Cannes exibe cópia restaurada de "Deus e o Diabo na Terra do Sol"
Único filme brasileiro anunciado para Cannes, "Deus e o Diabo na Terra do Sol", dirigido pelo baiano Glauber Rocha, será exibido em seção dedicada a clássicos do cinemaUm dos mais célebres eventos do cinema mundial, o Festival de Cannes anunciou nesta segunda-feira, 2, a seleção da seção Cannes Classics, que destaca filmes clássicos e preservação do patrimônio cinematográfico. Nela, será exibida uma cópia restaurada de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964), de Glauber Rocha — primeiro e único filme brasileiro da edição de 2022 do evento. O festival terá sua 75ª edição realizada entre 17 e 28 de maio.
Com Geraldo del Rey e Yoná Magalhães nos papeis principais, o filme acompanha um vaqueiro e sua esposa em fuga pelo sertão após o homem matar um coronel. A obra foi votada em 2015 como o segundo melhor longa brasileiro pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema.
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Exibido originalmente no 17º Festival de Cannes, o longa de Glauber Rocha ganhou restauração no formato 4K, um dos de maior qualidade, supervisionada pelo produtor Lino Meireles e pela diretora Paloma Rocha, filha do diretor.
"É um ciclo completo para a nossa restauração, onde o filme será reexibido pela primeira vez no mesmo local em que estreou. Que seja um novo chamado de resistência cultural”, celebra Lino em fala divulgada à imprensa.
O restauro foi realizado na Cinecolor, empresa parceira da Cinemateca Brasileira, instituição na qual estavam armazenadas cinco latas de negativos 35mm do filme. Um incêndio ocorrido em julho de 2021 na instituição, porém, atingiu parte da obra de Glauber que estava armazenada em galpões.
"Num país com a cultura tão depreciada, com a produção artística sofrendo ataques, fizemos um esforço de contracorrente. Isso só é possível porque o filme tem a força própria dele”, ressalta Paloma em comunicado.
Além do longa brasileiro, compõem também a mostra Cannes Classics o longa francês "A Mãe e a Puta" (1973), de Jean Eustache; os indianos "Pratidwandi" (1970), de Satyajit Ray, e "Thampu" (19798), de Aravindan Govindan; o musical estadunidense "Cantando na Chuva" (1952), de Gene Kelly e Stanley Donen; e o italiano "Vítimas da Tormenta" (1946), de Vittorio de Sica.
A seleção de filmes restaurados é completada por "O Processo" (1962), de Orson Welles; "Si j'étais un espion" (1967), de Bertrand Blier; "Pinga Fogo" (1932), de Julien Duvivier; "O Último Concerto de Rock" (1978), de Martin Scorsese; "Itim" (1976), de Mike De Leon; "As Pequenas Margaridas" (1966), de Vera Chytilová; "Viva a Morte" (1971), de Fernando Arrabal.
A seção exibe, ainda, os documentários sobre cinema "The Last Movie Stars", dirigido por Ethan Hawke sobre os artistas Joane Woodward e Paul Newman; "Romy, A Free Woman", de Lucie Cariès, sobre a atriz Romy Schneider; "Jane Campion, Cinema Woman", de Julie Bertuccelli, que retrata a diretora Jane Campion; e "Gérard Philipe, le dernier hiver du Cid", de Patrick Jeudy, que marca o centenário do ator Gerard Philipe.
A lista é finalizada por "Patrick Dewaere, mon héros", de Alexandre Moix, que fala do ator Patrick Dewaere; "Hommage d’une fille à son père", de Fatou Cissé, que lança um olhar para o pai, o diretor Souleymane Cissé; "L’Ombre de Goya par Jean-Claude Carrière", de José Luis Lopez-Linares, sobre o roteirista Jean-Claude Carrière; "Tres en la deriva del acto creativo", de Fernando Solanas; e de dois filmes produzidos por cineastas de renome para os Jogos Olímpicos.
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