"Faces": em primeiro EP, cantora Bianca estabelece sua identidade na música
No primeiro EP, Bianca transita por alguns gêneros da música e apresenta parcerias com artistas como MC Don Juan, Kevin o Chris, Gabily e Jojo Maronttinni
21:08 | Fev. 21, 2022
Quando todos os brasileiros viviam o início de uma pandemia, as plataformas digitais se tornaram um refúgio para as milhões de pessoas que precisavam encontrar o que fazer com seu tempo em casa. Nesta situação, dezenas de músicas começaram a viralizar nas redes sociais, porque danças, reproduções e vídeos engraçados eram compartilhados a todo segundo. O Tiktok, por exemplo, obteve grande espaço no dia a dia e ajudou canções a ganharem popularidade. Uma delas, que está entre as primeiras a se tornarem hit na rede social, foi “Tudo no Sigilo”, uma parceria entre Vytinho NG e MC Bianca.
Basta entrar na plataforma chinesa para descobrir que 725 mil vídeos foram feitos com a composição. Com esse reconhecimento repentino, Bianca se deparou com um novo desafio: como fazer o público conhecê-la para além daquela música? Em fevereiro deste ano, ela lançou seu primeiro EP “Faces” com o objetivo de mostrar sua versatilidade aos ouvintes.
“Eu queria mostrar um pouco da minha identidade. Eu estourei um hit no Brasil inteiro, que foi ‘Tudo no Sigilo’. Só que a gente estava na pandemia, então eu não podia sair de casa e não consegui trabalhar muito minha imagem. Foi difícil, porque a galera me conhecia pela minha voz, mas não me conhecia pela minha aparência, por nada. Não me conhecia pela minha identidade, nem a Bianca como artista, eles conheciam somente aquela música na internet”, explica a cantora em entrevista ao O POVO.
Entre as seis faixas, há parcerias com vários nomes famosos: “Surra”, com Lia Clark; “Brota Lá Em Casa”, com MC Kevin o Chris e “Mandando Lembrança”, com MC Don Juan. Também há produções em que canta solo, como “Macetada” e uma nova versão de “Tudo no Sigilo”. “Eu queria mostrar que eu não canto só funk, canto outros gêneros. Esse EP tem muito a ver comigo, porque sou geminiana, sou de fases. Tenho uma face para cada mês, para cada semana, e só meus amigos me entendem. Queria muito levar isso para o meu trabalho”, afirma.
A canção que escolheu para ser o single principal é “Tropa das Soltinhas”, que também conta com vozes de Gabily e Jojo Maronttinni. Quando recebeu a composição de um amigo, ela sabia que tinha que fazer uma parceria com Jojo. Mas havia uma questão: as duas não se conheciam. “Quando meu amigo me enviou a música, a Jojo estava dentro da Fazenda (reality show). Eu escutei e pensei: ‘cara, essa música é a cara da Jojo, tem tudo a ver com ela’”, lembra. A partir de uma pessoa conhecida em comum, as artistas entraram em contato e se uniram.
Gabily, por outro lado, já era uma grande amiga de Bianca. A responsável por “Faces” sempre lhe admirou: “A menina é uma máquina, trabalha o dia inteiro”. “A Gabily é uma grande amiga minha, que já tinha me convidado para uma música dela, e a voz dela é maravilhosa. Convidei e logo ela aceitou”, indica. Contente com o resultado, a artista pretende continuar divulgando o EP para que se torne um sucesso.
Mas ela reconhece: “a receita para a música estourar é o trabalho”. E, apesar de “Tudo no Sigilo” ter sido um sucesso estrondoso, sua trajetória foi semelhante a de músicos que saem do interior para tentar a vida na capital. “Na época que a música estourou, eu não tinha estrutura nenhuma. Não tinha gravadora, não tinha escritório. Eu acho que tinha que acontecer e também acredito muito em Deus. Eu estava passando por muita coisa antes de tudo acontecer. Hoje acho legal contar, mas também fico meio receosa que as pessoas achem que estou me vitimizando. Mas eu tive uma luta muito longa”, recorda.
Quando a canção virou um sucesso nas plataformas digitais, ela estava dormindo no chão de um estúdio. Chegou a passar fome, porque não tinha dinheiro para comprar comida. “Foi muito louco, eu estava presa ali, não podia sair para lugar nenhum por conta do covid. Então a música começou a estourar e, do nada, eu mudei para a frente da praia. Eu acho que ainda não consegui assimilar, porque ao mesmo tempo que foi longo, foi rápido. Até hoje fico pensando: ‘meu Deus, que loucura, como isso aconteceu?’”.
A artista, entretanto, sempre colocou em sua mente que faria sucesso na música. Desde criança, era influenciada pela mãe, que foi bailarina de balé clássico, dançou sapateado e participou do coral da igreja. “Minha mãe era envolvida demais com a música e com a dança. Minha tia e minhas primas também. Eu acabei me enfiando nesse bolo desde cedo”, lembra.
Na adolescência, tocou o oboé em uma orquestra e, depois, virou dançarina de palco. “Sempre gostei muito de cantar, mas tinha vergonha e medo. Foi um processo longo para eu poder aceitar que era aquilo mesmo que eu queria, porque eu fazia cursos, fazia tudo, e não conseguia me encaixar em nada além da música”.
Ao seu redor, as pessoas não acreditavam que era possível alguém ficar famoso saindo de sua cidade no interior do Rio de Janeiro. “Eu pensei que não poderia deixar isso acontecer. Saí de lá, passei por tudo que passei, mas não me arrependo, porque eu faria tudo de novo para chegar onde estou”, reflete.
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