Berlinale surpreende ao manter edição de 2022 presencial
Festival de cinema de Berlim anuncia que programação terá público presente, apesar do momento crítico da pandemia. Seis produções brasileiras serão exibidas no primeiro dos grandes eventos europeus de cinema do anoOs organizadores da Berlinale, o festival de cinema de Berlim, confirmaram nesta quarta-feira, 19, que o festival ocorrerá em fevereiro em formato presencial, na mesma época em que está previsto o auge das infecções pela variante ômicron do coronavírus na Alemanha. O anúncio surpreendeu muitos observadores, que esperavam um evento online pelo segundo ano consecutivo em razão da pandemia de covid-19.
Entretanto, os diretores do festival, Mariette Rissenbeek e Carlo Chatrian, disseram que foi elaborado um plano juntamente com as autoridades de saúde da capital alemã. A estratégia inclui uma programação mais enxuta do festival, a obrigatoriedade da comprovação de vacinação ou de recuperação da covid-19 para os participantes e limites menores de público.
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"Optamos pelo festival em formato presencial porque realmente acreditamos que a experiência coletiva está no cerne de um festival de cinema", explicou Chartrian. O evento está marcado para ocorrer entre 10 e 20 de fevereiro, mas as exibições para jornalistas, críticos e participantes da indústria do cinema foram reduzidas para sete dias, seguidas de outros quatro para a apresentação dos filmes ao público geral.
Em pleno auge da pandemia
O anúncio foi feito no mesmo dia em que o país superou pela primeira vez a marca de 100 mil casos diários de covid-19, em meio à rápida disseminação da variante ômicron. O ministro alemão da Saúde, Karl Lauterbach, previu que o auge das infecções no país deve ocorrer justamente em meados de fevereiro. Os cinemas e teatros ainda estão abertos na Alemanha, mas a maioria dos eventos de grande porte foi cancelada. A ministra alemã da Cultura, Claudia Roth, disse na semana passada que o governo apoiou a realização do festival em modo presencial, de modo a impulsionar o setor cinematográfico.
"Queremos que o festival envie um sinal para toda a indústria cinematográfica, cinemas e frequentadores, e para a cultura, como um todo", afirmou. "Precisamos do cinema".
Destaques da 72ª edição da Berlinale
A Berlinale, o primeiro dos grandes festivais europeus de cinema do ano, também teve sua programação anunciada nesta quarta. No total, 18 filmes, de 15 países, vão competir pelas estatuetas do Urso de Ouro e de Prata. Entre eles estão obras dos cineastas franceses François Ozon e Claire Denis; da americana Phyllis Nagy e do italiano Paolo Taviani. Ozon, um dos diretores mais aclamados da França, abrirá o festival com "Peter von Kant", um remake do clássico de "Rainer Werner Fassbinder", estrelado por Isabelle Adjani.
Denis, uma das sete diretoras na competição principal, concorrerá com sua obra "Avec amour et acharnement" ("Both Sides of the Blade"), estrelado por Juliette Binoche e Vincent Lindon. Já "Call Jane", de Nagy, com Elizabeth Banks e Sigourney Weaver, gira em torno de um grupo de ativistas pró-aborto nos Estados Unidos, nos anos 1960. Taviani, que venceu a edição de 2012 da Berlinale com o filme "César deve morrer", lançará sua nova obra "Leonora Addio", sobre o assassinato de um imigrante siciliano no Brooklyn, em Nova York.
O júri do festival será presidido pelo cineasta indiano naturalizado americano M. Night Shyamalan ("Sexto sentido"). A lenda do cinema francês Isabelle Huppert receberá um Urso de Ouro honorário pelo conjunto de sua obra.
Presença brasileira
O Brasil também marca presença na 72ª edição da Berlinale. Apesar de ficar de fora da competição principal, o país será representado por seis filmes exibidos em mostras paralelas. A produção franco-brasileira "Fogaréu", de Flávia Neves, será exibida na mostra Panorama, a única do festival com uma premiação definida pelo público. Na Berlinale Shorts, de curta-metragens, será exibido "Manhã de Domingo", de Bruno Ribeiro. Na mostra Forum, estarão o filme luso-brasileiro "Mato seco em chamas", de Adirley Queirós e Joana Pimenta, e "Três tigres tristes", de Gustavo Vinagre. O curta "O dente do dragão", de Rafael Castanheira Parrode, será exibido na mostra Forum Expanded. Também será exibido no âmbito da Berlinale o curta "Se Hace Camino al Andar", de Paula Gaitán.
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