Literatura LGBTQIA+: mercado nacional expande espaço para livros e autores
A literatura LGBTQIA+ ganha espaço no mercado editorial com o crescimento da popularidade de autores e de suas respectivas obras> A nomenclatura "LGBTQIAP+" se refere a lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, intersexo, assexuais, pansexuais e todos os outros que integram a comunidade.
Em meio à Guerra de Troia - um dos maiores conflitos bélicos entre gregos e troianos, de acordo com a mitologia da Grécia Antiga -, existia uma história de amor. Quando Homero escreveu “Ilíada”, poema épico que se tornou marco da literatura ocidental, ele narrou a relação entre dois homens que viria a dividir opiniões de leitores dos séculos seguintes. Entre vários personagens, o poeta escreveu sobre Aquiles, um dos grandes guerreiros que tinha um laço profundo com Pátroclo. O primeiro era alguém descrito como insensível e, por vezes, arrogante. Mas mudava suas ações quando estava com seu melhor amigo de infância. Os dois nunca foram classificados explicitamente como amantes e mantinham relacionamentos com mulheres. Mas, para muitos estudiosos, os gregos, principalmente aqueles que moravam em regiões com maior liberdade sexual, como Atenas, os viam como um casal. Apesar das discussões para classificar o romance, uma das histórias fundadoras da literatura do Ocidente foi protagonizada - pelo menos na visão da Grécia Antiga - por dois homens que tinham relações amorosas.
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Desde “Ilíada”, datada de alguns séculos antes de Cristo, o mundo passou por várias transformações que tornaram um tabu todas as sexualidades e gêneros diferentes da heterossexual e do cisgênero. E, aqui no Brasil, um dos grandes marcos para a literatura LGBTQIA+ aconteceu em 1865, quando o cearense Adolfo Caminha (1867 - 1897) escreveu o livro “O Bom Crioulo”. Ao contrário da história de Homero, que deixa aberta a interpretações, a obra do escritor natural de Aracati é explicitamente uma relação homossexual. Amaro é um escravo que foge das explorações em uma fazenda e passa a trabalhar na Marinha de Guerra. No lugar, ele se apaixona por Aleixo, um jovem branco e marinheiro iniciante. Isso faz com que o protagonista mude de comportamento para proteger quem ama. O conteúdo, entretanto, reforça vários estereótipos racistas.
Décadas depois, durante a ditadura militar brasileira (1964 - 1985), uma mulher também merece destaque: Cassandra Rios (1932 - 2002), que, em plena repressão, abordava o erotismo e a homossexualidade feminina. Assumidamente lésbica e perseguida durante o período, foi a primeira autora brasileira a vender mais de um milhão de exemplares, superando grandes nomes da literatura na época, como Clarice Lispector (1920 - 1977) e Jorge Amado (1912 - 2001). Suas obras foram muitas: “Volúpia do Pecado” (1948), “A Breve História de Fábia” (1963), “As Mulheres do Cabelo de Metal” (1971) e “A Santa Vaca” (1978) são exemplos.
Nove mil anos depois de Homero, um século e meio após Adolfo Caminha e seis décadas posteriores à Cassandra Rios, a literatura LGBTQIA+ ganha força no mercado nacional e internacional com um público consumidor assíduo: os jovens. Há, por exemplo, livros com meninos se beijando na capa - em contraposição à censura do ex-prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella, que tentou proibir a circulação de livros que abordavam a identidade de gênero e as sexualidades que integram a sigla na Bienal do Livro de 2019. Há também obras de ficção especulativa (gênero que engloba ficção científica e fantasia), romances, mistérios e outros com protagonistas não-heterossexuais.
“O fato dos personagens serem LGBTQIA+ não necessariamente torna o livro do gênero LGBTQIA+. É uma coisa que precisa ser normalizada. Acho que, como a gente ficou muitas décadas e séculos sem representar essas pessoas, o natural é que, quando começou surgir literatura LGBTQIA+, ela foi muito focada em descoberta, em primeiro amor, em família, porque eram coisas que não existiam ainda. A gente tem que lembrar que, quando fazemos literatura para jovem, temos um papel social, porque aquele jovem, às vezes, está entrando em contato com palavras que nem ele mesmo tem, para explicar as situações da vida dele, para explicar onde ele se enxerga”, afirma Rafaella Machado, editora-chefe da Galera Record.
A editora, que há uma década busca uma maior pluralidade de narrativas, já lançou vários livros: “Will e Will: Um nome, Um Destino”, de John Green e David Levithan, e “Você Tem a Vida Inteira”, de Lucas Rocha, são alguns dos títulos. “Como o papel de uma editora jovem é caminhar junto com as novas gerações e a sociedade, a gente precisava ter narrativas de uma forma que todos os adolescentes e jovens se vissem refletidos nelas”, explica.
Outra editora focada em literatura para um público novo e que também defende a maior diversidade é a Seguinte, selo da Companhia das Letras. Por ela, já foram lançadas: “Heartstopper”, de Alice Oseman; “Enquanto não te encontro”, de Pedro Rhuas”; “Arlindo”, de Ilustralu; “Conectadas”, de Clara Alves e muitos outros. “A literatura para jovens, chamada de YA (young adult) sempre preservou muito pela representação e pela inclusão de diferentes identidades na própria literatura. A Seguinte incorporou isso no catálogo. Agora, essas obras estão ganhando mais foco, têm sido muito lidas e têm sido mais produzidas. À medida que jovens LGBTQIA+ leem essas histórias, veem livros ganhando mais sucessos, eles se sentem encorajados a escrever as próprias narrativas”, reflete Antonio Castro, editor da Seguinte.
Para Felipe Cabral, autor de "O Primeiro Beijo de Romeu", da Galera Record, as editoras brasileiras, em um contexto geral, começaram um movimento para incluir o protagonismo LGBTQIA+ em seus livros - tanto nos enredos, quanto nos autores. “É muito importante que esse movimento continue, que ele ganhe mais força ainda, porque acho muito bom que a gente possa olhar livros de não ficção resgatando a história do movimento LGBT, livros de poesia escritos por pessoas LGBTQIA+, livros que são mais adultos e mais pesados, ao mesmo tempo livros que são com protagonistas adolescentes. A gente está tendo uma diversidade muito grande, mas que ainda falta chegar em muitas outras letrinhas”.
Internet como divulgação
Esses livros obtiveram um ambiente favorável para a divulgação: a internet. Em plataformas como Tiktok, Instagram, Youtube e Twitter, influenciadores digitais abordam a literatura com protagonistas LGBTQIA+ e movimentam um mercado que sai do digital para o físico. “Existe um crescimento dessa literatura em comunidades, por exemplo, como o Booktok, em que se fala muito sobre esses livros. E o Tiktok tem uma conversão de leitores para nós. Muitos dos livros falados no Tiktok são de histórias LGBTs. Isso é bacana porque o foco virou para essas histórias. Há livros que foram publicados há algum tempo e que retornam com maiores vendas por causa da rede social”, caracteriza Antonio Castro.
Segundo ele, muitos jovens utilizam as plataformas digitais como uma maneira de manter a comunidade leitora unida. “Um exemplo disso é a própria Bienal do Livro. O que um ‘booktoker’ fala é levado muito a sério pelas pessoas que os seguem. É uma conversa que não fica só entre eles. É muito legal quando um livro que a gente gosta começa a ser divulgado”, diz. Um dos principais influenciadores é Patrick Torres (@patzzic), um jovem negro com mais de 280 mil seguidores no Tiktok. Outro é Pedro Pacífico (@book.ster), um homem abertamente gay que reúne 330 mil seguidores em seu Instagram. Ambos defendem uma literatura acessível e plural.
Além desse processo de divulgação, alguns autores surgiram com a internet. É o caso, por exemplo, de Clara Alves, que começou escrevendo obras na plataforma do Wattpad e em comunidades do Orkut. Agora, já planeja o segundo romance que sairá pela Editora Seguinte em 2022. Pedro Rhuas também mantém uma relação direta com seu público nas redes sociais. Essa permanência na internet surge como uma maneira de alcançar pessoas que buscam literatura LGBTQIA+.
Literatura no Nordeste
Um dos nomes proeminentes do mercado nacional em relação à literatura LGBTQIA+ é o escritor Pedro Rhuas. Ele é o responsável pelo livro "Enquanto Não Te Encontro", publicado pela Editora Seguinte, que acompanha o relacionamento de dois homens em meio ao cenário de Natal, no Rio Grande do Norte. Para o próximo ano, está com planos para lançar uma nova obra literária. Confira entrevista:
O POVO: Como surgiu a ideia de “Enquanto não te encontro” e o que lhe levou a escrever essa história?
Pedro Rhuas: A trama de “Enquanto eu não te encontro” surgiu na minha mente quando eu tinha 19 anos. Assim como o protagonista do livro, eu era um adolescente gay saindo do interior para desbravar a vida universitária na capital. A maior parte dos dilemas do livro foram enfrentados por mim naquele período, então a história nasce parte como diário, parte como dramatização. Isso vai mudando com o tempo a partir do ponto em que ganho distanciamento da narrativa — a primeira versão, independente, foi publicada em 2020, quatro anos depois de ter começado o livro em 2016. A motivação era essa: me enxergar em uma literatura Young Adult que nunca havia me contemplado como nordestino e LGBTQIAP+.
O POVO: “Enquanto não te encontro” foi seu romance de estreia. Pode contar um pouco sobre o processo de produção do livro?
Pedro Rhuas: Imagine um jovem de 19 anos buscando entender sua escrita e com muita fome de histórias. Meu processo criativo surge assim: vivendo, saindo para festas, conhecendo a vida universitária, me descobrindo… Eu experimentava a vida e depois passava um pouco dessas revelações para a literatura. Isso em um primeiro momento, quando o rascunho inicial foi finalizado. Essa jornada ainda durou mais quatro anos, entre idas e vindas, com um autor que amadurecia a cada passo do processo. Foi bastante divertido e assustador em alguns momentos, porque eu desacreditava bastante que essa história — com todo ineditismo dela em termos de representatividade — fosse um dia publicada.
O POVO: O livro aborda não somente o romance entre dois homens, como também acontece em Natal. Qual a importância de trazer esse destaque para a literatura LGBTQIA+, ao mesmo tempo que demonstra aspectos da cultura do Rio Grande do Norte, um estado nordestino?
Pedro Rhuas: Se o relacionamento homoafetivo que perpassa “Enquanto eu não te encontro” é um dos aspectos mais lindos da história, a representação regional é, para mim, a mais importante delas. Eu sempre fui um apaixonado por literatura jovem comercial, mas essa produção, majoritariamente estrangeira no contexto do mercado editorial tradicional, raramente contemplava o Nordeste. Por isso, eu nunca me via. Meu sotaque, minhas expressões, meu clima, meu povo… Onde estava tudo isso? Trazer o Rio Grande do Norte e o Nordeste para o centro da ambientação dessa narrativa é sair de um não-lugar para um lugar de protagonismo, possibilitando que jovens nordestines encontrem casa nos livros e sejam lembrades de seu valor e existência!
O POVO: Muitos dos escritores atuais estão nas redes sociais e divulgam seu trabalho nessas plataformas. Você, inclusive, mantém uma relação próxima com os leitores em suas redes sociais. Como esses canais de comunicação se tornam ferramentas para a divulgação da literatura LGBTQIA+?
Pedro Rhuas: As redes sociais são os principais instrumentos para ecoarmos nossas histórias em um contexto de relações essencialmente virtualizadas. O público jovem é um público ultra conectado, que está no Twitter, no TikTok, no Instagram… O diálogo com este público perpassa a utilização das redes, pois é a maneira mais efetiva de abrir conversas e criar um senso de comunidade essencial nestes tempos de isolamento. Através das redes, conseguimos explodir algumas bolhas, como foi o caso de “Enquanto eu não te encontro”, que viralizou no TikTok e ganhou um alcance nacional surpreendente.
Literatura X Conservadorismo
Uma situação foi ponto-chave para a mudança na visão de várias editoras brasileiras: a tentativa de censura do ex-prefeito Marcelo Crivella durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, em 2019. Na época, ele tentou proibir a circulação do romance gráfico “Vingadores, a cruzada das crianças” por causa de um beijo entre dois homens. Após isso, o público se manifestou nos corredores do evento, houve o aumento da procura por livros com representatividade LGBTQIA+, editoras lançaram notas de repúdio e pessoas de outras regiões também se comoveram com o caso.
A proibição causou um efeito contrário. “O principal aprendizado no mercado editorial depois da tentativa de censura do Crivella, nos últimos dois anos, foi perceber a importância que a literatura tem para a resistência. Acho que aprendemos da pior forma que precisamos lutar pela ciência, pela arte, pela literatura, porque senão essa parcela da população vai ser a primeira a ser atacada por esses sistemas totalitários”, defende a editora Rafaella Machado.
“Fico muito feliz de saber que é uma literatura que está vingando, que está ganhando cada vez mais espaço e que a tentativa de censura do Crivella foi um tiro pela culatra, porque só aumentou o espaço e o investimento que as editoras passaram a dar para a literatura brasileira LGBT”, ressalta. Para ela, não é uma coincidência que essa literatura tenha aumentado durante o período atual. “Se, de alguma forma, a gente tem como combater a situação que estamos agora, que é extremamente homofóbica e preconceituosa, é botando cada vez mais livros assim nas ruas para que entrem nas casas das pessoas e comecem conversas importantes, para que menos gerações fiquem no armário durante anos e anos, para que a gente fale sobre direitos humanos e sobre os problemas que estavam sendo colocados debaixo do tapete há gerações”.
Esse é o mesmo ponto de vista compartilhado por Antonio de Castro. De acordo com o editor, perceber a resposta das pessoas diante de uma atitude conservadora foi importante para o mercado. “No momento que a gente está, de autoritarismo, de movimentos conservadores, é importante a gente lembrar de todas as maneiras que podemos recorrer para não invisibilizar essas histórias. Acho que, a partir daquela Bienal do Livro, a gente assistiu a um crescimento. Acho que foi um momento bacana, porque essa literatura entrou em foco”, afirma ele.
Mas ainda há um caminho a se percorrer: os dois ressaltam a necessidade de ler mais narrativas das outras letras da comunidade LGBTQIA+. E, após vários livros abordarem o processo de autoconhecimento e de autoaceitação acerca da sexualidade durante a adolescência e o início da vida adulta, a tendência é que esses protagonistas obtenham presença em gêneros literários diversos. Personagens gays, lésbicas, trans, bissexuais, assexuais e todos os outros ganharão (como também já ocupam) espaços em histórias de humor, ficção científica, fantasia, etc.
Caminhos de Clara Alves
A escritora Clara Alves começou sua trajetória profissional na internet, uma maneira que se torna cada vez mais recorrente no mercado editorial. A carioca escreveu seu primeiro livro quando ainda era uma criança, aos 8 anos, mas foi somente na adolescência que conheceu os antigos fóruns do Orkut. Ali, investiu em seu sonho e migrou para a plataforma do Wattpad, um aplicativo para compartilhar histórias no meio digital. Ela já publicou seu primeiro livro “Conectadas”, pela Seguinte, e prevê uma segunda publicação com a editora em 2022. Em entrevista para O POVO, ela fala sobre sua trajetória e suas perspectivas sobre o mercado.
O POVO: Você é uma escritora que começou seu trabalho na internet, com publicação de histórias no Wattpad. Como esse processo lhe auxiliou na publicação com uma grande editora, como a Seguinte, e na construção de um público leitor?
Clara Alves: Toda a minha trajetória como escritora independente me ajudou a chegar aonde cheguei. A começar pelo fato de que, durante dez anos, pude desenvolver minha escrita, que com certeza era muito amadora quando comecei, sem a pressão que uma publicação tradicional coloca na gente. Recebi feedbacks enquanto escrevia, brinquei com a minha escrita e fui me aperfeiçoando enquanto, em paralelo a isso, formava minha base de leitores e construía minha imagem pública como escritora. Quando a Increasy me convidou para ser agenciada, entrei num outro processo de maturidade profissional. Aprendi a ter meus textos opinados por alguém mais experiente, a pensar nos meus livros também como um produto. E fui amadurecendo como escritora até o momento em que a Seguinte pediu para ler meu manuscrito. Entender o mercado, me entender como escritora, já ter uma base de leitores formada durante todos aqueles anos com certeza fizeram diferença na decisão da editora de contratar meu livro.
O POVO: “Conectadas” foi um livro publicado em 2019, mas que até hoje tem grande repercussão em eventos e entre leitores. Você pode falar um pouco sobre como foi o processo de idealização dessa obra?
Clara Alves: “Conectadas” era uma história que vinha falando comigo há alguns anos. Depois de ter visto um drama coreano em que um cara se apaixona por uma garota acreditando ser um garoto, eu lembro de ter pensado: essa história seria tão mais interessante se ele tivesse se apaixonado por um garoto que na verdade era uma garota. Eu estava começando a me entender como uma garota bissexual e estava nesse processo de perceber quantas histórias LGBTQIAP+ poderiam estar sendo contadas se vivêssemos num mundo mais igualitário. E aquele pensamento ficou matutando na minha cabeça, até que um dia, no ônibus, me veio a ideia de juntar isso às histórias que eu conhecia dos fakes do Orkut, que foi algo que vivi quando era adolescente. Por algum tempo, a história ficou só no plano das ideias, meio que germinando dentro de mim, sabe? Mas aí, em setembro de 2018, minha agente comentou que teria reunião com algumas editoras na semana seguinte. Até aquele momento, todas as histórias que eu tinha eram publicadas on-line, e eu sabia que isso dificultava bastante o interesse das editoras. Então sugeri a ela pensar numa história inédita para apresentar. Foi quando peguei todas as ideias que eu tinha para “Conectadas” e comecei a juntar o quebra-cabeça.
O POVO: Cada vez mais literatura LGBTQIA+ vem sendo lançada no Brasil. Em contrapartida, vivemos um período conservador no Brasil com os políticos que estão no poder. Qual a importância de aumentar essa representatividade no mercado literário e criar um espaço para leitores se sentirem representados neste momento em que vivemos?
Clara Alves: A arte sempre foi uma das formas de luta mais subversivas. Em todos os períodos sombrios da história, era ela a primeira a ser censurada, banida, perseguida. Então é claro que é muito poderoso usar a literatura como forma de ir contra esse período conservador. E mais poderoso ainda é ver o quanto a nossa literatura LGBTQIAP+ cresceu durante esse período. Que essa minoria não é tão pequena assim. Que quando nossas mensagens são passadas e ouvidas, nossas vozes são transformadoras e podem gritar muito mais alto do que as tentativas de nos silenciar.
O POVO: E qual a importância de falar para um público jovem?
Clara Alves: Ser jovem não é fácil. A adolescência é um período conturbado por si só, e ainda mais difícil quando se é um jovem queer. Mas quando você abre um livro e lê a história de alguém que sente as mesmas coisas que você sente, que passa pelo mesmo que você passa, tudo parece ficar mais fácil de alguma forma. Porque você percebe que não está sozinho. A literatura jovem tem esse poder: de estender a mão para quem está precisando. De fazer os jovens se entenderem e evitarem traumas que as gerações passadas foram obrigadas a passar por sempre serem tratados como errados, fora do padrão. E mais do que tudo: de formar uma nova geração mais aberta e menos intolerante.
O POVO: Você já tem um livro planejado para publicar pela Seguinte em 2022. Que detalhes podemos saber sobre a obra? Qual a previsão de lançamento?
Clara Alves: Sim! E eu estou muito animada! O livro está previsto para ser lançado no final do primeiro semestre de 2022 e conta a história de uma brasileira chamada Dayana que está sendo obrigada a mudar para Londres após a morte da mãe e viver com o homem que a abandonou. O que ela não imagina é que essa mudança vai envolver uma ruiva charmosa que tem uma relação misteriosa com a família real britânica...
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