"Nada blinda preto de racismo", diz Glória Maria em entrevista no Roda Viva

Ao longo da entrevista, Gloria também falou sobre sua carreira de mais de 40 anos no jornalismo, com coberturas de diversas temáticas e passagens por diferentes programas

Na última segunda-feira, 14, a jornalista e apresentadora Gloria Maria participou pela primeira vez do Roda Viva, veiculado pela TV Cultura. Durante o programa, ela respondeu a perguntas sobre sua carreira - com passagens pelo Jornal Nacional, Fantástico e cobertura de guerras -, sobre a recuperação de um tumor no cérebro e também sobre racismo. Ao ser questionada pela repórter Claudia Lima se a sua fama a “blindaria”, de alguma forma, do racismo, ela negou essa possibilidade.

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“Nada blinda preto de racismo. Nada. Com mulher preta é pior ainda, porque nós somos mais abandonadas e discriminadas, porque o homem preto não quer a mulher preta. Nada blinda a gente. Você tem que aprender a se blindar da dor. Eu acho que isso é importante. Se você for esperar um ‘blindamento’ universal, você está perdida. Você tem que fazer com que a vida te faça aprender a se blindar. Isso é o que eu vim aprendendo ao longo da minha história”, comentou.

A apresentadora do Globo Repórter também revelou que até suas filhas foram vítimas. Um colega de uma delas disse que a “sua cor era feia”; a outra filha chegou a ser chamada de “macaca”. “Isso não vem da criança, vem da família”, argumentou.

Ao longo da entrevista, Gloria falou sobre sua carreira de mais de 40 anos no jornalismo, com coberturas de diferentes temáticas, como a Olimpíada de Atlanta em 1996, a Copa do Mundo na França em 1998 e a Guerra das Malvinas em 1982 - essa, por sinal, ocorreu após a própria jornalista insistir diante da percepção de que apenas profissionais homens haviam sido selecionados.

Ela respondeu ainda se participaria novamente de uma cobertura de guerra, nos dias atuais. Para Gloria, isso seria uma possibilidade concreta caso não tivesse enfrentado um sério problema de saúde recentemente: “Eu não gosto de me repetir. Eu cobri anos no Jornal Nacional e de repente eu não quis me repetir mais. A guerra é uma coisa que me deu muito medo, mas não deixei que ela me paralisasse. Se eu tiver que ir para uma guerra hoje, só não vou depois da minha experiência de saúde. Se eu não tivesse passado por isso, eu iria".


Em 2019, a apresentadora descobriu um tumor em seu cérebro e precisou passar por uma cirurgia. No Roda Vida, ela falou sobre o que passou durante esse período de recuperação: “Eu tinha a possibilidade de 30 a 40% de chance de sobreviver e 20% de sobreviver sem sequelas, mas eu não tive medo. A vida é isso. Você está vivo para passar por todo tipo de experiência”.

A sua forma de encarar a vida também recebeu influências de viagens a diferentes países e conhecimento de diversas culturas. No programa, Gloria Maria também falou a respeito das mudanças de percepções sobre a vida a partir dessas experiências: “Mudou tudo, porque você consegue ver o ser humano exatamente como ele é. Você aprende a ver almas e não molduras”.

Ela acrescentou: “Eu não fui para ver paisagens, fui para conhecer gente. Isso me fez descobrir almas, e alma é uma coisa que te faz crescer, te faz aprender a não julgar, o que eu acho que é a coisa mais importante do mundo. Quando você sai pelo mundo, você aprende que gente é gente, ser humano é ser humano, e isso é o que me interessa".

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