Clube de leitura do CCBB debate literatura brasileira e mundial em 2022
O Clube de Leitura do Centro Cultural Banco do Brasil acontece em formato presencial, no Rio de Janeiro, com transmissão on-line
16:20 | Mar. 14, 2022
Dentre tantos desafios que o Brasil enfrenta em relação à cultura, um dos problemas mais evidentes perpassa a literatura: não somos um País de leitores. A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada pelo Instituto Pró-Livro em 2020, retrata um cenário complexo. Em quatro anos, mais de 4,6 milhões pessoas abandonaram o hábito de ler. Esse último levantamento ainda revela que 56% dos brasileiros são considerados leitores, mas a média de obras literárias inteiras lidas em um ano é de 4,2 por pessoa. Na contramão desta conjuntura e na tentativa de incentivar o vínculo da população com a literatura, o Clube de Leitura do Centro Cultural Banco do Brasil inicia suas atividades neste ano.
Com um total de dez encontros - presenciais no Rio de Janeiro e com exibição posterior no canal do Youtube da instituição -, os eventos buscam promover discussões sobre escritores nacionais e internacionais. A primeira ação, que será transmitida nesta quarta-feira, 16, em formato on-line, abordou a produção do poeta modernista Mário de Andrade (1893 - 1945). Ele foi escolhido para estrear a programação por ter sido um dos precursores da Semana de Arte Moderna de 1922, que completou seu centenário em fevereiro.
Já no próximo mês, a escolhida será Claudia Lage, responsável pelos livros “Mundos de Eufrásia” (2009), “Labirinto da Palavra” (2013) e “O Corpo Interminável” (2019). No dia 13 de abril, a própria escritora estará presente para falar sobre seus trabalhos com os participantes. A partir de uma votação aberta no Twitter, o público poderá escolher qual título a autora discutirá.
“A autora vai pessoalmente explicar sobre seu livro, ela é uma autora contemporânea, novíssima. É uma autora carioca que hoje está elencada entre os 20 mais importantes ficcionistas e romancistas contemporâneos no Brasil”, afirma Suzana Vargas, escritora, professora, mestre em Teoria Literária e curadora do clube.
Claudia Lage recebeu destaque na literatura, principalmente, depois da publicação de seu romance “Mundos de Eufrásia”. A história revela o amor entre o político abolicionista Joaquim Nabuco (1849 - 1910) e a filantropa Eufrásia Teixeira Leite (1850 - 1930). A mulher se tornou a gestora de uma grande fortuna depois da morte do pai e conseguiu multiplicar seu patrimônio. Entretanto, ela prometeu ao patriarca, antes de ele morrer, que nunca se casaria.
As atividades foram divididas em três eixos com o objetivo de contemplar o máximo possível da literatura brasileira e mundial: “Escritores ao Vivo”, em que autores participarão dos encontros; “Clássicos e Modernos”, em que haverá discussões sobre escritores considerados clássicos; e “Contemporâneos”, para falar sobre nomes importantes do fim do século XX e início do XXI. Suzana Vargas adianta que as próximas edições passarão por Ariano Suassuna (1927 - 2014), Pablo Neruda (1904 - 1973), Júlio Verne (1828 - 1905), Alexandre Dumas (1802 - 1870), José Saramago (1922 - 2010), Chimamanda Ngozi Adichie, dentre outros.
De acordo com a curadora, as obras e os escritores foram escolhidos levando em consideração as efemérides, o acervo do CCBB e os eventos que a instituição promoverá neste ano. “Eu busquei, quando me pediram para organizar a programação, algo diversificado que contemplasse vários autores e categorias”, ressalta.
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Relação com clubes
O Centro Cultural Banco do Brasil há anos promove rodas de leitura para incentivar o vínculo das pessoas com a literatura e para aumentar seu contato com a biblioteca do espaço - que abrange cerca de 150 mil exemplares. Toda a programação costumava ser presencial, mas, com a pandemia, a instituição se adaptou para realizar suas atividades em formato híbrido. “A leitura é uma necessidade no País, porque temos pouco leitores”, identifica Suzana Vargas.
Ela acredita que o número de clubes aumentou durante os últimos anos, principalmente, porque a população começou a perceber que ler também é prazeroso. “Acho que as pessoas começaram a se dar conta de que a leitura é uma forma de lazer, de encontros, seja no campo pessoal, como no virtual. A virtualidade colaborou com a literatura e sua difusão, porque os clubes descobriram a possibilidade que a internet nos dá”, avalia.
Segundo ela, muitos brasileiros veem as bibliotecas como um lugar somente de pesquisa, mas que o espaço também é um ambiente de diversão. “Um dos objetivos dos clubes de leitura é transformar a biblioteca em um espaço de lazer. Ir à biblioteca não é só para pesquisar, mas também é para encontrar pessoas que leram os mesmos livros, trocar experiências e visões”, diz.
Clube de Leitura sobre Mário de Andrade
Quando: a partir de 16 de março
Onde: no canal do Youtube do Banco do Brasil
Mais informações: no site e no perfil do Twitter do Banco do Brasil
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