Ícone do forró raiz, Marivalda Kariri morre aos 80 anos
Cantora, cineasta e produtora cultural, Marivalda Kariri faleceu na madrugada desta sexta, 15, em Fortaleza, onde estava hospitalizada após sofrer uma queda"Eu sempre falo que sou a sertaneja que veio de barro, do barro se faz obra de arte". Assim se definiu, em entrevista ao Vida&Arte publicada em outubro de 2021, a cantora, forrozeira de raiz, cineasta e produtora cultural Marivalda Kariri. Na madrugada desta sexta-feira, 15, a artista faleceu em Fortaleza, aos 80 anos, após falência no funcionamento das funções vitais.
Natural e moradora de Milhã, no Sertão Central, ela estava internada há mais de um um mês em um hospital da Capital após sofrer uma queda em casa. O velório será realizado na Capela de São João, em Milhã, e o sepultamento será às 10 horas do sábado, 16, no cemitério do município.
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A artista ficou conhecida pelas canções de forró raiz que brincavam com duplo sentido, como os sucessos “Toco Cru Pegando Fogo” e “Mulher de Garimpeiro”. A ligação com a música começou ainda na infância, quando ela se mudou para Recife após a morte da mãe. Na capital pernambucana, começou a conhecer o ritmo tipicamente nordestino, se aproximando de nomes como Jackson do Pandeiro.
Nos anos 1970, foi para São Paulo, onde encontrou o parceiro musical e esposo, o músico Zeca Costa. Nos anos 1980, Marivalda firmou parceria artística com o amigo Luiz Gonzaga. “Com mais de 65 anos de carreira, Maria Valníria Pinheiro (...) nos deixa um belíssimo legado de vida, na música e na arte, como também no campo sociocultural para sua e para as novas gerações”, afirma o texto que informou o falecimento da cantora, em seu Instagram oficial.
Além do trabalho musical, Marivalda também se dedicava na difusão e promoção da cultura na região do Sertão Central, realizando atividades, por exemplo, no Museu do Sertão e na Associação Cultural Hugo Pinheiro. “No meu sertão tem muita gente boa, poesia, artesanato, música. São sementes que, dentro da cultura, você planta e faz com que crie raiz", afirmou ao Vida&Arte.
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A Prefeitura de Milhã emitiu nota de pesar pelo falecimento da artista. “Dona Marivalda tinha 80 anos de idade e deixa um legado de vida, na música, na arte e também no campo sociocultural. Contribuiu muito para o fortalecimento da cultura de nosso município”, destaca o texto.
Aos 80 anos, Marivalda estava envolvida em novos projetos, tendo trabalho no final de 2021 no registro do CD e DVD “Fados, Choros e Canções", no Theatro José de Alencar, e apresentado o show do trabalho no Cineteatro São Luiz. Neste ano, a artista começava os preparativos para promover o tradicional Arraial de São João, no Museu do Sertão.
“A gente conta com o envelhecimento, mas não é sempre fácil porque os obstáculos da vida são grandes, como a idade, a fragilidade, o que a gente passa trabalhando como artista, ainda mais no Brasil", ressaltou em entrevista na ocasião dos shows em Fortaleza. “Os meus 80 anos merecem ser comemorados pela minha fortaleza, minha força. Deus tem sido muito generoso comigo, eu tenho muita gratidão à vida”, ressaltou.
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