Segunda temporada da audiossérie "Paciente 63" chega ao Spotify na terça, 8
A segunda temporada de "Paciente 63", audiossérie exclusiva do Spotify protagonizada por Mel Lisboa e Seu Jorge, estreia terça-feira, 8 de fevereiro
09:35 | Fev. 07, 2022
Muitas décadas antes da internet, os brasileiros costumavam se reunir na sala de casa para escutar as novelas na rádio. Sentados ao redor do aparelho, crianças, adultos e idosos ficavam juntos para ouvir as histórias transmitidas por um elenco de vozes. Quando o objeto ainda não era tão acessível à população, os vizinhos também apareciam. Era o momento de descontração e de socialização dos familiares e amigos. E, naquela época, tudo era feito de maneira analógica: os atores narravam ao vivo, os recursos de som eram escassos e, caso algum imprevisto acontecesse, devia ser resolvido no improviso.
Mas as radionovelas perderam a popularidade na medida em que a televisão e, depois, a internet, se alastraram no cotidiano. Esse formato permaneceu em algum lugar da memória dos brasileiros e se reacende décadas depois com a popularização de “Paciente 63”, uma audiossérie exclusiva do Spotify criada por Julio Rojas. Agora, esse conteúdo não é escutado em casa, ao lado da família. Ele está em segundo plano - apesar de não menos importante - enquanto as pessoas trabalham, dirigem, pegam um ônibus, lavam a louça ou se exercitam. Está presente quando, em meio à rotina, existe um tempo para pensar em outra coisa.
A produção, protagonizada por Mel Lisboa e Seu Jorge, estreia sua segunda temporada na terça-feira, 8 de fevereiro, com mais dez episódios. Nesta obra de ficção científica ambientada em 2022, doutora Elisa Amaral trabalha em um hospital psiquiátrico e conhece Pedro Roiter, um paciente que afirma ter vindo do futuro para salvar o mundo de uma grande pandemia que acabará com o planeta. Ele deve convencê-la a aceitar uma missão, porque ela é uma das pessoas-chave para o trabalho.
Já na segunda parte da série, a protagonista retorna para 2012, antes dos acontecimentos mais marcantes de sua vida. Neste momento, porém, os dois trocam de papel. Elisa adota seu segundo nome, Beatriz, e precisa explicar para o psiquiatra Vicente sobre as viagens no tempo. E ela também deve impedir Maria Cristina Borges, uma das maiores ameaças do plano.
“A segunda temporada tem uma característica de aprofundamento nas personagens, nas relações das personagens e no surgimento de novas personagens. E também tem a questão de explicar o que acontece no final da primeira temporada”, explica Mel Lisboa em entrevista exclusiva ao O POVO.
Para Seu Jorge, um dos destaques da continuação é o entrelaçamento de linhas do tempo. “A primeira temporada é muito calçada no depoimento de Pedro Roiters, na tentativa dele de convencer Beatriz dessa história. Na segunda, acho que uma coisa que vai ficar na cabeça das pessoas é o entrelaçamento, como as personagens se entrelaçam nas diferentes linhas do tempo que elas aparecem e surgem”, opina. Primeira temporada de "Paciente 63" está disponível gratuitamente no Spotify.
Desafios da produção
Diferente do teatro dominado por Mel Lisboa e do cinema de Seu Jorge, o formato de audiossérie exige algumas demandas específicas. Sem a possibilidade de demonstrar emoções por meio do corpo e das expressões, a voz se torna o único meio de transmitir uma mensagem.
“Para nós, atores, é bastante desafiador. É um trabalho aparentemente fácil, porque a pessoa pode pensar que não precisa decorar texto. Mas não é bem assim. É um trabalho bastante técnico, você tem que ter uma técnica vocal que lhe permita chegar em determinados estados, passar emoções, sentimentos e reflexões da personagem apenas com a voz”, pontua a atriz que dá vida à Elisa.
A audiossérie também não permite espaço para o improviso. Tudo tem que ser produzido conforme está no papel. “É um trabalho que exige bastante do ator. É um trabalho cansativo intelectualmente, porque é bem racional. Mas, ao mesmo tempo, é super desafiador e prazeroso, porque, quando você consegue achar a intenção certa, você vai aprendendo que se fizer algo com a voz, você passa uma determinada sensação, se você fizer outra coisa, você passa outra sensação”, explica Mel Lisboa.
Além dessas questões, Seu Jorge se viu com outro impasse: enquanto músico, sua voz é familiar para o ouvinte brasileiro. “Por causa do registro da minha própria voz, que, para o ouvinte, é muito familiar como cantor, eu tinha esse ‘grilo’ das pessoas não conhecerem Pedro Roiters por me ver o tempo inteiro fazendo música. Esse, para mim, é o grande desafio”, cita.
Audiossérie no Brasil
“Paciente 63” abre portas para um formato que extrapola os limites do podcast. A audiossérie de ficção científica obteve grande repercussão entre o público brasileiro e permitiu explorar um campo ainda incipiente. “É um trabalho surpreendente no sentido de que eu não entendia a audionovela como uma realidade no Brasil e muito menos o podcast como uma das coisas que o ouvinte escuta. Não sou necessariamente um ouvinte de podcast, então fiquei muito surpreso com o desempenho de ‘Paciente 63’”, avalia Seu Jorge.
Para Mel Lisboa, o sucesso do conteúdo quebra algumas barreiras. “Acho que ‘Paciente 63’ abriu muito as portas para as pessoas, porque foi um sucesso tão grande que uma pessoa falava disso para outra. Eu via vários comentários em rede social dizendo que nunca tinham ouvido algo semelhante. Vi gente perguntando se tinha outras séries parecidas. As pessoas começaram a buscar. Então abriu portas não apenas para quem ouve, mas também para quem quer produzir”, indica.
Na perspectiva dela, o consumo de conteúdos em áudio aumentou nos últimos anos, principalmente, por se adaptar à rotina das pessoas. “Nada é tão novo assim. Mudam as tecnologias, a forma de consumo, a maneira como as pessoas consomem, mas, na verdade, é uma contação de histórias (...). E hoje em dia o consumo de conteúdo em áudio aumentou muito, acredito eu que por conta do estilo de vida das pessoas e pela quantidade de conteúdo que nos é oferecido”, pondera a atriz.
“Para consumir conteúdo de áudio, digo isso por conta própria porque eu gosto muito de ouvir podcasts, você pode estar lavando louça, arrumando seu quarto, no trânsito, fazendo outra atividade. Como o tempo é muito corrido, você carrega o conteúdo no seu celular e coloca no fone de ouvido”, diz.
E a fórmula, no ponto de vista de Seu Jorge, deu certo: “O barato de série é que, quando o negócio é legal, o público pede mais temporadas. O público espera, maratona, escuta de novo. Todo dia tinha menção nas redes sociais das pessoas perguntando quando saía a segunda temporada”.
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Segunda temporada de “Paciente 63”
Quando: terça-feira, 8 de fevereiro
Onde: no Spotify
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