos outros dois.
“Após a apresentação de ontem (...) fomos obrigados a rever nosso papel enquanto instituição cultural que não está isolada de uma vizinhança residencial e também hospitalar”, afirmava o texto. O MIS se encontra em uma área residencial nobre de Fortaleza, bem como próximo a ambientes hospitalares como o Hospital Prontocardio e o Hospital São Raimundo.
Confira nota sobre os cancelamentos dos shows, publicada em 8 de abril, clicando aqui:
No final do texto, a promessa foi a de anunciar “novas definições para os shows assim que possível, a partir de diálogo e planejamento com os artistas”. Ao Vida&Arte, o cantor e compositor Mateus Fazeno Rock, o vocalista, guitarrista e baixista da Vacilant, Yuri Costa, e o produtor da Vacilant Allan Dias deram detalhes sobre as conversas.
A rapidez de abertura de diálogo foi ressaltada pelos artistas. “Na semana em que o evento foi cancelado, a gente fez uma reunião onde eles apresentaram propostas de como poderia acontecer e devolvemos para eles respondendo qual seria a melhor forma, apresentando proposta de data e estrutura”, divide Mateus.
Para Yuri, a produção do MIS foi "atenciosa e se prontificou a analisar uma nova data", atitude que o artista define como "rápida e apropriada". Apesar dos canais abertos, os artistas seguem em compasso de espera.
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“O MIS ainda não nos deu uma data fechada para a nova apresentação por razões, comunicadas pela produção, de questões internas e outros processos do Museu”, compartilha Yuri. “Isso acaba causando uma dificuldade no nosso planejamento, já que o momento é de dificuldade para os trabalhadores da arte e pulsa a necessidade de voltar a circular com os shows, movimentando assim nossos projetos”, avança.
O sentimento é ecoado por Mateus. “O show acabou não sendo ainda remarcado, ficou de standby. As decisões deles, de certa forma, atravessam o tempo de trabalho de uma série de pessoas que trabalham comigo, mas também considero que a produção estava interessada em resolver a situação”, pondera o artista.
A nota oficial do MIS enviada ao Vida&Arte ressalta o convite de diálogo com os artistas para debater alternativas em conjunto. "Foi feita uma proposta, em andamento, de atuação interna dos grupos. Estamos discutindo a melhor forma de viabilizar a apresentação deles e anunciaremos nova programação em breve”, informa o texto.
O texto aponta, ainda, "adaptações" na sala imersiva do prédio anexo, no subsolo. "(Ela) se tornará também, além de espaço expositivo, um ambiente apropriado para receber apresentações musicais e performances artísticas em geral. Isso ocorrerá a partir da segunda quinzena do mês de junho", prevê. Vale ressaltar que, no último dia 28 de abril, o Museu comunicou pelas redes sociais que a exposição "Ontem choveu no futuro", que ocupa a referida sala, teria que ser "temporariamente" suspensa para passar "por uma readequação tecnológica".
Como espécie de “contrapartida” pelo tempo e os recursos investidos nas apresentações que acabaram suspensas, os artistas foram convidados pelo equipamento para rodas de conversa a partir de temas propostos por eles mesmos.
“Eles apresentaram pra gente a proposta de a gente sugerir algum tipo de conversa, debate, sobre a ocupação daquele espaço, o que também segue de pé. A gente está entendendo o formato, quem a gente vai convidar para estar junto, para que essa roda de conversa aconteça logo menos”, adianta Mateus.
Já a Vacilant realizará uma roda de conversa sobre os processos criativos do álbum e do filme “Tempo Bravo”, disco mais recente do grupo, lançado em 2021. Ambas as atividades devem ocorrer antes da realização dos shows.
Confira íntegra da nota da Secult
“As atividades realizadas pelo Museu da Imagem e do Som deverão respeitar o entorno do museu. Por isso, serão evitados eventos com alto volume de som na praça. Adaptações estão sendo providenciadas na sala imersiva do anexo (andar -2), que se tornará também, além de espaço expositivo, um ambiente apropriado para receber apresentações musicais e performances artísticas em geral. Isso ocorrerá a partir da segunda quinzena do mês de junho. Os artistas que tiveram apresentações suspensas foram procurados para diálogo, onde alternativas foram debatidas em conjunto. Foi feita uma proposta, em andamento, de atuação interna dos grupos. Estamos discutindo a melhor forma de viabilizar a apresentação deles e anunciaremos nova programação em breve”.