Berlinale abre as portas em meio a pico de covid-19

Festival de cinema de Berlim inaugurado com presença controlada de público, apesar dos altos números de infecções na Alemanha. Tachados de "irresponsáveis" pela imprensa local, organizadores defendem estratégia
Autor DW Tipo Notícia

A Alemanha enfrenta uma alta recorde de casos de infecção pelo coronavírus. Muitos eventos foram cancelados ou adiados no país. Mas a Berlinale, o festival de cinema de Berlim, prosseguiu, conforme anunciado, e abriu a mostra com um evento ao vivo, na última quinta-feira, 10. O primeiro dos principais festivais de cinema europeus do ano ocorreu pela última vez em seu formato regular em 2020, pouco antes do estouro da pandemia em solo europeu. No ano seguinte, a Berlinale foi realizada em duas partes: uma versão online em março e um evento com exibições para o público em junho.

Em 2022, a Berlinale volta com a presença de público, uma decisão anunciada em janeiro e que surpreendeu muitos observadores e especialistas em saúde pública. Os organizadores do evento – que tem suas origens em 1951 como uma vitrine da cultura da Guerra Fria para a capital alemã dividida – afirmaram que uma série de precauções manterá os visitantes seguros enquanto assistem aos filmes. "Desenvolvemos um formato muito reduzido, em consulta com as autoridades de saúde de Berlim", disse a diretora executiva da Berlinale, Mariette Rissenbeek, em entrevista à rádio Deutschlandfunk.

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As salas de cinema terão a capacidade reduzida pela metade, e os cinéfilos serão obrigados a mostrar prova de vacinação ou de recuperação recente da covid-19, bem como uma dose de reforço ou um teste negativo, além de usar máscaras sanitárias durante as sessões.

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"Cinema fortalece a função social"

Em face às acusações de que o Festival Internacional de Cinema de Berlim teria adotado uma estratégia irresponsável, o diretor artístico Carlo Chatrian defendeu a decisão, afirmando que a experiência cinematográfica comunitária é crucial para a indústria combalida. "Ver um filme num cinema, poder ouvir a respiração, o riso ou os sussurros ao seu lado – mesmo com o distanciamento social correto – contribui de maneira vital não apenas para o prazer de assistir, mas também para fortalecer a função social que o cinema tem", disse Chatrian.

A Berlinale foi aberta com a película "Peter von Kant", uma adaptação do clássico "As lágrimas amargas de Petra von Kant", do cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder. A nova versão, dirigida pelo aclamado diretor francês François Ozon, é estrelada por Denis Menochet, Isabelle Adjani e Hanna Schygulla – atriz de 78 anos que interpretou a cruel jovem sedutora na versão original de Fassbinder, de 1972. "Peter von Kant" está entre os 18 candidatos – dos quais, sete dirigidos por mulheres – aos principais prêmios Urso de Ouro e Urso de Prata do festival, que serão entregues em 16 de fevereiro. A Berlinale também entregará um Urso de Ouro honorário pelo conjunto da obra à lenda do cinema francês Isabelle Huppert.

Presença brasileira

O Brasil também marca presença na 72ª edição da Berlinale. Apesar de ficar de fora da competição principal, o país será representado por seis filmes exibidos em mostras paralelas. A produção franco-brasileira "Fogaréu", de Flávia Neves, será exibida na mostra Panorama, a única do festival com uma premiação definida pelo público. Na Berlinale Shorts, de curta-metragens, será exibido "Manhã de domingo", de Bruno Ribeiro.

Na mostra Forum, estarão o luso-brasileiro "Mato seco em chamas", de Adirley Queirós e Joana Pimenta, e "Três tigres tristes", de Gustavo Vinagre. O curta "O dente do dragão", de Rafael Castanheira Parrode, será exibido no Forum Expanded. Também será incluído na Berlinale o curta "Se Hace camino al andar", de Paula Gaitán.

"Irresponsável" e "evento disseminador"

A Berlinale está ao lado de Cannes e Veneza entre os principais festivais de cinema da Europa, e se orgulha de ser mais receptiva ao público comum, com a venda de milhares de ingressos para estreias e exibições em toda a cidade. Neste ano, a Berlinale exibirá cerca de 250 filmes, um quarto a menos do que nos anos anteriores. Apesar das precauções, há críticas: jornal local Berliner Morgenpost advertiu contra uma catástrofe, caso o festival se torne um "evento disseminador" de covid-19; e o semanário Die Zeit classificou como "irresponsável" não se ter optado por um festival online, assim como em 2021. O porta-voz do governo alemão, Wolfgang Büchner, declarou há poucos dias que a realização do festival apesar da pandemia é "um passo corajoso" e um sinal para o setor cultural de que "não vamos deixar o coronavírus nos derrubar". (Das agências) 

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