Oscar 2022: diretores reagem à exclusão de oito categorias da cerimônia ao vivo
Decisão da Academia de Hollywood foi anunciada no mês passado e diz respeito à retirada do anúncio dos vencedores das categorias da cerimônia principal do prêmioDesde que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou que a cerimônia do Oscar em 2022 não contaria com o anúncio ao vivo de todas as 23 categorias da premiação, a decisão vem provocando reações de nomes da própria indústria e também do público. Nos últimos dias, diversos nomes de peso, de cineastas a compositores, se uniram em crítica ao corte, como Steven Spielberg e Guillermo del Toro. A mais recente ação, uma carta aberta demandando a volta do anúncio de todas as categorias na transmissão ao vivo, conta com adesão de nomes como James Cameron (diretor de "Avatar") e John Williams (compositor indicado a 5 Oscars, responsável pela trilha, entre outros, do clássico "Tubarão").
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A mudança da cerimônia em 2022 diz respeito à exclusão da cerimônia principal do anúncio dos vencedores de oito categorias, que serão divulgados em uma espécie de "pré-evento" sem transmissão ao vivo. Compõem a lista de excluídos os prêmios de Melhor Montagem, Trilha Sonora Original, Documentário em Curta-metragem, Animação em Curta-metragem, Curta, Som, Figurino e Maquiagem e Cabelo. De acordo com a Academia, os ganhadores aparecerão na cerimônia oficial em vídeos editados exibidos ao longo da transmissão.
A decisão foi tomada para tentar diminuir a duração da cerimônia, que constantemente passa de 3 horas, e, consequentemente, perda de audiência. O Oscar de 2021 teve a menor audiência da história do prêmio nos EUA, com queda de 58% em comparação a 2020. Para tentar conter a crise, o prêmio criou também neste ano uma "categoria" com voto popular.
A carta aberta divulgada nesta quarta-feira, 9, traz a assinatura de mais de 70 artistas, incluindo vencedores do Oscar em diversas categorias. O texto afirma que a exclusão das oito categorias "rebaixará" os ofícios. "Buscar novas audiências tornando a transmissão mais divertida é um objetivo louvável e importante, mas isso não pode ser alcançado rebaixando os próprios ofícios que, em suas expressões mais marcantes, tornam a arte do cinema digna de celebração", aponta o texto.
Ele é assinado, além de James Cameron e John Williams, também pelo diretor Guillermo del Toro (vencedor de dois Oscars); a figurinista Milena Canonero (vencedora de quatro Oscars); o compositor Alexandre Desplat (vencedor de dois Oscars); e Thomas Newmann (indicado a 15 Oscars).
Desde que o corte foi revelado, inúmeros artistas que trabalham nas áreas "rebaixadas" reagiram à decisão. O coro, porém, vem sendo engrossado a partir da adesão de "pesos-pesados" da indústria, incluindo cineastas que conquistaram indicações à cerimônia deste ano, como Steven Spielberg (de "Amor, Sublime Amor", indicado em seis categorias), Jane Campion (de "Ataque dos Cães", com 12 indicações) e Denis Villeneuve ("Duna", com 11 indicações).
"Eu discordo da decisão tomada pelo comitê executivo. Eu sinto fortemente que essa (cinema) é provavelmente a mídia mais colaborativa do mundo. Todos nós fazemos filmes juntos, nos tornamos uma família onde um ofício é tão indispensável quanto o próximo (...) e isso significa para mim que todos devemos nos sentar à mesa juntos ao vivo", se posicionou Spielberg no domingo, 6.
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Na cerimônia do Prêmio do Sindicato dos Diretores de Artes, que compõem uma das categorias excluídas, Denis Villeneuve afirmou que a decisão é um "erro". "Cinema é sobre trabalho em equipe. Todas as pessoas que estão trabalhando nas 'sombras' precisam ser vistas e reconhecidas, e essas premiações são feitas para elas", defendeu.
No mesmo evento, a cineasta Jane Campion também abordou o tema em um discurso. "Com as recentes mudanças no formato do Oscar, quero tirar um momento para expressar particularmente o quão importante é o design de produção para criar um bom filme", ressaltou.